Novas evidências envolvendo a antiga megafauna que uma vez percorreu a
Austrália indicam que a causa primária de sua extinção, cerca de 45.000
anos atrás, foi provavelmente a ação de seres humanos, não a mudança
climática.
O
estudo, feito por pesquisadores da Universidade Monash, em Victoria, na
Austrália, e da Universidade do Colorado em Boulder, nos EUA, usou
informações de um núcleo de sedimentos perfurado no Oceano Índico ao
largo da costa sudoeste do país, a fim de ajudar a reconstruir o clima
passado e ecossistemas da região.
Não há evidência de mudança climática significativa durante a extinção dos enormes animais que viveram na região.
A extinção
O núcleo de sedimentos contém camadas cronológicas de material
soprado pelo vento e lavado no oceano, incluindo poeira, pólen, cinzas e
esporos de um fungo chamado Sporormiella que prosperou no esterco de mamíferos que comiam plantas.
Isso permitiu que os cientistas olhassem para trás no tempo, abrangendo o último ciclo glacial total da Terra.
Esporos fúngicos de esterco de mamíferos eram abundantes nas camadas de
150.000 anos atrás até cerca de 45.000 anos atrás, quando começaram a
diminuir bastante.
“A
abundância desses esporos é uma boa evidência de que havia um grande
número de grandes mamíferos na paisagem australiana do sudoeste até
cerca de 45.000 anos atrás”, disse Gifford Miller, da Universidade do
Colorado, um dos autores do novo estudo. “Então, em uma janela de tempo
que durou apenas alguns milhares de anos, a população de megafauna
desmoronou”.
A megafauna
A coleção australiana de megafauna, cerca de 50.000 anos atrás,
incluía cangurus de 450 kg, vombates de 2 toneladas, lagartos de 7
metros de comprimento, aves não voadoras de 180 kg, leões marsupiais de
130 kg e tartarugas do tamanho de carros.
Mais de 85% dos mamíferos, pássaros e répteis da Austrália que
pesavam mais de 100 quilos foram extintos logo após a chegada dos
primeiros seres humanos.
O núcleo de sedimentos oceânicos mostrou que o sudoeste é uma das
poucas regiões no continente australiano que tinha densas florestas há
45.000 anos, e as possui até hoje, tornando-se um viveiro para a
biodiversidade.
“É uma região com algumas das primeiras evidências de seres humanos
no continente, e onde esperamos que muitos animais tenham vivido”, disse
Miller. “Devido à densidade de árvores e arbustos, poderia ter sido um
de seus últimos habitats cerca de 45.000 anos atrás. Não há evidência de
mudança climática significativa durante essa época da extinção
megafauna”.
Caça exagerada
Os cientistas vêm debatendo as causas das extinções da megafauna australiana há décadas.
Alguns afirmam que os animais não poderiam ter sobrevivido a mudanças
no clima, incluindo uma há cerca de 70.000 anos, quando grande parte da
paisagem do sudoeste da Austrália passou de um ambiente de floresta de
eucaliptos para uma paisagem árida, com vegetação escassa.
Outros sugeriram que os animais foram caçados à extinção pelos primeiros
imigrantes que colonizaram a maior parte do continente há 50 mil anos,
ou ainda uma combinação de excesso de caça e mudança climática.
Miller afirma que a extinção pode ter sido causada por uma caça
“exagerada imperceptível”. Um estudo realizado em 2006 por pesquisadores
australianos indica que mesmo a caça de baixa intensidade da megafauna
australiana – como a morte de um mamífero juvenil por pessoa por década –
poderia ter resultado na extinção de uma espécie em apenas algumas
centenas de anos.
Fonte: http://hypescience.com/humanos-e-nao-mudanca-climatica-destruiram-megafauna-australiana/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+feedburner%2Fxgpv+%28HypeScience%29
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