Esquema do movimento de translação da Terra em redor do Sol
Às 14 horas e 18 minutos deste 4 janeiro de 2017, o planeta Terra vai
estar no ponto mais próximo ao Sol que alcançará este ano. É o
“periélio”: o planeta estará a apenas 147,1 milhões de quilómetros da
sua estrela, menos cinco milhões de quilómetros do que quando está no
ponto mais afastado – o “afélio”, alcançado a meio do verão no
hemisfério norte. Em termos astronómicos, esta diferença é
insignificante. E na prática só vai ter duas consequências: para quem
está com os pés assentes na terra, o diâmetro aparente do Sol parecerá
maior (porque estamos mais perto dele); além disso, a Terra vai por o pé
no acelerador e alcançará a sua velocidade máxima na viagem em redor da
estrela.
A Terra aproxima-se e afasta-se do Sol em certos
momentos da sua translação porque o percurso do planeta não é
perfeitamente redondo: é uma elipse. Isso influencia a duração das
estações do ano. Quando o nosso planeta está no ponto mais próximo do
Sol, a sua velocidade em redor dele aumenta: assim que se aproximar o
mais possível da nossa estrela, vai passar a andar a 30,3 quilómetros
por segundo (ou 110.700 km/h). É uma diferença de 2 quilómetros por
segundo em relação à velocidade que tem quando está no ponto mais
afastado do Sol, ou seja, na quarta-feira a Terra vai ter a mais 7.164
km/h do que no afélio.
É por isto que o inverno do hemisfério norte (e o verão do
hemisfério sul) são as estações mais curtas. O nosso verão – de junho a
setembro – tem mais cinco dias do que o nosso inverno – de dezembro a
março. E, por consequência, o inverno do hemisfério sul tem mais cinco
do dias do que o verão.
Quem se deu conta destas diferenças foi o astrónomo alemão Johannes
Kepler. Depois de analisar os apontamentos deixados pelo seu mestre,
Tycho Brahe, percebeu que o percurso da Terra em redor do Sol não podia
ser circular, mas sim elíptico. Foi então que postulou que “os planetas
descrevem trajetórias elípticas em redor do Sol, que ocupa um dos focos
da elipse”.
Esta era a sua primeira lei. A segunda lei de Kepler
falava então da velocidade: “Cada planeta move-se de tal maneira que a
reta imaginária que o une ao centro do Sol (denominada rádio-vector)
cobre áreas iguais em tempos iguais”. Isso significa que, quando está
mais perto do Sol, tem de percorrer uma distância maior e portanto a sua
velocidade aumenta. Quando está mais longe dele, tem de percorrer uma
distância menor, logo a sua velocidade diminui. Claro que, quando fez
estas observações, Kepler não sabia que força levava os astros a
comportarem-se deste modo. Foi Newton quem o descobriu: a força que
ordenava estes movimentos era a gravidade. E explicou-o através de uma
lei: “A força de atração entre dois corpos separados por uma distância
“r” é proporcional ao produto das suas massas e inversamente
proporcional ao quadrado da distância”.
Tudo isto pode causar
estranheza porque seria de acreditar que, se estamos mais perto do Sol,
então a estação deveria ser mais quente. Mas as coisas não funcionam
assim por causa da inclinação da Terra. É que o nosso planeta não anda
direito: está “deitado” para um dos lados numa inclinação de 23,5º em
relação ao eixo. Essa inclinação da Terra determina também a inclinação
com que os raios solares chegam à superfície terrestre. Quanto mais
perpendiculares à Terra forem os raios, maior a quantidade de energia
que dissipa quando chegam à atmosfera e, portanto, menor a quantidade de
energia que chega ao chão. Como, na fase de periélio, o hemisfério
norte está menos junto ao Sol, a energia transportada pelos raios é mais
baixa cá em cima e mais alta no hemisfério sul. Por isso é que cá é
inverno e lá é verão.
Fonte: http://observador.pt/2017/01/03/aperte-o-cinto-a-terra-vai-ser-mais-rapida-na-quarta-feira/
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