Tem estado adormecido nos últimos anos, mas decidiu acordar e abalar toda a região consigo. Um vulcão subaquático perto da Antártida acordou em Agosto de 2020 e causou 85 mil sismos até Novembro desse ano. As conclusões são de um estudo publicado na Communications Earth & Environment.
Estes abalos representaram a maior atividade sísmica alguma vez registada na região e foram provavelmente causados por um “dedo” de magma quente que picou a crosta. O fenómeno não é novo, mas é a primeira vez que foi observado nesta zona.
“Normalmente, estes processos ocorrem ao longo de escalas de tempo geológicas. De certa forma, somos sortudos por testemunhar-mos isto”, revela Simone Cesca, co-autora do estudo, ao Live Science.
Os sismos tiveram lugar em torno do monte submarino Orca, onde existe um vulcão inativo que tem uma altitude de 900 metros e que está baseado no fundo do mar no estreito de Bransfield. Nesta região, a placa tectónica de Phoenix mergulha por debaixo da placa continental da Antártida, o que cria uma rede de falhas.
A equipa de cientistas queria entender o que estava a causar os pequenos sismos, mas a localização do epicentro é remota e há apenas duas estações sísmicas perto, o que limitou o estudo. Para contornar isto, os autores usaram os dados destas estações, mas também de outras duas do sistema de navegação global de satélites e informações de radares.
As duas estações próximas são simples, mas os seus dados foram úteis por detetarem os abalos mais pequenos. As estações mais distantes, por sua vez, têm equipamentos mais sofisticados que fornecem mais detalhes. Ao conjugar os dados, a equipa fez o retrato total do que se passou.
Os dois maiores sismos ocorreram em Outubro e Novembro de 2020, com uma magnitude de 5.9 e 6.0, respetivamente. Depois deste último, a atividade sísmica parou. O solo na ilha do Rei George mexeu-se 11 centímetros e só 4% deste movimento pode ser explicado pelos abalos, com os restante a ser provavelmente causado pela entrada do magma na crosta.
Não há provas de que tenha havido uma erupção subaquática, mas a confirmação só surgirá se os cientistas enviarem uma missão ao estreito que meça a batimetria atual e a compare com os mapas históricos.
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