Temos vindo a conhecer muitas novidades no que toca à produção de
energia limpa. Principalmente estruturas dedicadas ao segmento
automóvel, como estradas produtoras
de energia, estações de abastecimento também elas produtoras e várias
tecnologias nos próprios veículos. Portanto, tudo serve para acolher
aquilo que o Sol e outras fontes limpas nos oferecem. Assim, ter as
linhas de comboio a produzir também é uma excelente ideia.
Apareceu pela mão da empresa Greenrail uma solução que utiliza
tecnologia inovadora para tornar as travessas das linhas mais
eficientes, reduzir o desperdício e gerar energia limpa.
Seguramente ainda se lembra do que falámos no passado ano, que
fechamos há poucas horas. Estradas produtoras de energia, carros que
deixam os motores térmicos, barcos que agora são elétricos e até aviões que não queimam combustível fóssil.
Há um combinar de tecnologias. Se por um lado a ideia é deixar de
poluir com a combustão dos derivados do petróleo, por outro percebe-se a
necessidade de ampliar a rede de produção destas energias limpas.
Linhas de comboio que também produzem energia solar
Já imaginou quantos milhares de quilómetros existem em Portugal de
linha férrea? E no mundo? É um ideia interessante usar este espaço da
linha para recolher energia. Assim, uma empresa teve a iniciativa de
criar uma solução que dá uma utilidade acrescida às travessas que fazem
parte da linha dos comboios.
Embora a inovação, o design e a tecnologia tenham transformado a
maioria das indústrias tradicionais, algumas coisas têm permanecido as
mesmas durante séculos. Na indústria ferroviária, as travessas de
madeira ou de betão permaneceram praticamente inalteradas desde que
foram introduzidas no início do século 20. Não está na hora de evoluir
esta estrutura?
Como surgiu a ideia de travessas produtores de energia?
Em 2005, Giovanni De Lisi, um trabalhador italiano de manutenção e
instalação ferroviária, teve uma ideia que poderá mudar o padrão de toda
a indústria, introduzir a economia circular e fazer a transição da
indústria para a neutralidade de carbono
Greenrail, uma empresa recém-criada com sede em Milão, produz
travessas de betão com uma mistura de plástico reciclado e borracha de
pneus ELT (End of Life Tires). Através do seu processo de economia
circular, cada quilómetro de linha ferroviária feita pela Greenrail
permite a reciclagem de 35 toneladas de plástico e pneus usados.
Economia Circular é um conceito estratégico que assenta na redução,
reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia.
Substituindo o conceito de fim-de-vida da economia linear, por novos
fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação, num processo
integrado, a economia circular é vista como um elemento chave para
promover a dissociação entre o crescimento económico e o aumento no
consumo de recursos, relação até aqui vista como inexorável.
As travessas inovadoras reduzem os custos de manutenção em cerca de
50% porque “o plástico reciclado e a capa de borracha ajudam a reduzir o
desgaste do lastro da via, absorvendo vibrações, diminuindo o movimento
lateral das linhas e aumentando a capacidade de carga em 40%”, explicou
o fundador e CEO da Greenrail De Lisi em entrevista à EJinsight.
Mais que reciclar é possível produzir energia limpa
Embora estas características de reciclagem fossem suficientes para as
tornar muito interessantes, outra ideia equipou de sobremaneira estas
estruturas e podem ser uma revolução. O empresário italiano decidiu
transformar esta peça passiva numa infraestrutura de produção de
energia.
A Greenrail Solar integra painéis solares que convertem a
infraestrutura ferroviária numa central fotovoltaica. Conforme foi
descrito, esta “inovação”, utiliza um sistema piezoelétrico
para gerar eletricidade durante a passagem de um comboio. Uma terceira
versão, Greenrail Linkbox, envia dados para diagnósticos em tempo real,
melhorando a segurança e a manutenção preditiva dos caminhos de ferro.
Cada quilómetro de travessas solares Greenrail pode produzir 35 MWh
por quilómetro, energia suficiente para suprir as necessidades anuais de
eletricidade de 10 residências. Considerando que só na Europa existem
aproximadamente 380 milhões de travessas de betão, o potencial pode ser
enorme.
Projetos piloto estão já a produzir energia
Embora a empresa tenha começado a expandir-se em mercados de alto
potencial como os EUA, Índia, Austrália, Brasil, Rússia, Uganda e
Cazaquistão, em setembro de 2018 abriu o seu primeiro troço piloto de
travessas inteligentes na linha Reggio Emilia – Sassuolo, Itália.
Desde então tem afinado e melhorado a tecnologia. Nesse sentido,
poderemos num futuro próximo ver as linhas de comboio com outro aspeto,
de passivas a ativas na produção de energia.
Fonte: https://pplware.sapo.pt/ciencia/greenrail-ou-o-conceito-de-transformar-as-linhas-ferias-em-produtoras-de-energia-limpa/
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