O mundo científico viveu hoje um momento histórico com o anúncio da
primeira deteção direta das ondas gravitacionais, teorizadas há 100 anos
pelo físico alemão Albert Einstein.
A
descoberta, hoje anunciada numa conferência de imprensa em Washington
por investigadores da Fundação Nacional de Ciências dos EUA (entidade
que financia o LIGO – Observatório de Interferometria Laser de Ondas
Gravitacionais), é considerada como um dos maiores avanços na física que
abre uma nova perspetiva sobre o universo e os seus mistérios.
As três perguntas essenciais sobre as ondas gravitacionais:
O que são ondas gravitacionais?
As ondas gravitacionais são pequenas ondulações provocadas no tecido
do espaço-tempo que se propagam no universo à velocidade da luz. Albert
Einstein previu as ondas gravitacionais na Teoria da Relatividade Geral,
publicada em 1915.
Ao
abrigo desta teoria, o espaço e o tempo estão entrelaçados em algo
denominado como “espaço-tempo”, um conceito que acrescenta uma quarta
dimensão ao nosso conceito de Universo. A física clássica descreve o
espaço em três dimensões.
O
físico alemão defendeu que a massa deforma o espaço-tempo através da
sua força gravitacional. Uma analogia habitualmente utilizada é
visualizar o espaço-tempo como um trampolim e a massa como uma bola de
‘bowling’ colocada sobre o trampolim.
Os objetos sobre a superfície do trampolim irão “cair” em direção ao centro — representando a gravidade.
Quanto maior a massa do objeto, maior é a onda e mais fácil para os cientistas a detetarem.
As ondas gravitacionais não interagem com a matéria e viajam pela Universo sem qualquer impedimento.
As
ondas mais fortes são provocadas pelos processos mais cataclísmicos: a
coalescência [fusão] de buracos negros, a explosão de estrelas ou o
nascimento do próprio Universo há cerca de 13,8 mil milhões de anos.
Porque é tão importante detetar de forma direta estas ondas gravitacionais?
Este processo dá uma validação direta de uma das previsões de Einstein. É um marco histórico para a comunidade internacional de físicos.
Especificamente, a deteção “abre o caminho para uma nova astronomia, a
astronomia gravitacional”, afirmou, em declarações à agência noticiosa
francesa AFP, Benoît Mours, diretor de investigação do Centro Nacional
de Investigação Científica (França) e um dos elementos envolvidos no
processo hoje anunciado.
A
par dos vários meios eletromagnéticos que permitem atualmente observar o
Cosmo, os astrofísicos vão contar com uma nova ferramenta para observar
os fenómenos violentos no Universo. A deteção das ondas gravitacionais
vai permitir ver o que está a acontecer “no interior” durante a fusão de
dois buracos negros, por exemplo, segundo explicou Benoît Mours.
“As
nossas vidas não vão mudar amanhã de manhã” com a deteção das ondas
gravitacionais, afirmou o investigador francês, frisando, no entanto,
que os avanços tecnológicos realizados para alcançar a deteção de ondas
poderão ter, em última instância, impacto na vida diária das pessoas.
Como decorreu ao longo dos anos o processo de investigação dedicado às ondas gravitacionais?
Antes do anúncio de hoje, as ondas gravitacionais só tinham sido detetadas indiretamente.
Einstein
tinha consciência que seria muito difícil observar as ondas
gravitacionais. Durante 50 anos, não existiu qualquer progresso nesta
matéria. Só na década de 1950, um físico norte-americano, Joseph Weber,
avançou para a construção de detetores, sendo considerado como um
pioneiro na área.
Em
1974, a observação de um pulsar – uma estrela de neutrões que emite
radiação eletromagnética intensa numa determinada direção, como um farol
-, em órbita de outro astro, permitiu deduzir que as ondas
gravitacionais existiam.
Os americanos Russell Hulse e Joseph Taylor seriam distinguidos com o prémio Nobel da Física em 1993 por esta descoberta.
Na
década de 1990, os Estados Unidos decidem construir o LIGO (The Laser
Interferometer Gravitational-Wave Observatory), um observatório
ambicioso composto por dois mecanismos gigantes que utilizam como fonte
de luz um laser infravermelho. Um deles está no Estado federal do
Louisiana e o outro no Estado de Washington.
A
França e a Itália avançaram com o detetor gravitacional VIRGO,
localizado nas instalações do Observatório Gravitacional Europeu (EGO),
perto da cidade italiana de Pisa.
Em
2007, as duas estruturas (LIGO E VIRGO) decidiram trabalhar em
parceria, trocando dados em tempo real e analisando dados em conjunto.
Nos últimos anos, a estrutura do LIGO foi submetida a importantes modificações e permaneceu inativa.
O
detetor avançado LIGO voltou a funcionar em setembro de 2015. E seria o
responsável pela deteção direta, a 14 de setembro, da onda
gravitacional GW150914.
O
detetor VIRGO também sofreu o mesmo tipo de transformações, mas ainda
não foi reiniciado. Deve começar a funcionar novamente ainda este ano,
no outono.
Fonte: http://www.msn.com/pt-pt/noticias/tecnologia/ondas-gravitacionais-de-einstein-o-que-precisa-saber/ar-BBpoXry?li=BBoPWjC&ocid=SK2MDHP
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