quinta-feira, 2 de junho de 2022

Células imunitárias misteriosas encontradas em humanos pela primeira vez !


Enquanto tentavam mapear as células do corpo humano, investigadores descobriram um tipo de célula imune que emerge pela primeira vez no útero.

A existência destas células imunitárias no ser humano tem sido debatida incansavelmente — até agora.

Estas misteriosas células, conhecidas como células B-1, foram descobertas pela primeira vez em ratos na década de 1980, de acordo com uma estudo de 2018, publicado no The Journal of Immunology.

Estas células surgem no início do desenvolvimento do rato, no útero, e produzem vários anticorpos quando são ativadas.

Alguns destes anticorpos fixam-se nas próprias células do rato e ajudam a limpar as células mortas e moribundas do corpo, segundo a Live Science.

As células B-1 ativadas também produzem anticorpos que atuam como uma primeira linha de defesa contra agentes patogénicos, como vírus e bactérias.

Após a descoberta de células B-1 em ratos, um grupo de investigação relatou em 2011 que tinham encontrado células equivalentes em humanos, mas estes resultados não foram aceites como prova conclusiva.

“Naquela altura, nem todos concordavam com o nosso perfil de células B-1 humanas”, sublinhou Thomas Rothstein, docente e autor do estudo de 2018.

Agora, um novo estudo publicado a 12 de maio na revista Science, prova que as células B-1 emergem no desenvolvimento humano precoce, no primeiro e segundo trimestres.

“Confirma e amplia o trabalho que publicámos anteriormente”, realça Rothstein, que não esteva envolvido na nova investigação.

Nicole Baumgarth, professora no Centro de Imunologia e Doenças Infecciosas da UC Davis, acredita “que estes são os dados mais conclusivos até agora”, apoiando a ideia de que os humanos transportam células B-1.

Em teoria, estas células podem desempenhar papéis críticos no desenvolvimento inicial e, ao estudá-las mais detalhadamente, os investigadores podem melhorar a sua compreensão sobre o desenvolvimento saudável do sistema imunitário nos humanos, acrescenta Baumgarth.

A nova investigação foi publicada juntamente com o resultado de três outros estudos recentemente realizados pelo consórcio Human Cell Atlas (HCA), um grupo de investigação internacional que trabalha para determinar a posição, função e características de cada tipo de célula no corpo humano.

Juntos, os quatro estudos — todos publicados a 12 de maio na Science — incluem análises de mais de 1 milhão de células humanas, representando mais de 500 tipos celulares distintos retirados de mais de 30 tecidos diferentes.

“Pode-se pensar nisso como um Google Maps do corpo humano, e é realmente esse mapeamento das células individuais e onde elas se sentam nos tecidos que pretendemos”, explicou Sarah Teichmann, também autora do estudo.

Ao ajudar a construir este atlas do corpo humano, os investigadores concentraram os seus esforços nas células imunitárias e, em particular, nas células imunitárias que emergem durante o desenvolvimento humano inicial.

Foi através deste foco que descobriram provas de células B-1 humanas. “O que mostramos é que elas existem de facto nos seres humanos”, realçou Teichmann.

As análises apresentavam células de nove tecidos em desenvolvimento, tais como o timo, uma glândula que cria células imunitárias e hormonas, e o saco vitelino embrionário, uma pequena estrutura que nutre o embrião no início da gravidez.

Todas as amostras de tecido analisadas pela equipa vieram do Human Developmental Biology Resource, um banco de tecidos no Reino Unido que armazena tecidos embrionários e fetais humanos, com autorização escrita dos doadores. Também foram incorporados dados disponíveis de estudos anteriores.

No total, os dados abrangeram um período inicial de desenvolvimento que variou entre quatro a 17 semanas pós-fertilização, dentro do primeiro e segundo trimestres.

Os investigadores tiraram fotografias de alta resolução destes tecidos, numa escala de 0,001 polegadas, mais fina do que um cabelo humano, referiu Teichmann.

Ao nível de cada célula em separado, a equipa analisou todas as “transcrições de RNA” no tecido, que refletem as diferentes proteínas que cada célula produz.

Através destas transcrições, os investigadores conseguiram recolher informação sobre a identidade e função de cada célula.

Esta análise detalhada permitiu à equipa detetar células que correspondiam à descrição de células B-1 encontradas em ratos, tanto em termos dos seus atributos, como do momento do seu aparecimento.

“No sistema do rato, as células B-1 surgem cedo — surgem primeiro”, afirmou Rothstein. Um tipo diferente de célula imune, chamada B-2, emerge depois das primeiras células B-1 e torna-se a forma mais abundante de célula B no rato.

O novo estudo sugere que algo semelhante acontece nos humanos, onde as células B-1 surgem e são mais abundantes no desenvolvimento precoce, acrescenta.

Estas células podem ajudar a esculpir novos tecidos à medida que se formam num ser humano em desenvolvimento, sustenta Teichmann.

“Quando se pensa no desenvolvimento fetal, em geral, há uma remodelação grande de tecidos que acontece constantemente”, indica Baumgarth.

Por exemplo, os humanos desenvolvem inicialmente teias entre os dedos, mas estas teias são aparadas de volta antes do nascimento.

Pode ser que as células B-1 ajudem com esse corte de tecido durante o desenvolvimento, mas “isso é especulação, da minha parte“, defende.

Para além de esculpir tecidos, as células B-1 podem fornecer algum nível de proteção imunitária contra agentes patogénicos suficientemente pequenos para atravessar a barreira placentária, acrescenta Baumgarth. Mais uma vez, é apenas especulação.

O novo estudo melhora a compreensão de como as células B-1 se desenvolvem inicialmente e pode dar início a futuros estudos sobre o modo como as células funcionam mais tarde na vida, conclui Rothstein.

https://zap.aeiou.pt/celulas-imunitarias-misteriosas-encontradas-em-humanos-478850


Nem todas as mutações genéticas são más - Uma delas dá-nos super inteligência !


Quando os genes neuronais sofrem mutações, podem ocorrer doenças graves do sistema nervoso humano. Mas nem tudo são más notícias. Um novo estudo mostra efeitos positivos destas mutações.

Um estudo publicado em janeiro deste ano na revista Brain mostra que a mutação de um gene neuronal pode ter um efeito positivo: um QI extremamente elevado.

Investigadores da Universidade de Leipzig e da Universidade de Würzburg utilizaram moscas da fruta para demonstrar como, para além do efeito negativo, a mutação de um gene neuronal pode ter um efeito positivo nos humanos — inteligência extremamente elevada.

As sinapses são os pontos de contacto no cérebro através dos quais as células nervosas “falam” umas com as outras.

As perturbações nesta comunicação levam a doenças do sistema nervoso, uma vez que proteínas sinápticas alteradas, por exemplo, podem prejudicar este complexo mecanismo molecular.

A deficiência pode resultar em sintomas ligeiros, mas também em deficiências muito graves nas pessoas afetadas.

De acordo com a Phys.Org, uma publicação científica recente sobre uma mutação que danifica uma proteína sináptica despertou o interesse dos neurobiólogos Tobias Langenhan e Manfred Heckmann, das Universidades de Leipzig e Würzburg, respetivamente,

Os dois cientistas notaram que, de acordo com o estudo, os pacientes com manifestações dessa mutação tinham também uma inteligência acima da média.

“É muito raro que uma mutação leve a uma melhoria em vez de perda de função”, diz Langenhan.

Os neurobiólogos têm vindo a usar moscas da fruta para analisar funções sinápticas há muitos anos.

No seu novo estudo, Langenhan e Heckmann introduziram no gene correspondente de moscas da fruta as mutações encontradas no pacientes humanos, e usaram técnicas como a electrofisiologia para testar o que acontecia às sinapses das moscas.

“Testámos assim a ideia de que a mutação torna os pacientes mais inteligentes porque melhora a comunicação entre os neurónios que envolvem a proteína lesada”, explica Langenhan. 

“Claro que não se podem realizar estas medições nas sinapses no cérebro dos pacientes humanos. Para tal, é necessário utilizar modelos animais”, acrescenta o neurobiólogo.

Grande parte dos genes que causam doenças em humanos também existem em moscas da fruta, cujas proteínas têm também uma estrutura molecular semelhante à do Homem — o que é essencial para se estudar nas moscas as mudanças no cérebro humano.

“Estes insetos são geneticamente muito semelhantes aos humanos. Estima-se que 75% dos genes que envolvem doenças no ser humano também se encontram na mosca da fruta”, explica Langenhan.

Os neuroiólogos observaram que os animais com a mutação mostraram um aumento significativo da transmissão de informação entre sinapses.

“Este efeito surpreendente sobre as sinapses da mosca é provavelmente encontrado da mesma forma ou de forma semelhante em pacientes humanos, e poderia explicar o seu maior desempenho cognitivo“, diz Langenhan.

Os cientistas descobriram também como ocorre o aumento da transmissão nas sinapses: nas moscas com a mutação, os componentes moleculares nas células nervosas transmissoras que desencadeiam os impulsos sinápticos encontravam-se mais próximos uns dos outros.

“O nosso estudo demonstra maravilhosamente como um animal extraordinário como a mosca da fruta pode ser utilizado para obter uma compreensão muito profunda da doença cerebral humana”, conclui Langenhan

https://zap.aeiou.pt/nem-todas-as-mutacoes-geneticas-sao-mas-uma-delas-da-nos-super-inteligencia-478183



Cientistas descobrem “fósseis aquáticos” gigantes debaixo dos glaciares da Antártida !


A água em questão é também mais um perigo para o aumento do nível das águas do mar que se antecipa com as alterações climáticas.

Debaixo dos enormes glaciares da Antártida, há também uma enorme quantidade de água, de acordo com um novo estudo publicado na Science. O sistema de lençóis freáticos encontra-se em sedimentos profundos na Antártida Ocidental e é provável que tenha a consistência de uma esponja molhada composta por sedimentos porosos e água.

A descoberta revela uma parte pouco explorada da região e pode ter implicações em como o continente reage à crise climática, nota o Interesting Engineering. “As pessoas já sugeriram que podem haver lençóis freáticos profundos nestes sedimentos, mas até agora, ninguém conseguiu uma imagem detalhada”, revela a autora do estudo Chloe Gustafson, num comunicado de imprensa.

“A quantidade de lençóis freáticos que encontramos foi tão significativa que é provável que influencie processos de correntes de gelo. Agora temos de descobrir mais e entender como incorporamos isso nos modelos”, acrescenta

Este estudo também deixa alguns alertas sobre a crise climática, com os cientistas a avisarem que as bacias sedimentares estão atualmente abaixo do nível da água do mar, o que significa que se o gelo à superfície começar a regredir devido ao aquecimento global, as águas dos oceanos podem voltar a invadir os sedimentos, o que pode levar a que o nível de água aumente mundialmente.  

A equipa usou uma técnica chamada imagem magnetotelúrica para encontrar os sedimentos debaixo do gelo durante um período de seis semanas em 2018. Os cientistas depois estudaram uma área com uma largura de 97 quilómetros que pertencia à corrente Whillans Ice Stream, uma das poucas que alimenta a Ross Ice Shelf — uma das maiores do mundo.

“A Antártida tem 57 metros de potencial subida do nível das águas, por isso queremos ter a certeza de que estamos a incorporar todos os processos que controlam o fluxo de gelo do continente até aos oceanos. Os lençóis freáticos são atualmente um processo que falta nos nossos modelos do fluxo do gelo”, revela Gustafson num email enviado à CNN.

https://zap.aeiou.pt/sistema-leicois-freaticos-gigante-477772


Marte tem uma nova cratera com apenas um par de anos !

Marte é uma verdadeira caixinha de surpresas: estão sempre a acontecer mudanças no planeta devido a fatores como variações sazonais e vento. Agora, cientistas concluíram que uma nova cratera de impacto parece ter-se formado há poucos anos na superfície do Planeta Vermelho.

Os investigadores chegaram a esta conclusão depois de compararem duas imagens da região produzidas em 2018 e 2020 pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO).

Em 2018 não havia qualquer indício de uma cratera naquela local, ao passo que a imagem de 2020, tirada a 24 de julho, revela a formação.

Para já, ainda não há dados sobre o tamanho da cratera ou detalhes sobre a sua profundidade. Segundo a equipa do instrumento High Resolution Imaging Science Experiment (HiRISE), serão essenciais imagens de acompanhamento (como a que rendeu a identificação da formação) para recolher medidas e identificar os compostos presentes, como o gelo, por exemplo.

Segundo o Universe Today, a cratera localiza-se perto do equador de Marte. Há grandes áreas cobertas por poeira em toda a região, pelo que, apesar de a fotografia mostrar algumas formações claras e brilhantes espalhadas pela cratera, é pouco provável que estas estruturas sejam formadas por gelo.

A fotografia resulta do uso de vários filtros, aplicados para destacar as formações minerais em Marte através de cores diferentes daquelas que os nossos olhos veriam.

O método torna-se necessário porque a HiRISE estuda o Planeta Vermelho num comprimento de onda diferente do espectro eletromagnético, e dá destaque às características entre diferentes materiais e texturas.

De acordo com o portal, através dos dados de instrumentos como a HiRISE, os cientistas estimam que a superfície marciana é atingida por, aproximadamente, 200 impactos por ano, sendo que a maioria deles é causada por pequenos objetos.

A Mars Reconnaissance Orbiter estuda a atmosfera e a superfície de Marte desde 2006, atuando também como uma estação de transmissão de dados para outras missões.

Recentemente, a NASA concedeu uma nova extensão à missão da MRO, que vai investigar a evolução da superfície do planeta, a sua geologia e atmosfera, entre outras características.

https://zap.aeiou.pt/nova-cratera-em-marte-2-478038


Naves espaciais enviadas da Terra podem ser um “artefacto extraterrestre” !


Apenas 5 naves espaciais da Terra estão a sair do nosso sistema solar e nenhuma está direcionada para um sistema estelar em específico. Mesmo se assim fosse, não alcançariam outro sistema estelar durante dezenas de milhares — ou centenas de milhares — de anos.

Avi Loeb, astrónomo de Harvard, defende que Oumuamua, um objeto interestelar que passou pelo nosso sistema solar em outubro de 2017, foi enviado por extraterrestres.

O astrónomo ponderou se os alienígenas criaram o nosso universo num laboratório e, no mês passado, sugeriu que o meteoro de 2014 que atingiu o Oceano Pacífico era composto por tecnologia extraterrestre.

A 27 de abril de 2022, enviou um e-mail à EarthSky com uma analogia que explicava como qualquer uma das nossas naves espaciais pode ter colidido com outro mundo, criando um “artefacto extraterrestre” para uma civilização distante.

Loeb explicou à EarthSky que o meteoro de 2014 pode ter vindo, possivelmente, de fora do nosso sistema solar, antes de aterrar no Pacífico.

O astrónomo quer criar uma equipa para procurar o que resta do meteoro, porque acredita que existe a possibilidade de ser tecnologia alienígena.

Para provar o seu ponto de vista, Loeb partilhou uma analogia — neste caso, uma história inventada — baseada em alguns factos históricos sobre o meteoro de 2014.

Utilizou o exemplo da nave espacial New Horizons da NASA, que visitou Plutão em 2015, e está agora a sair do nosso sistema solar, para descrever o que uma nave espacial terrestre pode parecer num mundo extraterrestre.

“Imaginem que a nave espacial New Horizons continua na sua viagem interestelar durante mil milhões de anos e acaba por chocar com um planeta habitável, em torno de uma estrela distante”, começa por relatar.

Até lá, seria apenas “um pedaço de lixo espacial composto por elementos pesados com uma cratera de superfície rugosa, com numerosos impactos de poeira interestelar, gás e partículas de raios cósmicos”, prossegue.

“Agora imaginem os astrónomos naquele exoplaneta a descobrir este lixo tecnológico, à medida que ele se aproxima da sua estrela-mãe, que ilumina a escuridão à sua volta. Usam o seu telescópio mais avançado para vigiar o céu em busca de objetos que possam ter impacto no seu planeta, um sistema de alerta para evitar catástrofes a partir de rochas espaciais”, continua Loeb.

“Mas este objeto não parece comportar-se como um asteroide ou cometa comum. Em particular, o objeto não tem cauda. No entanto, parece ser afastado da estrela por uma força que decresce inversamente com a distância ao quadrado, devido à pressão de radiação da estrela nas suas paredes”, sublinha o astrónomo.

“Depois de haver um debate sobre as anomalias deste objeto, um dos peritos em rochas espaciais declara: ‘Este objeto é tão estranho, que eu desejava que nunca tivesse existido'”, pressupõe.

“Outros peritos optam por escrever um artigo de revisão numa revista prestigiosa e argumentam que este deve ser um objeto natural e não há razão para suspeitar de mais nada, com base no seu vasto conhecimento sobre as rochas espaciais”, acrescenta Loeb.

“Meses mais tarde, uma equipa de outros especialistas argumenta que este objeto é uma rocha de um tipo que nunca tinham visto antes, nomeadamente um iceberg de hidrogénio, e é por isso que a cauda é invisível. Outra equipa sugere que o objeto é um conjunto de pó, empurrado pela luz. E uma terceira equipa de peritos argumenta que deve ser um iceberg de azoto, lascado da superfície de um planeta distante“.

“O consenso entre todos os peritos é que, embora o objeto esteja em rota de colisão com o seu planeta, nada deve ser feito para desviar a sua trajetória, porque todas as explicações prováveis para a sua origem implicam que o objeto arderá rapidamente na atmosfera do planeta, e nada sobreviverá para danificar a superfície”, realça.

“Os satélites governamentais mais sofisticados monitorizam o mergulho do objeto na atmosfera. Argumentam que os seus dados podem decidir qual das três explicações dos peritos é a correta, com base na rapidez com que o objeto arde”, nota Loeb.

“À medida que a New Horizons choca com a atmosfera do planeta, desafia todas as expectativas. A bola de fogo ocorre a uma altitude muito mais baixa do que o esperado”, indica o astronauta.

“A curva da luz do meteoro na atmosfera inferior implica que a composição do meteoro era muito mais dura do que uma rocha comum. A sua resistência material é muito maior do que a de qualquer meteorito pedregoso”, lê-se na analogia.

“A comunidade astronómica recusa-se a acreditar nos dados do governo, porque não incluem incertezas de medição. Estas incertezas são classificadas para fins de segurança nacional, porque os sensores utilizados para recolher os dados são classificados”, prossegue.

“Após três anos, o governo emitiu uma carta, juntamente com a curva de luz da bola de fogo, declarando que a composição do objeto é altamente invulgar. Em resposta, os peritos são amplamente citados nos jornais como dizendo que uma carta do governo não é a forma como a ciência é feita e, uma vez que os dados reais são classificados, nunca saberão o que isso significa“, continua Loeb.

“Mas um pequeno grupo de cientistas decide procurar fragmentos do meteorito no fundo do oceano, que possam ter sobrevivido à bola de fogo. Enquanto conduzem a expedição, encontram no fundo do oceano uma pequena caixa que foi presa à nave espacial New Horizons”.

“A caixa contém trinta gramas das cinzas de Clyde Tombaugh, um ‘humano’ que descobriu um planeta chamado ‘Plutão’. Concluem imediatamente que o meteoro interestelar deve ter sido uma relíquia tecnológica de uma chamada ‘civilização humana’ que o lançou, há um bilião de anos atrás”, prevê o astronauta.

“E também argumentam que esta ‘civilização humana’ não foi particularmente inteligente porque destruiu a informação genética sobre a pessoa que pretendia comemorar. O ADN de Tombaugh foi queimado em cinzas que não são diferentes das cinzas de um cigarro. Isto implica um ritual primitivo que faz pouco sentido para uma comunidade inteligente baseada na ciência”, realça Loeb.

“‘Se os humanos ainda estiverem por aí, não queremos ter nada a ver com a sua mentalidade destrutiva’, concluem eles no seu relatório. Fim da história”.

A analogia de Loeb para o meteoro interestelar de 2014 é, em parte, uma resposta para os seus críticos.

O astronauta recria a nossa própria nave espacial interestelar a alcançar outro mundo, milhares de anos depois de ser lançada. Quastiona que se isto pode acontecer em qualquer outro mundo, porque não no nosso?

“A história está baseada em factos. Quem me conhece, sabe que eu não gosto de ficção científica”, conclui Avi Loeb.

https://zap.aeiou.pt/naves-espaciais-artefacto-extraterrestre-477777


terça-feira, 31 de maio de 2022

Medicamentos já existentes podem revolucionar o tratamento do cancro !


Novos avanços nas descobertas do cancro, revelam que medicamentos já existentes podem limitar a propagação da doença.

De acordo com a Genomics, o tratamento do cancro pode ser revolucionado com tratamentos já existentes.

O estudo foi publicado em fevereiro deste ano, na Acs Publications.

Tratamentos que são utilizados para tratar a depressão e as doenças cardíacas, poderiam inverter as principais alterações nas células cancerígenas — que estão associadas à sua capacidade de propagação.

A capacidade das células cancerígenas se propagarem — metástase — a outras partes do corpo, é notoriamente difícil de tratar, e é a principal causa de morte, o que significa que o diagnóstico e tratamento precoces são indispensáveis.

O cancro começa quando certas alterações ocorrem dentro dos genes, no interior do núcleo de uma célula: o centro de comando da célula que contém o ADN.
O aumento da Metástase

As células cancerosas, quando examinadas através de um microscópio, parecem normais. Há mais de 150 anos que os cientistas utilizam alterações no tamanho do núcleo da célula para diagnosticar o cancro e a sua gravidade.

Em muitos tipos de cancro, estas alterações de tamanho estão ligadas ao aumento das metástases, reduzindo as hipóteses de sobrevivência. No entanto, poucos tratamentos visam especificamente a metástase.

Num novo estudo, investigadores das Universidades de Edimburgo, Montreal, e Finlândia examinaram no laboratório medicamentos que inverteram as alterações do tamanho do núcleo das células de três cancros — próstata, cólon e pulmão.

O estudo analisou medicamentos cancerígenos existentes, mas também revelou medicamentos não utilizados anteriormente no tratamento do cancro, incluindo os fármacos usados para a depressão, doenças cardíacas e para matar vermes parasitas.

Enquanto cada medicamento identificado precisa de ser testado para verificar se é eficaz na redução da metástase em doentes com cancro, o rastreio identificou mais de uma dúzia de fármacos que podem revelar-se eficazes para cada um dos três cancros.

Como os medicamentos podem combater tipos específicos de células cancerosas e não são tóxicos, poderiam ser adicionados aos tratamentos existes para reduzir as metástases sem aumentar ainda mais os efeitos secundários tóxicos existentes no tratamento de quimioterapia.

Na questão da reversão das alterações de tamanho dos núcleos, os investigadores descobriram que em cada tipo de cancro, um conjunto diferente de medicamentos poderia alterar o tamanho do núcleo na direção oposta como as alterações associadas a um aumento da metástase.

Os investigadores identificaram uma relação entre o aumento do das metástases e o aumento de cancro de mama e próstata, mas notaram uma relação inversa no caso do cancro de pulmão, associado a uma diminuição das metástases.

A investigação sobre as causas da metástase ainda está a decorrer, mas surge quando as células cancerígenas se separam do tumor original e viajam através da corrente sanguínea para outras partes do corpo.

É provável que cenários semelhantes para outros tipos de cancro identifiquem outros medicamentos com potencial para combater tipos específicos de cancro e reduzir a metástase, ao mesmo tempo que limitam os efeitos secundários tóxicos.

https://zap.aeiou.pt/medicamentos-ja-existentes-podem-revolucionar-o-tratamento-do-cancro-477482


Os buracos negros fazem barulho? Sim e já podemos ouvi-los !

O buraco negro no centro do aglomerado de galáxias de Perseus produz som, devido às ondas de pressão emitidas que provocam ondulações no gás quente do aglomerado. A NASA tornou audíveis as ondas sonoras.

Espalhados pela Via Láctea, há dezenas de milhões de buracos negros — alguns dos quais, os chamados buracos negros binários, têm por perto uma estrela em órbita.

Os buracos negros são, por definição, escuros — exceto quando, ocasionalmente, engolem a sua estrela companheira.

Durante esse processo, os buracos negros emitem, por algum tempo, espetaculares explosões de raios-X que ricocheteiam no gás que o rodeia — originando ecos de radiação e iluminando o espaço em volta.

Recentemente, uma equipa de astrónomos do MIT analisou minuciosamente dados obtidos por satélites da NASA à procura de sinais de explosões de raios-X de buracos negros binários.


A equipa de investigadores, liderada por Erin Kara, professora de física do MIT, encontrou nada menos do que oito novos buracos negros binários na nossa galáxia.

Os resultados da pesquisa foram apresentados num artigo publicado este mês no The Astrophysical Journal.

Até agora, apenas se conheciam dois buracos negros binários na Via Láctea, mas, diz Jingyi Wang, estudante de doutoramento do MIT e autora principal do estudo, “havia assinaturas de reverberação em oito fontes de radiação”.

Num projeto paralelo, Erin Kara juntou-se a Kyle Keane e Ian Condry, investigadores do MIT especializados em antropologia, sonoplastia e inteligência artificial. A equipa usou a informação recolhida sobre os ecos de raios-X dos buracos negros binários e converteu as emissões numa simulação do som que esses ecos produzem.

Assim, é agora possível “ouvir” o som fantasmagórico de um buraco negro.
Não é a primeira vez que cientistas encontram forma de converter as emissões de raios-X de um buraco negro em ondas sonoras audíveis.

Recentemente, a NASA divulgou uma gravação das ondas sonoras do buraco negro no centro do aglomerado de galáxias de Perseus.

A sonificação é o processo em que as ondas emitidas pelos buracos negros são transformadas em frequências sonoras. Ao contrário de todos os outros realizados até ao momento, este trabalho reconstituiu as ondas descobertas nos dados do Observatório de Raio-X do Chandra, da agência espacial norte-americana.

Para criar o som, os astrónomos extraíram os dados em direções radiais, ou seja, do centro para o exterior. Depois, sintetizaram os sinais na gama da audição humana, 57 e 58 oitavas acima do verdadeiro tom.

Segundo o Tech Explorist, outra forma de tornar este som audível seria reproduzi-lo 144 quatriliões e 288 quatriliões de vezes mais alto do que a sua frequência original.

No vídeo publicado pela NASA, as cores azul e roxo representam os dados de raios-X capturados pelo Chandra.

O segundo vídeo divulgado pela NASA é de um buraco negro localizado na galáxia Messier 87, ou M87, que ficou famoso em 2019 depois de se tornar a primeira fotografia oficial de um buraco negro, capturada pelo projeto Event Horizon Telescope (EHT).

A sonificação deste buraco negro não foi realizada com dados do EHT, mas de outros telescópios que o observaram noutras escalas: de cima para baixo, estão os dados de raios-X do Chandra, a luz visível observada pelo telescópio Hubble e as ondas de rádio registadas pelo telescópio Atacama Large Millimeter Array (ALMA).

https://zap.aeiou.pt/som-de-um-buraco-negro-477767

O que há de especial no cérebro humano que nos torna mais inteligentes que outros animais ?


Os humanos não têm competição na área da cognição. Como a informação é processada no cérebro humano e o que torna isto possível é uma questão que causa um fascínio sem limite, mas sem respostas definitivas.

A nossa compreensão sobre o funcionamento do cérebro tem mudado ao longo dos anos. Mas os modelos teóricos atuais descrevem o cérebro como um “sistema distribuído de processamento de informação”.

Isto significa que tem componentes distintos, que estão ligados proximamente através da fiação do cérebro. Para interagirem entre si, as regiões trocam informações apesar de um sistema de sinais de entrada e saída.

No entanto, isto é apenas uma parte mais pequena de um retrato mais complexo. Num estudo publicado na Nature Neuroscience, uma equipa de cientistas usam provas de diferentes espécies e de várias disciplinas neurocientíficas para mostrarem que não há apenas um tipo de processamento de informação no cérebro. Como a informação é processada também varia entre humanos e outros primatas, o que pode explicar porque é que as nossas capacidades cognitivas são superiores.

Os autores pegaram em conceitos da estrutura matemática da teoria de informação — que estuda a medida, o armazenamento e a comunicação de informação digital, que é crucial para tecnologias como a internet e a inteligência artificial — para acompanharem como é que o cérebro processa informação. A conclusão é que as regiões do cérebro usam estratégias diferentes para interagirem.

Algumas regiões cerebrais trocam informação com outras de uma forma muito estereotipada, usando a entrada e a saída. Isto garante que os sinais atravessam de uma maneira reproduzível e confiável. É este o caso nas áreas especializadas nas funções motoras e sensoriais.

Nos olhos por exemplo, os sinais são enviados para a parte de trás do cérebro para o processamento. A maioria da informação que é enviada é duplicada, sendo enviada por cada olho. Metade desta informação não é necessária, sendo redundante.

Mas esta redundância dá robustez e confiança — é o que nos permite ver apenas com um olho. Esta capacidade é essencial para a sobrevivência. De facto, é tão crucial que as ligações entre estas regiões do cérebro estão anatomicamente garantidas no cérebro, quase como uma linha telefónica.

No entanto, nem todas as informações dadas pelos olhos são redundantes. Combinar informações de ambos os olhos em último caso permite ao cérebro processar a profundidade e a distância entre os objetos. Esta é a base de muitos tipos de óculos 3D no cinema.

Este é um exemplo de uma forma fundamentalmente diferente de processar a informação, numa forma que é maior do que a soma das suas partes. Este tipo de processamento — quando os sinais complexos de várias partes de redes do cérebro estão integradas — “sinergéticas”.

O processamento sinergético é mais prevalecente nas regiões do cérebro que apoiam uma grande variedade de funções cognitivas mais complexas, como a atenção, a aprendizagem, a memória e cognição social e numérica. Não está projetado no sentido de poder mudar em resposta às nossas experiências, ligando redes diferentes de formas diferentes. Isto facilita a combinação de informação.

Estas áreas onde há muita sinergia — maioritariamente na frente e no meio do córtex (a camada exterior do cérebro) — integram fontes diferentes de informação de todo o cérebro. São, por isso, mais amplamente e eficientemente ligadas com o resto do cérebro do que as regiões que lidam com informações primárias relacionadas com o movimento e as sensações.

As áreas de alta sinergia que apoiam a integração de informação também têm tipicamente muitas sinapses, as ligações microscópicas que permitem que as células nervosas comuniquem.

Será a sinergia o que nos torna especiais?

Os cientistas queriam saber se esta capacidade de acumular e construir informação através de redes complexas é diferente entre os humanos e outros primatas.

Para isso, observaram dados de imagens de cérebros e análises genéticas de diferentes espécies e notaram que as interações sinergéticas são uma maior proporção do fluxo de informação no cérebro humano do que nos cérebros dos macacos. Por contraste, ambas as espécies são iguais em termos da dependência da informação redundante.

No córtex pré-frontal — a área na frente do cérebro que apoia um funcionamento cognitivo mais avançado — dos macacos, o processamento de informações redundantes é mais prevalecente, enquanto que nos humanos esta é uma área rica em sinergia.

Foi também feita uma análise genética a doadores humanos. Isto mostrou que as regiões cerebrais associadas ao processamento de informação sinergética têm uma maior probabilidade de exprimirem genes que são unicamente humanos e relacionados ao desenvolvimento e função cerebrais, como a inteligência.

Isto levou à conclusão que o tecido humano adicional, adquirido como resultado da evolução, pode estar primariamente dedicado à sinergia. É tentador especular que as vantagens da maior sinergia podem, parcialmente, explicar as capacidades cognitivas adicionais da nossa espécie.

https://zap.aeiou.pt/especial-cerebro-humano-inteligentes-481580

 

Há “montanhas” de açúcar escondidas no oceano !


Cientistas descobriram que os prados de ervas marinhas no fundo do oceano podem armazenar enormes quantidades de sacarose, com grandes implicações para o armazenamento de carbono e as alterações climáticas.

Um novo estudo liderado pelo Max Planck Institute for Marine Microbiology, na Alemanha, descobriu que há uma enorme fonte de sacarose no fundo do mar.

Segundo o Science Alert, o açúcar é libertado pelas ervas marinhas numa área diretamente afetada pelas raízes, conhecia como rizosfera. Isto significa que as concentrações de sacarose do fundo do mar são cerca de 80 vezes mais elevadas do que seriam normalmente.

Se os cientistas tiverem em consideração os sistemas de ervas marinhas em todo mundo, estimam que seja produzida até 1,3 milhões de toneladas de sacarose, o equivalente a 32 mil milhões de latas de Coca-Cola.

“As ervas marinhas produzem açúcar durante a fotossíntese“, explica a microbiologista marinha Nicole Dubilier. “Em condições de luz média, estas plantas utilizam a maior parte dos açúcares que produzem para o seu próprio metabolismo e crescimento.”

No entanto, em condições de luz elevada, as plantas produzem mais açúcar do que conseguem utilizar ou armazenar. São, assim, “obrigadas a libertar o excesso de sacarose na sua rizosfera“.

O mais surpreendente é que os cientistas descobriram que este excesso de açúcar não é consumido por microrganismos no ambiente circundante. Para o impedir, as ervas marinhas enviam para as suas raízes compostos fenólicos.

Estes compostos – presentes no vinho tinto, café, frutas e outros vegetais – são agentes antimicrobianos que impedem o metabolismo da maioria dos microrganismos ou, pelo menos, atrasam o seu crescimento.

Durante os testes, os investigadores adicionaram compostos fenólicos de ervas marinhas aos microrganismos presentes na rizosfera e observaram que foi consumida menos sacarose, de acordo com Maggie Sogin, principal autora do estudo publicado recentemente na Nature Eco­logy & Evol­u­tion.

Só um pequeno grupo de micróbios prosperou com a sacarose, apesar da presença dos compostos fenólicos. Os investigadores suspeitam de que estes “especialistas em micróbios” estejam a dar algo em troca às ervas marinhas, como nutrientes de que necessitam para crescer.

https://zap.aeiou.pt/montanhas-acucar-escondidas-oceano-477806


Hubble descobre testemunha da morte explosiva de uma estrela que sobreviveu !


O Telescópio Hubble descobriu uma testemunha da morte explosiva de uma estrela: uma companheira escondida no brilho da supernova.

Os astrónomos estudam as supernovas através da deteção da assinatura dos vários elementos envolvidos na explosão.

Esses elementos estão em camadas, como uma cebola: o hidrogénio encontra-se na camada mais externa e, se não for detetado após a supernova, significa que o gás foi, de alguma forma, eliminado antes da explosão.

A causa da perda de hidrogénio é um mistério entre a comunidade científica. Os investigadores estavam precisamente a usar o Telescópio Hubble para procurar pistas e testar teorias para explicar supernovas sem hidrogénio.

As novas observações dão força à hipótese de que é uma estrela companheira invisível a responsável por “drenar” o gás da estrela parceira antes de ela explodir.

“Este era o momento pelo qual esperávamos, para finalmente ver provas de um sistema binário progenitor de uma supernova totalmente despojada [de hidrogénio],” disse o astrónomo Ori Fox, do Instituto de Ciências Telescópicas Espaciais em Baltimore, citado pelo Europa Press.

“O objetivo é mover esta área de estudo da teoria para o trabalho com dados e ver como estes sistemas são na realidade”, acrescentou o astrónomo.

O Hubble já tinha detetado, em observações anteriores da supernova SN 2013ge, dois picos na luz ultravioleta, em vez de apenas um. Fox diz que esse duplo brilho pode ser explicado pelo facto de o segundo pico representar o momento em que a onda de choque da supernova atinge a estrela companheira.

O mais surpreendente é que as últimas observações do Hubble indicam que a estrela companheira sobreviveu. O artigo científico foi publicado recentemente no The Astrophysical Journal Letters.

É a primeira vez que se descobre algo deste género numa supernova completamente sem envelope de gás externo antes de explodir.

A descoberta é essencial para se entender a natureza binária de estrelas massivas, assim como a fusão final das estrelas companheiras, que irá espalhar-se pelo Universo na forma de ondas gravitacionais.

https://zap.aeiou.pt/testemunha-da-morte-explosiva-estrela-477775

 

domingo, 29 de maio de 2022

NASA mostra que afinal alguns vulcões podem aquecer o planeta !

Uma nova simulação da NASA sugere que erupções vulcânicas extremamente grandes, chamadas “erupções de basalto de inundação”, podem aquecer significativamente o clima da Terra e devastar a camada de ozono que protege a vida da radiação ultravioleta do sol.

Segundo a Phys, o resultado contradiz estudos anteriores que indicam que estes vulcões arrefecem o clima.

O estudo sugere também que, embora extensas erupções de basalto em Marte e Vénus possam ter ajudado a aquecer os seus climas, poderiam ter condenado a habitabilidade a longo prazo destes planetas, contribuindo para a perda de água.

Ao contrário de erupções vulcânicas breves e explosivas como as do Pinatubo, nas filipinas, ou do Hunga Tonga, no Havai, que ocorrem ao longo de horas ou dias, as erupções de lava basáltica ocorrem numa série de episódios eruptivos ao longo de períodos de centenas de milhares de anos — e cada um pode durar séculos.

Algumas destas erupções coincidiram com eventos de extinção em massa, e muitos estão associados a períodos extremamente quentes na história da Terra. Também parecem ter sido comuns noutros mundos terrestres do nosso sistema solar, tais como Marte e Vénus.

“Esperávamos um arrefecimento intenso nas nossas simulações“, disse Scott Guzewich do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA, e autor principal do estudo, publicado em Fevereiro na Geophysical Research Letters.

“Há de facto um breve período de arrefecimento, que no entanto é depois suplantado por um efeito de aquecimento“, explica o cientista.

Embora a perda de ozono não tenha sido uma surpresa, as simulações indicaram a magnitude potencial da destruição.

“Há uma redução de cerca de dois terços sobre os valores médios globais, aproximadamente equivalente ao facto de todo o planeta ter uma perda de ozono correspondente a um enorme buraco de ozono antártico”, disse Guzewich.

Os investigadores utilizaram o Modelo Químico-Climático do Sistema Goddard de Observação da Terra para simular uma fase de quatro anos da erupção de Basalto do Rio Columbia (CRB) que ocorreu há 15 milhões a 17 milhões de anos no noroeste do Pacífico, na costa dos Estados Unidos.

O modelo calculou os efeitos da erupção sobre a troposfera, a turbulenta camada mais baixa da atmosfera (que contém a maior parte do vapor de água), e a estratosfera, a camada seguinte da atmosfera, que é na sua maioria seca e calma.

As erupções CRB foram provavelmente uma mistura de eventos explosivos que enviaram material para a troposfera superior e para a estratosfera inferior (cerca de 13 a 17 quilómetros de altitude) e erupções efusivas que não se estenderam acima de cerca de 3 quilómetros de altitude.

A simulação assumiu que os eventos explosivos ocorreram quatro vezes por ano e libertaram cerca de 80% do gás de dióxido de enxofre da erupção.

Segundo os autores do estudo, globalmente, houve um arrefecimento líquido durante cerca de dois anos, antes de o aquecimento ultrapassar o efeito de arrefecimento.

“O aquecimento persiste durante cerca de 15 anos — os últimos dois anos da erupção e depois mais 13 anos”, disse Guzewich.

“Erupções como a que simulámos emitiriam grandes quantidades de gás de dióxido de enxofre”, disse Guzewich.

“A química na atmosfera converte rapidamente estas moléculas de gás em aerossóis de sulfato sólido. Estes aerossóis refletem a luz solar visível, que causa o efeito de arrefecimento inicial, mas também absorvem a radiação infravermelha, que aquece a atmosfera no alto da troposfera superior e na estratosfera inferior”, explica o cientista.

“O aquecimento desta região da atmosfera permite que o vapor de água (que normalmente está confinado perto da superfície) se misture na estratosfera (que normalmente é muito seca)”, acrescenta Guzewich.

O aumento previsto do vapor de água para a estratosfera também ajuda a explicar a magnitude do empobrecimento da camada de ozono.

Os basaltos de inundação também libertam dióxido de carbono, um gás com efeito de estufa, mas não parecem emitir o suficiente para causar o aquecimento extremo associado a algumas erupções. O aquecimento em excesso do vapor de água estratosférica poderia fornecer uma explicação.

Embora Marte e Vénus possam ter tido oceanos de água num passado distante, ambos são atualmente muito secos.

Os cientistas estão agora a investigar como estes mundos perderam a maior parte da sua água — e se tornaram inóspitos para a vida.

https://zap.aeiou.pt/nasa-mostra-que-afinal-alguns-vulcoes-podem-aquecer-o-planeta-477051


O nosso sentido de olfato pode ser mais poderoso do que pensamos !


A capacidade do nosso olfato varia de pessoa para pessoa, mas é possível treinarmos este sentido para que ser mais apurado.

O nosso nariz está carregado de neurónios sensoriais olfativos e cada um deles tem um recetor de odor. Quando as moléculas no ar estimulam um destes recetores, enviam uma mensagem diretamente ao cérebro.

A verdade é que o olfato não é o sentido de que mais dependemos, sendo essa razão que explica porque é que este não é tão importante para nós como é para outros animais. Mas isto significa que não podemos apenas depender do olfato.

Há muita variedade na precisão dos nossos olfatos que pode ser explicada pela genética (no geral, as mulheres costumam ter um olfato mais apurado do que os homens) ou pela anatomia, como um septo desviado.

Mas há ainda um grupo especial de super-cheiradores afetados por uma condição chamada hiperosmia. Por ser tão rara, ainda não se sabe muito sobre esta condição, mas há algumas doenças como as enxaquecas, são associadas à hiperosmia.

No geral, os humanos têm um olfato apurado. Um estudo de 2017 que fez uma revisão à literatura científica concluiu que os humanos têm um sentido que cai na média entre os mamíferos, refere a Discover.

Mesmo assim, a maioria de nós também pode praticar para melhorar a sua capacidade de cheirar e criar “músculos do olfato”. Justin Turner, otorrinolaringologista e diretor do Centro de Olfato e Paladar da Universidade de Vanderbil, usa técnicas para treinar o olfato para pacientes que perderam o sentido devido à covid-19 ou por outra razão de saúde.

O método chama-se retreino olfativo e consiste em fazer os pacientes cheirar diferentes odores algumas vezes por dia durante alguns meses. “A ideia é que se esteja constantemente a estimular estes neurónios olfativos e a estimular o cérebro e o seu poder de processamento”, explica.

Mesmo para quem não perdeu o olfato, pode usar-se uma técnica semelhante para se melhorar o olfato. “Um bom exemplo é um especialista em perfumes. Estas pessoas são pagas imenso dinheiro para identificarem fragrâncias e identificarem cheiros agradáveis que se vão misturar bem. Para fazerem isto, praticam, às vezes durante anos”, remata.

https://zap.aeiou.pt/sentido-olfato-poderoso-pensamos-477314


Cientistas encontram raro binário “viúva negra” com a órbita mais curta até agora !

Ilustração de um pulsar “viúva negra” e da sua companheira estelar

O clarão de uma estrela próxima atraiu os astrónomos do Massachusetts Institute of Technology (MIT) para um novo e misterioso sistema a 3000 anos-luz da Terra.

Este estranho objeto estelar parece ser um novo binário “viúva negra” – uma estrela de neutrões com rotação rápida, ou pulsar, que está a circular e a consumir lentamente uma estrela companheira mais pequena, como o homónimo aracnídeo faz ao seu companheiro.

Os astrónomos conhecem cerca de duas dúzias de “binários de viúvas negras” na Via Láctea. Este novo candidato, chamado ZTF J1406+1222, tem o período orbital mais curto até agora identificado, com o pulsar e a estrela companheira a orbitarem-se um ao outro a cada 62 minutos.

O sistema é único, na medida em que parece abrigar uma terceira estrela, distante, que orbita em torno das duas estrelas interiores de 10.000 em 10.000 anos.

Esta provável viúva negra tripla está a levantar questões sobre como um tal sistema pode ter sido formado. Com base nas suas observações, a equipa do MIT propõe uma história de origem: tal como a maioria dos binários de viúvas negras, o sistema triplo provavelmente surgiu de uma densa constelação de estrelas velhas conhecida como enxame globular. Este enxame em particular pode ter-se dirigido para o centro da Via Láctea, onde a gravidade do buraco negro central foi suficiente para fragmentar o enxame, deixando intacta a viúva negra tripla.

“É um cenário complicado de nascimento”, diz Kevin Burdge, pós-doutorado no Departamento de Física do MIT. “Este sistema flutua provavelmente na Via Láctea há mais tempo do que o Sol.”

Burdge é o autor de um estudo publicado na Nature que detalha a descoberta.

Os investigadores utilizaram uma nova abordagem para detetar o sistema triplo. Enquanto a maioria dos binários de viúvas negras são encontrados através dos raios-gama e raios-X emitidos pelo pulsar central, a equipa utilizou a luz visível, e especificamente o piscar da estrela companheira do binário, para detetar ZTF J1406+1222.

“Este sistema é realmente único até no que toca às viúvas negras, porque encontrámo-lo no visível, e devido à sua ampla companheira e ao facto de ter vindo do Centro Galáctico”, explica Burdge. “Ainda há muito que não compreendemos sobre ele. Mas temos uma nova forma de procurar estes sistemas no céu.”

Dia e noite

Os binários de viúvas negras são alimentados por pulsares – estrelas de neutrões de rotação rápida que são os núcleos colapsados de estrelas massivas. Os pulsares têm um período de rotação vertiginoso, girando a cada poucos milissegundos e emitindo no processo flashes de raios-gama e raios-X altamente energéticos.

Normalmente, os pulsares diminuem a sua rotação e morrem relativamente depressa à medida que queimam uma enorme quantidade de energia. Mas de vez em quando, uma estrela passageira pode dar uma nova vida ao pulsar. Quando uma estrela se aproxima, a gravidade do pulsar retira material da estrela, o que fornece nova energia à sua rotação. O pulsar “reciclado” começa então a reirradiar energia que retira ainda mais material à estrela, eventualmente destruindo-a.

“Estes sistemas são chamados de viúvas negras devido à forma como o pulsar consome o objeto que a reciclou, tal como a aranha come o seu companheiro”, diz Burdge.

Todos os binários de viúvas negras até à data foram detetados através dos flashes de raios-gama e raios-X do pulsar. ZTF J1406+1222 foi o primeiro sistema do género a ser detetado graças ao flash ótico da estrela companheira.

Ao que parece, o lado diurno da estrela companheira – o lado perpetuamente virado para o pulsar – pode ser muitas vezes mais quente do que o seu lado noturno, devido à constante radiação altamente energética que recebe do pulsar.

“Pensei, em vez de procurar diretamente o pulsar, tentar procurar a estrela que este está a ‘cozinhar'”, salientou Burdge.

Ele argumentou que se os astrónomos observassem uma estrela cujo brilho mudava periodicamente em grande quantidade, isso seria um sinal forte de que estava num binário com um pulsar.

Movimento estelar

Para testar esta teoria, Burdge e colegas examinaram dados óticos obtidos pelo ZTF (Zwicky Transient Facility), um observatório no estado norte-americano da Califórnia que recolhe imagens de campo amplo do céu noturno. A equipa estudou o brilho das estrelas para ver se alguma estava a mudar dramaticamente por um factor de 10 ou mais, numa escala de tempo de cerca de uma hora ou menos – sinais que indicam a presença de um pulsar em órbita íntima.

A equipa foi capaz de discernir a dúzia de binários de viúvas negras conhecidos, validando a precisão do novo método. Depois avistaram uma estrela cujo brilho mudava por um factor de 13, a cada 62 minutos, indicando que fazia provavelmente parte de um novo binário viúva negra, que rotularam de ZTF J1406+1222.

Procuraram a estrela em observações feitas pelo Gaia, um telescópio espacial operado pela ESA que mantém medições precisas da posição e movimento das estrelas no céu. Analisando medições da estrela para trás no tempo, graças aos dados do SDSS (Sloan Digital Sky Survey), a equipa descobriu que o binário estava a ser seguido por outra estrela distante. A julgar pelos seus cálculos, esta terceira estrela parecia estar a orbitar o binário interior a cada 10.000 anos.

Curiosamente, os astrónomos não detetaram diretamente emissões de raios-gama ou raios-X do pulsar no binário, que é a forma típica de confirmação das viúvas negras. ZTF J1406+1222, portanto, é considerado um candidato a binário viúva negra, que a equipa espera confirmar com futuras observações.

“A única coisa que sabemos ao certo é que vemos uma estrela com um lado diurno muito mais quente do que o lado noturno, orbitando algo a cada 62 minutos”, acrescenta Burdge. “Tudo parece apontar para o facto de ser um binário viúva negra. Mas há aqui algumas coisas estranhas, por isso é possível que seja algo inteiramente novo.”

A equipa planeia continuar a observar o novo sistema, bem como a aplicar a técnica ótica para iluminar mais estrelas de neutrões e viúvas negras no céu.

https://zap.aeiou.pt/raro-binario-viuva-negra-477799


Fantasmas da história do Homem revelados por arqueologia hi-tech !

Novos detalhes do nosso passado estão a vir à tona, escondidos nos cantos e recantos do mundo, enquanto refinamos as nossas técnicas para procurá-los.

A mais elogiada é a reconstrução da evolução da humanidade desde as nossas origens africanas há cerca de 300.000 anos, analisando o nosso DNA vivo e fóssil.

Repletos de fantasmas de populações africanas e eurasiáticas do passado, foram ressuscitados apenas pela capacidade da ciência de alcançar o mundo do minúsculo estudando biomoléculas.

Agora, a análise digital das superfícies das rochas revela como é que outros fantasmas do passado — desta vez de há quase 2.000 anos na América do Norte — foram atraídos para a luz.

Num artigo publicado na revista Antiquity, o professor Jan Simek, da Universidade do Tennessee, e colegas publicaram imagens de glifos gigantes esculpidos na superfície de lama do teto de uma caverna no Alabama.

Os glifos, que retratam formas humanas e animais, são algumas das maiores imagens de cavernas conhecidas encontradas na América do Norte e podem representar espíritos do submundo.

Na primeira imagem abaixo, um desenho de uma cascavel do Texas, um animal sagrado para os povos indígenas no sudeste dos EUA, estende-se por quase três metros de comprimento. Uma outra é uma figura humana com pouco mais de 1,8 m de comprimento.

Os investigadores conseguiram datar com radiocarbono por volta de 133-433 dC. Isso também estava de acordo com a idade dos fragmentos de cerâmica que os artistas antigos deixaram na caverna.

O problema é ver as pinturas. O teto da caverna tem apenas 60 cm de altura, o que torna impossível recuar para ver as imagens grandes.

Estas foram reveladas apenas através de uma técnica chamada fotogrametria, na qual milhares de fotografias sobrepostas de um objeto ou lugar são tiradas de diferentes ângulos e combinadas digitalmente em 3D.

A fotogrametria é uma técnica acessível, cada vez mais utilizada em arqueologia para registar artefactos, construções, paisagens e cavernas. Permitiu que a equipa do professor Simek “baixasse” o chão da caverna até quatro metros — o suficiente para que os glifos completos fossem vistos pela primeira vez.

A arte rupestre é encontrada em quase todos os continentes, e a mais antiga tem pelo menos 64.000 anos. É provável que conheçamos apenas uma pequena percentagem da arte rupestre criada no passado. 

Os pigmentos podem desaparecer; gravuras finas podem-se erodir a nada; e as paredes das cavernas podem desmoronar ou ficar cobertas por sedimentos. Supondo que mais arte sobreviva, é provável que nunca a vejamos, a menos que invistamos em pesquisa e novas tecnologias.

Abaixo está um exemplo da caverna de Maltravieso, na Estremadura, no oeste de Espanha, que não foi imediatamente aparente quando os investigadores procuravam na caverna por amostras adequadas para datar a sua arte.

Os desenhos tinham ficado obscurecidos pela acumulação de depósitos de carbonato de cálcio. Os arqueólogos fotografaram a área e, de seguida, usaram um software de aprimoramento de imagem que revelou a arte com muita clareza.

Foram cerca de 64.000 anos em que este pedaço de história ficou escondido, apesar de 70 anos de estudos intensivos na caverna.

https://zap.aeiou.pt/tecnologia-fantasmas-arte-rupestre-477056

 

O seu filho adolescente ignora o que lhe diz ? Não é por mal, diz a ciência !


Há um processo no nosso cérebro que faz com que, aos 13 anos de idade, comecemos a deixar de prestar tanta atenção às vozes das nossas mães e passemos a ficar mais intrigados pelas vozes de desconhecidos.

Afinal, o seu filho adolescente não estava a ser mal-educado quando ignorou o que estava a dizer — era antes apenas a ciência do seu cérebro a funcionar.

Um novo estudo publicado na Journal of Neuroscience revelou que, aos 13 anos, os cérebros dos adolescentes começam a deixar de prestar tanta atenção às vozes das mães e passam a preferir vozes que não lhes sejam familiares.

A pesquisa baseou-se nos resultados de ressonâncias magnéticas que detalham a explicação neurobiológica por trás da separação dos pais que se inicia na idade transitória (e complicada) da adolescência, revela a Universidade de Stanford.

A amostra era composta por adolescentes entre os 13 e os 16 anos e meio. Todos os participantes tinham um QI mínimo de 80 e foram criados pelas suas mães biológicas. Os investigadores gravaram as mães a dizerem três palavras sem sentido, que duraram menos de um segundo, e o mesmo foi feito com duas mulheres que os jovens não conheciam.

O objectivo de se usar palavras sem sentido era evitar que os jovens sentissem uma ligação emocional com o que estava a ser dito. Cada participante ouviu as vozes da mãe e da desconhecida várias vezes numa ordem aleatória e conseguiram distinguir as duas mais de 97% das vezes.

Os cérebros dos jovens foram depois analisados com uma ressonância enquanto ouviam as vozes e também enquanto ouviam outros sons aleatórios, como os de uma máquina de lavar, para se notarem as diferenças entre sons que são ou não sociais.

De forma geral, os cérebros dos adolescentes são mais sensíveis às vozes do que os das crianças com menos de 12 anos. No entanto, com o passar do tempo, os circuitos de recompensa e os centros cerebrais que priorizam estímulos importantes são mais activados pelas vozes desconhecidas do que pelas vozes das mães (o estudo não analisou as vozes dos pais).

Este processo é completamente normal e é um sinal da maturação saudável, já que é uma criança tem de se tornar independente a certo ponto. A investigação limitou-se a descobrir o sinal biológico que precipita esta mudança.

“Tal como um bebé sabe sintonizar a voz da mãe, um adolescente sabe sintonizar vozes desconhecidas. Mas os adolescentes não sabem que estão a fazer isto, estão apenas a ser eles mesmos e a preferir passar tempo com os amigos e novas companhias”, explica o psiquiatra Daniel Abrams, que liderou o estudo.

https://zap.aeiou.pt/filho-adolescente-ignora-diz-477048

 

terça-feira, 10 de maio de 2022

Estranhas novas partículas de Higgs podem explicar novo cálculo da massa do bosão W


Uma nova investigação permitiu aos cientistas descobrir que a massa do bosão W é superior ao previsto no Modelo Padrão da física de partículas.

O novo estudo propõe o valor de 80,4335 gigaeletrãovolts para a massa do bosão W, uma das partículas que transporta a fraca força nuclear da mesma forma que um fotão transporta a força eletromagnética.

Antes da medição do acelerador de partículas Tevatron, todas as observações da sua massa apontavam para 80,379 gigaeletrãovolts.

Segundo o New Scientist, esta nova medida da massa foi realizada através de colisões de feixes de protões e antiprotões.

Os testes foram feitos no Tevatron, que encerrou em 2011. No entanto, a equipa demorou mais de 10 anos para concluir todos os cálculos com segurança.
 
Apesar de a correção parecer ínfima – em escala, equivale à diferença de apenas 10 gramas no peso de um humano adulto – tem fortes implicações nas teorias físicas

Desde que os resultados do Tevatron foram anunciados, os físicos produziram vários artigos a explicar como o Modelo Padrão poderia ser adaptado ou expandido para ter em conta a massa de bosão W.

“O que estamos a descobrir é que é muito fácil acomodar esta anomalia – é quase um pouco surpreendente que isto seja tão fácil de fazer”, disse Ramona Gröber, da Universidade de Pádua, em Itália. “No passado, com as anomalias de partículas, foi muito mais difícil acomodá-las.”

Muitas dessas explicações envolvem o bosão adicional de Higgs, a partícula fundamental acoplada ao campo de Higgs, que providencia outras partículas – incluindo o bosão W.

“O mecanismo mais óbvio para justificar uma massa maior do W é um Higgs não-padrão, um número diferente de campos de matéria [semelhante ao campo Higgs] ou uma combinação de ambos“, explicou Francesco Sannino, da Universidade do Sul da Dinamarca. “Há muitas variações, mas estes são os mecanismos básicos.”

Certo é que, apesar destes resultados, a comunidade científica ainda precisa de se debruçar sobre a questão para chegar a uma explicação mais precisa. Para já, a descoberta surge descrita num novo artigo científico, publicado na revista Science.

Novas partículas de Higgs

Os bosões adicionais de Higgs sugeridos pelos cientistas têm propriedades diferentes dos conhecidos Higgs: alguns transportam cargas elétricas (os regulares são neutros); outros são constituídos por partículas mais pequenas, como gluões; e há ainda potenciais novas partículas, como as chamadas Technicolor Higgs.

Em todos estes modelos, as novas partículas de Higgs vêm com campos adicionais que emprestam massa extra ao bosão W.

Além disso, podem também ajudar a resolver outras questões em aberto. O portal explica, por exemplo, que estas partículas poderiam ser importantes na perceção de um modelo que explica a massa extra do bosão W poderia dar origem a um novo tipo de partícula (chamado leptoquark) que poderia explicar outro grande mistério da física das partículas – a anomalia muão g-2, que surge do facto de os muões parecerem rodar mais rapidamente do que o que o Modelo Padrão prevê.

Desta forma, um possível conjunto de novas partículas – chamadas partículas supersimétricas – acomodaria não só um bosão W mais maciço, como também a anomalia muão g-2.

“Esperamos que as novas partículas que esta supersimetria prevê tenham massas que não sejam muito mais pesadas do que as Higgs”, que estão no limite superior de massa que o LHC pode investigar, salvaguardou Peter Athron da Universidade Normal de Nanjing, na China. “Isto explicaria porque é que ainda não as detetámos.”

O investigador acrescentou ainda que algumas destas potenciais novas partículas poderiam ser candidatas à matéria negra, uma outra razão para explicar o motivo pelo qual ainda não foram detetadas.

Neste momento, e ainda antes de se pensar numa nova física, é importante descobrir porque é que a mais recente medição da massa do bosão W está em discrepância com as anteriores.

https://zap.aeiou.pt/estranhas-novas-particulas-de-higgs-476873


Cientistas encontram raro binário “viúva negra” com a órbita mais curta até agora

Ilustração de um pulsar “viúva negra” e da sua companheira estelar

O clarão de uma estrela próxima atraiu os astrónomos do Massachusetts Institute of Technology (MIT) para um novo e misterioso sistema a 3000 anos-luz da Terra.

Este estranho objeto estelar parece ser um novo binário “viúva negra” – uma estrela de neutrões com rotação rápida, ou pulsar, que está a circular e a consumir lentamente uma estrela companheira mais pequena, como o homónimo aracnídeo faz ao seu companheiro.

Os astrónomos conhecem cerca de duas dúzias de “binários de viúvas negras” na Via Láctea. Este novo candidato, chamado ZTF J1406+1222, tem o período orbital mais curto até agora identificado, com o pulsar e a estrela companheira a orbitarem-se um ao outro a cada 62 minutos.

O sistema é único, na medida em que parece abrigar uma terceira estrela, distante, que orbita em torno das duas estrelas interiores de 10.000 em 10.000 anos.

Esta provável viúva negra tripla está a levantar questões sobre como um tal sistema pode ter sido formado. Com base nas suas observações, a equipa do MIT propõe uma história de origem: tal como a maioria dos binários de viúvas negras, o sistema triplo provavelmente surgiu de uma densa constelação de estrelas velhas conhecida como enxame globular. Este enxame em particular pode ter-se dirigido para o centro da Via Láctea, onde a gravidade do buraco negro central foi suficiente para fragmentar o enxame, deixando intacta a viúva negra tripla.

“É um cenário complicado de nascimento”, diz Kevin Burdge, pós-doutorado no Departamento de Física do MIT. “Este sistema flutua provavelmente na Via Láctea há mais tempo do que o Sol.”

Burdge é o autor de um estudo publicado na Nature que detalha a descoberta.

Os investigadores utilizaram uma nova abordagem para detetar o sistema triplo. Enquanto a maioria dos binários de viúvas negras são encontrados através dos raios-gama e raios-X emitidos pelo pulsar central, a equipa utilizou a luz visível, e especificamente o piscar da estrela companheira do binário, para detetar ZTF J1406+1222.

“Este sistema é realmente único até no que toca às viúvas negras, porque encontrámo-lo no visível, e devido à sua ampla companheira e ao facto de ter vindo do Centro Galáctico”, explica Burdge. “Ainda há muito que não compreendemos sobre ele. Mas temos uma nova forma de procurar estes sistemas no céu.”

Dia e noite

Os binários de viúvas negras são alimentados por pulsares – estrelas de neutrões de rotação rápida que são os núcleos colapsados de estrelas massivas. Os pulsares têm um período de rotação vertiginoso, girando a cada poucos milissegundos e emitindo no processo flashes de raios-gama e raios-X altamente energéticos.

Normalmente, os pulsares diminuem a sua rotação e morrem relativamente depressa à medida que queimam uma enorme quantidade de energia. Mas de vez em quando, uma estrela passageira pode dar uma nova vida ao pulsar. Quando uma estrela se aproxima, a gravidade do pulsar retira material da estrela, o que fornece nova energia à sua rotação. O pulsar “reciclado” começa então a reirradiar energia que retira ainda mais material à estrela, eventualmente destruindo-a.

“Estes sistemas são chamados de viúvas negras devido à forma como o pulsar consome o objeto que a reciclou, tal como a aranha come o seu companheiro”, diz Burdge.

Todos os binários de viúvas negras até à data foram detetados através dos flashes de raios-gama e raios-X do pulsar. ZTF J1406+1222 foi o primeiro sistema do género a ser detetado graças ao flash ótico da estrela companheira.

Ao que parece, o lado diurno da estrela companheira – o lado perpetuamente virado para o pulsar – pode ser muitas vezes mais quente do que o seu lado noturno, devido à constante radiação altamente energética que recebe do pulsar.

“Pensei, em vez de procurar diretamente o pulsar, tentar procurar a estrela que este está a ‘cozinhar'”, salientou Burdge.

Ele argumentou que se os astrónomos observassem uma estrela cujo brilho mudava periodicamente em grande quantidade, isso seria um sinal forte de que estava num binário com um pulsar.

Movimento estelar

Para testar esta teoria, Burdge e colegas examinaram dados óticos obtidos pelo ZTF (Zwicky Transient Facility), um observatório no estado norte-americano da Califórnia que recolhe imagens de campo amplo do céu noturno. A equipa estudou o brilho das estrelas para ver se alguma estava a mudar dramaticamente por um factor de 10 ou mais, numa escala de tempo de cerca de uma hora ou menos – sinais que indicam a presença de um pulsar em órbita íntima.

A equipa foi capaz de discernir a dúzia de binários de viúvas negras conhecidos, validando a precisão do novo método. Depois avistaram uma estrela cujo brilho mudava por um factor de 13, a cada 62 minutos, indicando que fazia provavelmente parte de um novo binário viúva negra, que rotularam de ZTF J1406+1222.

Procuraram a estrela em observações feitas pelo Gaia, um telescópio espacial operado pela ESA que mantém medições precisas da posição e movimento das estrelas no céu. Analisando medições da estrela para trás no tempo, graças aos dados do SDSS (Sloan Digital Sky Survey), a equipa descobriu que o binário estava a ser seguido por outra estrela distante. A julgar pelos seus cálculos, esta terceira estrela parecia estar a orbitar o binário interior a cada 10.000 anos.

Curiosamente, os astrónomos não detetaram diretamente emissões de raios-gama ou raios-X do pulsar no binário, que é a forma típica de confirmação das viúvas negras. ZTF J1406+1222, portanto, é considerado um candidato a binário viúva negra, que a equipa espera confirmar com futuras observações.

“A única coisa que sabemos ao certo é que vemos uma estrela com um lado diurno muito mais quente do que o lado noturno, orbitando algo a cada 62 minutos”, acrescenta Burdge. “Tudo parece apontar para o facto de ser um binário viúva negra. Mas há aqui algumas coisas estranhas, por isso é possível que seja algo inteiramente novo.”

A equipa planeia continuar a observar o novo sistema, bem como a aplicar a técnica ótica para iluminar mais estrelas de neutrões e viúvas negras no céu.

https://zap.aeiou.pt/raro-binario-viuva-negra-477799



Universo pode parar de se expandir “muito brevemente” — E entrar numa nova era !


Após quase 13,8 mil milhões de anos de expansão ininterrupta, o Universo pode parar em breve, para depois começar a contrair lentamente.

De acordo com um novo estudo, publicado a 5 de abril na Proceedings of the National Academy of Sciences, o Universo pode parar de se expandir.

Três cientistas tentam modelar a natureza da energia negra — uma força misteriosa que parece estar a provocar uma expansão cada vez mais rápida do universo — com base em observações passadas da expansão cósmica.

No modelo da equipa de investigação, a energia negra não é uma força constante da natureza, mas sim uma entidade chamada quintessência, que pode desintegrar-se com o passar do tempo, segundo noticia a Live Science.

Os investigadores descobriram que, embora a expansão do Universo tenha vindo a acelerar durante milhares de milhões de anos, a força repelente da energia negra pode estar a enfraquecer.
 
De acordo com o seu modelo, a aceleração do Universo poderia terminar rapidamente nos próximos 65 milhões de anos — em 100 milhões de anos, o Universo pode parar de se expandir completamente.

Depois, passaria a uma era de contração lenta, que terminaria daqui a milhares de milhões de anos com a morte — ou talvez o renascimento — do tempo e do espaço.

Tudo isto pode acontecer “muito brevemente”, de acordo com Paul Steinhardt, co-autor do estudo e Diretor do Centro de Ciência Teórica de Princeton, da Universidade de Princeton, em Nova Jersey.

“Voltando atrás no tempo 65 milhões de anos, o asteroide Chicxulub atingiu a Terra e eliminou os dinossauros”, sublinhou Steinhardt. “A uma escala cósmica, 65 milhões de anos é notavelmente curto”.

Nada sobre esta teoria é controverso ou pouco plausível, notou Gary Hinshaw, professor de física e astronomia da Universidade de British Columbia.

No entanto, o modelo depende apenas de observações antigas da expansão. A natureza da energia negra no universo é um mistério e as previsões deste estudo são atualmente impossíveis de testar.

Desde os anos 90, os cientistas têm chegado à conclusão que a expansão do universo está a acelerar. O espaço entre galáxias está a aumentar mais rapidamente agora do que há milhares de milhões de anos atrás.

Os investigadores chamaram energia negra a esta misteriosa fonte de aceleração. É uma entidade invisível que parece funcionar ao contrário da gravidade, empurrando os objetos mais maciços do Universo para mais longe, em vez de os juntar.

Embora a energia negra represente aproximadamente 70% do total da energia do universo, as suas propriedades permanecem um mistério total.

Numa teoria introduzida por Albert Einstein, a energia escura é uma constante cosmológica — uma forma imutável de energia que é tecida no espaço-tempo.

Se for esse o caso, e a força exercida pela energia escura nunca mudar, então o Universo deve continuar a expandir-se (e a acelerar) para sempre.

No entanto, uma teoria concorrente sugere que a energia escura não precisa de ser constante para se adaptar à expansão cósmica observada no passado.

Pelo contrário, a energia escura pode ser algo chamado quintessência — um campo dinâmico que muda com o tempo.

Ao contrário da constante cosmológica, a quintessência pode ser repulsiva ou atraente, dependendo da relação da sua energia cinética e potencial, num dado momento. Durante os últimos 14 milhares de milhões de anos, a quintessência foi repulsiva.

Durante a maior parte desse período, no entanto, contribuiu de forma insignificante, comparativamente à radiação e à matéria, na expansão do universo.

Isso mudou há cerca de cinco mil milhões de anos, quando a quintessência se tornou a componente dominante e o seu efeito de repulsão gravitacional fez com que a expansão do universo acelerasse.

“A questão que levantamos neste estudo é: ‘Esta aceleração tem de durar para sempre?'”, questiona Steinhardt. “E se não, quais são as alternativas, e quando é que as coisas poderão mudar?”

No seu estudo, Steinhardt e outros investigadores como Anna Ijjas, da Universidade de Nova Iorque, e Cosmin Andrei, de Princeton, previram como as propriedades da quintessência poderiam mudar nos próximos vários milhares de milhões de anos.

Para tal, a equipa criou um modelo físico de quintessência, mostrando o seu poder repelente e atrativo ao longo do tempo, para se adaptar às observações do passado sobre a expansão do universo.

Assim que o modelo da equipa foi capaz de reproduzir de forma fiável a história da expansão do universo, alargaram as suas previsões para o futuro.

“Para surpresa dos investigadores, a energia negra do modelo pode decair com o tempo”, sublinhou Hinshaw.

“A sua força pode enfraquecer. E se o fizer de uma certa forma, então eventualmente a propriedade antigravitacional da energia negra desaparece e volta a transitar para algo que se parece mais com a matéria vulgar”, explica ainda.

De acordo com o modelo criado, a força repelente da energia negra pode estar no meio de um rápido declínio, que começou há milhares de milhões de anos.

Neste cenário, a expansão acelerada do universo já hoje está a abrandar. Em breve, talvez dentro de cerca de 65 milhões de anos, essa aceleração poderá parar por completo — depois, dentro de 100 milhões de anos, a energia negra poderá tornar-se atrativa, fazendo com que todo o Universo comece a contrair-se.

Por outras palavras, após quase 14 mil milhões de anos de crescimento, o Espaço pode mesmo começar a encolher.

“Este seria um tipo especial de contração ao qual chamamos contração lenta”, notou Steinhardt. “Em vez de se expandir, o Espaço contrai-se muito lentamente”.

Inicialmente, a contração do Universo seria tão lenta que qualquer humano hipotético ainda vivo na Terra não notaria sequer uma mudança, esclareceu o investigador.

Segundo o modelo da equipa, seriam necessários alguns milhares de milhões de anos de lenta contração, para que o Universo atingisse cerca de metade do tamanho que tem hoje.

O Fim do Universo

Uma de duas coisas pode acontecer, realça Steinhardt. Ou o Universo se contrai até cair em si mesmo numa grande “crise”, terminando o espaço-tempo como o conhecemos — ou, o universo contrai-se apenas o suficiente para regressar a um estado semelhante às suas condições originais, e outro Big Bang ocorre, criando um novo Universo a partir das cinzas do antigo.

Nesse segundo cenário, o Universo segue um padrão cíclico de expansão e contração, mutilações e ressaltos, que constantemente se desmoronam e o refazem.

Se isso for verdade, então o nosso Universo pode não ser o primeiro ou único, mas apenas o seguinte de uma série infinita de universos que se expandiram e contraíram antes do nosso. E tudo depende da natureza mutável da energia negra.

Quão plausível é tudo isto? Hinshaw acredita que a interpretação da quintessência no estudo é uma “suposição perfeitamente razoável para o que é a energia negra”.

Todas as nossas observações de expansão cósmica provêm de objetos que estão a milhões ou milhares de milhões de anos-luz da Terra, ou seja, os dados atuais só podem informar os cientistas sobre o passado do Universo, e não sobre o seu presente ou futuro, acrescentou Hinshaw.

Assim, o Universo pode muito bem estar a transformar-se numa cratera, e não teríamos forma de saber até muito depois do início da fase de contração.

“Penso que se resume realmente ao quão convincente é esta teoria e, mais importante ainda, quão “testável” pode ser”, questiona Hinshaw.

Infelizmente, não há uma boa maneira de testar se a quintessência é real, ou se a expansão cósmica começou a abrandar, admitiu Steinhardt.

Por enquanto, é apenas uma questão de adequar a teoria às observações do passado e, se um futuro de crescimento sem fim ou de rápida decadência aguarda o nosso Universo, só o tempo o dirá.

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Spray nasal de insulina mostra resultados promissores na prevenção do declínio cognitivo !


Foram notadas melhorias tanto em diabéticos como em não diabéticos e não foram detetadas nenhumas reações adversas.

Um novo estudo publicado na Journal of Neurology mostrou resultados promissores no uso de um spray nasal com insulina para adiar o declínio cognitivo que resulta do avançar da idade. O spray foi eficaz tanto em idosos com como sem diabetes tipo 2.

A pesquisa explorou mais a hipótese de que a resistência à insulina no cérebro tenha um papel no agravamento do declínio cognitivo e a especulação de que um spray nasal possa ser uma ferramenta útil no combate ao problema.

A ideia é que a distribuição da insulina pela via nasal envia a hormona diretamente para o cérebro, mas o spray não seria um substituto para as injeções de insulina que os diabéticos têm de tomar, escreve a New Atlas.

Alguns testes clínicos humanos com a insulina intranasal tiveram resultados contraditórios. Um exemplo testou o spray durante 12 meses em pacientes com Alzheimer ou declínio cognitivo leve e não notou melhorias. No entanto, esta nova pesquisa concluiu que o uso do spray é mais eficaz na prevenção do declínio cognitivo no geral do que da demência aguda.

A amostra foi composta por 223 adultos, entre os 50 e 85 anos. Metade dos participantes tinham diabetes tipo 2. Foram divididos em quatro grupos — um grupo de diabéticos recebeu um placebo, um grupo de diabéticos recebeu o spray de insulina, um grupo de pessoas sem diabetes recebem um placebo e o quarto grupo era de não-diabéticos que receberam o spray de insulina.

No início da pesquisa, os participantes completaram uma variedade de testes cognitivos e os autores também registaram a sua velocidade de marcha, já que estudos anteriores concluíram que o ritmo de caminhada de alguém pode determinar a sua saúde neurológica.

No final, os autores notaram que os diabéticos que estavam a usar o spray de insulina melhoraram o seu ritmo de caminhada e tiveram melhores resultados nos testes cognitivos do que os diabéticos que receberam o placebo.

Os não-diabéticos que usaram o spray também notaram melhorias em comparação com os que usaram o placebo e as maiores melhorias foram registadas entre os que já estavam num estado pré-diabético.

Não foram detetados quaisquer efeitos adversos, mas os cientistas sublinham que ainda não se sabe ao certo qual é a dose de insulina ideal e se o uso do spray é seguro a longo prazo.

https://zap.aeiou.pt/spray-nasal-insulina-declinio-cognitivo-477064

 

Leite materno criado em laboratório está cada vez mais perto de existir !


O leite materno é o alimento perfeito para bebés, mas nem todas as mães são capazes de amamentar. Com a adoção, por exemplo, os pais não têm essa opção.

Para tentar combater esta situação, a BIOMILQ, situada na Carolina do Norte, está a trabalhar para criar “leite humano” fora do corpo.

Leila Strickland, co-fundadora e diretora científica da BIOMILQ, foi a primeira a ter essa ideia, em 2013, depois de ter ouvido falar do primeiro hambúrguer do mundo cultivado em laboratório.

Formada em biologia celular, Strickland procurou compreender se uma tecnologia semelhante podia ser utilizada para a cultura de células produtoras de leite humano, de acordo com uma entrevista à CNN Business.

Strickland tinha-se esforçado por produzir leite materno suficiente para o seu primeiro filho. “Muitas mulheres estão a lutar com este problema“, sublinha.

Globalmente, apenas um em cada três bebés recebe tanto leite materno nos seus primeiros seis meses como os especialistas recomendam, segundo a Organização Mundial de Saúde. Em vez disso, muitos pais confiam na fórmula.

A indústria do leite em pó valia mais de 52 mil milhões de dólares em 2021, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado Euromonitor International.

Muitas vezes baseada no leite de vaca em pó, a fórmula é “capaz de satisfazer muitas das necessidades nutricionais”, sublinha Strickland, mas não pode replicar “a complexidade do leite humano“.

Strickland refere ainda que o produto da BIOMILQ, em comparação, corresponde melhor ao perfil nutricional do leite materno do que a fórmula, com proporções mais semelhantes de proteínas, hidratos de carbono e gorduras.

A equipa da BIOMILQ criou o seu produto a partir de células retiradas de tecido mamário humano e leite, doado por mulheres da comunidade local.

Cultivaram as células em frascos, alimentando-as com nutrientes, e depois incubaram-as num biorreator que imita o ambiente num seio. Aqui, as células absorvem mais nutrientes e absorvem os componentes do leite.

A BIOMILQ está ainda a três ou cinco anos de levar um produto ao mercado, realça Strickland. Para começar, precisa de cultivar células mamárias a uma escala muito maior — e a um custo mais baixo.

A empresa também precisa de convencer os reguladores de que o produto é seguro para os bebés, uma tarefa que é especialmente desafiante para uma nova categoria alimentar, como os produtos de leite humano cultivados em laboratório.

“Não existe propriamente um quadro regulamentar“, nota Strickland.

Courtney Miller, consultora de lactação, e apoiante das mães que amamentam, concorda que o leite cultivado em células não é um “substituto do leite materno”.

No entanto, Miller acredita que essa opção pode oferecer aos pais “outra escolha”, particularmente quando se trata de adoção ou de barrigas de aluguer.

“A fórmula neste momento é a única opção nestes casos, a menos que sejam capazes de obter doação de leite materno”, diz Miller.

O acesso ao leite do doador pode ser difícil. Nos Estados Unidos, alimentar um recém-nascido com leite materno de um banco de leite pode custar até 100 dólares por dia. Encontrar um doador online é muitas vezes mais barato, mas acrescenta preocupações de segurança.

Miller também acredita que a BIOMILQ pode promover o estudo científico do leite materno. Ela doou algum do seu próprio leite para o projeto, na esperança de que a sua investigação possa conduzir a novos avanços na nutrição infantil.

https://zap.aeiou.pt/leite-humano-criado-em-laboratorio-esta-cada-vez-mais-perto-de-existir-477150


domingo, 8 de maio de 2022

Há uma mudança preocupante a acontecer no ciclo da água !


As tempestades e as secas vão tornar-se mais graves com a aceleração do ciclo global da água que está a ser causada pelas alterações climáticas.

As alterações climáticas já estão a mudar o ciclo da água na Terra. Um novo estudo publicado na Scientific Reports analisou imagens de satélite e descobriu algumas mudanças preocupantes.

Os dados mostram que as zonas de água doce está cada vez mais doce e a água salgada está cada vez mais salgada num ritmo cada vez mais rápido. Caso esta tendência se mantenha, as tempestades vão tornar-se cada vez mais poderosas.

Está assim a haver uma aceleração severa do ciclo global da água. Com o aumento das temperaturas globais, os cientistas já antecipavam que houvesse uma maior evaporação da água na superfície dos oceanos, o que torna a camada superior dos oceanos mais salgada e torna a atmosfera mais húmida, nota o Science Alert.

Consequentemente, isto levará a um aumento da precipitação noutras partes do mundo, o que leva a que a o sal na água nessas regiões seja diluído e a que os oceanos fiquem menos salgados. Estas alterações podem ter um grande impacto global, alimentando secas em certas regiões e cheias noutras.

“Esta maior quantidade de água a circular na atmosfera também pode explicar o aumento da precipitação que está a ser detetado em algumas áreas polares, onde o facto de estar a chover em vez de nevar está a acelerar o derretimento”, revela a matemática Estrella Olmedo.

Nos pólos há também menos bóias nos oceanos que medem diretamente a salinidade da superfície do mar. Os dados dos satélites são os primeiros a dar uma perspetiva global destas mudanças.

“Onde o vento já não é tão forte, a água à superfície aquece, mas não troca o calor com a água na profundidade, permitindo que a superfície seja mais salgada do que as camadas inferiores e possibilitando o efeito da evaporação que é observado com os satélites. Isto diz-nos que a atmosfera e o oceano interagem de uma forma mais forte do que imaginamos, com consequências importantes nas áreas continentais e polares”, explica o físico Antonio Turiel.

Os modelos climáticos preveem que por cada grau de aumento da temperatura média, o ciclo da água se intensifique em 7%. Na prática, isto significa que as áreas húmidas podem tornar-se 7% mais húmidas e as áreas secas serão 7% mais secas.

Os autores do estudo recomendam ainda que os modelos futuros dos oceanos incluam dados sobre a salinidade recolhidos por satélites, já que estes parecem ser fiáveis na previsão dos fluxos globais de evaporação e precipitação.

https://zap.aeiou.pt/mudanca-preocupante-ciclo-da-agua-476814


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