A Universidade da Pensilvânia quer testar o uso de CRISPR, técnica
genética ficou famosa no ano passado pela sua versatilidade, em seres
humanos. A sigla vem de Clustered Regularly Interspaced Short
Palindromic Repeats, o que basicamente se refere a repetições na cadeia
do DNA que podem ser programadas para direcionar trechos específicos do
código genético e editar o DNA de forma precisa. A ideia é que o sistema
permita a pesquisadores modificarem genes e ativá-los para entender seu
funcionamento.
Segundo o NPR, os pesquisadores estão usando o CRISPR para
editar cadeias de DNA de pacientes com formas de câncer resistentes,
cujo tratamento convencional falhou. São suas pessoas que estão nessa
situação.
A proposta é pegar células imunes dos próprios
pacientes, editá-las usando o CRISPR e, então, devolver ao corpo da
pessoa na esperança de que tais células possam ajudar a combater a
doença.
O
universidade já entrou com um pedido para o procedimento junto à
Agência Nacional de Medicina dos Estados Unidos para a liberação legal.
No total, a pesquisa prevê que pelo menos 18 pacientes passem pelo mesmo
experimento.
A ação, contudo, pode nem ser aprovada pela agência. Isso
porque estudos sobre a técnica ainda precisam passar por discussões
éticas mais aprofundadas.
Uso no câncer
O setor tem
buscado mecanismos que possam criar células comuns com poder de atacar
tumores, chamadas de CAR-T. Pesquisadores já conseguiram modificar
outras células para criação de organismos como esses, mas nunca usando o
CRISPR. Portanto, esta seria a primeira empreitada do método em seres
humanos.
O gene em questão é chamado de PD-1. Contudo,
atualmente, ele é injetado no corpo humano, causando efeitos colaterais
com a quimioterapia. A modificação genética pode ajudar a diminuir a
ação nociva no corpo humano.
Uma pesquisa divulgada
em julho do ano passado, entretanto, pode ser um empecilho para o
andamento das ações da Universidade da Pensilvânia. O documento levantou
que, ao quebrar sequências de DNA usando o sistema, há perda
considerável de material genético. “Os danos genômicos observados em
células mitoticamente ativas causadas pela edição CRISPR-Cas9 podem ter
consequências patogênicas”, informou o trabalho.
Outro ponto de
preocupação de pesquisadores é de que tais inversões possam criar
genótipos complexos e diferentes do esperado com sequências de RNA,
introdução de DNA e perdas acima do esperado: “Nós especulamos que os
levantamentos atuais podem ter ignorado uma proporção substancial de
genótipos potenciais gerados pelo corte e reparo de Cas9 no alvo, alguns
dos quais podem ter consequências patogênicas potenciais após a edição
somática de grandes populações de células mitoticamente ativas”.
Em termos práticos, isso significa que há o risco de a modificação dos genes criarem efeitos diferentes do esperado.
Fonte: https://canaltech.com.br/saude/tecnica-de-manipulacao-genetica-crispr-pode-ser-usada-primeira-vez-em-humanos-137489/
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