segunda-feira, 2 de maio de 2022

Cientistas encontram exoplaneta que pode ser habitável mas só durante parte do ano !


Cientistas encontraram um exoplaneta à volta da anã vermelha Gliese 514 numa órbita incomum: fica na zona habitável da estrela, mas apenas durante parte da trajetória. No resto do tempo, está fora da região que permite a presença de água líquida.

Quando os astrónomos procuram planetas pela promessa de vida, atentam na zona habitável, uma região nem demasiado quente nem demasiado fria para a existência de água líquida à superfície.

Contudo, a órbita de um planeta em torno de uma estrela raramente é um círculo perfeito, mas uma elipse ligeiramente alongada. Quanto maior for este alongamento – ou excentricidade –, mais um planeta se move para dentro e para fora da zona habitável da sua estrela.

Agora, uma equipa de cientistas suspeita ter descoberto um planeta excêntrico que entra e sai regularmente da zona habitável da sua estrela. A descoberta coloca um desafio aos cientistas planetários quanto ao que se pode ou não considerar habitável.

A Gliese 514 está localizada a 25 anos-luz da Terra, podendo ser considerada uma vizinha muito próxima do nosso planeta.

Com a ajuda dos dados do Observatório Keck no Havai, do Observatório La Silla no Chile, do Observatório Calar Alto em Espanha e dos satélites Hipparcos, Gaia e TESS, a equipa observou pequenas oscilações da posição da estrela ao longo de quase 25 anos, que indicavam “puxões” gravitacionais causados por planetas em órbita.

Segundo o Inverse, os dados também mostram evidências de que o planeta – Gliese 514 b – pode ser uma super-Terra, um mundo rochoso com pelo menos cinco vezes a massa do nosso planeta.

A órbita excêntrica leva-o para fora da zona habitável durante dois terços da sua trajetória de 140 dias ao redor da sua estrela. Este tipo de órbitas podem ser explicadas pela influência gravitacional de outros mundos à volta da mesma estrela, mas, de acordo com os cientistas, parece que este não é o caso.

Curiosamente, “não encontramos provas de outros planetas no sistema, especialmente os massivos que poderiam ser o gatilho da excentricidade da órbita”, referiu Mario Damasso, astrofísico do Observatório de Turim, em Itália.

A origem da excentricidade da órbita de Gliese 514 b permanece desconhecida.

(dr) NASA

Diagrama com a zona habitável (verde) para estrelas de diferentes temperaturas

A descoberta apanhou os cientistas de surpresa, uma vez que é muito difícil afirmar que a vida poderia ter surgido num planeta que fica na zona habitável apenas durante algum tempo.

Ainda assim, a vida poderia encontrar meios para sobreviver durante a época do ano em que Gliese 514 b está mais distante da região favorável. Aqui na Terra, por exemplo, há alguns seres vivos que sobrevivem através da adoção de um estilo de vida no inverno e outro no verão.

Outra possibilidade apontada pelos cientistas é uma eventual evolução dos seres vivos para uma vida subterrânea, onde as condições podem ser mais estáveis. “Podemos imaginar uma ampla gama de vida fotossintética sintonizada com diferentes níveis de luz e temperatura”, disse Caleb Scharf, diretor de astrobiologia da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, que não participou nesta investigação.

Em última análise, Gliese 514b pode ser um mundo totalmente inóspito e hostil para a vida. A única forma de descobrir é com novas pesquisas.

O artigo científico foi aceite para publicação na Astronomy & Astrophysics e encontra-se disponível no arXiv.

https://zap.aeiou.pt/exoplaneta-que-pode-ser-habitavel-475978


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