O cientista David Kipping recorreu a uma técnica estatística
para aferir a probabilidade de haver vida inteligente noutro planeta que
não a Terra.
Há vida e inteligência noutro planeta para além da Terra? Esta é uma
pergunta à qual ninguém pode dar uma resposta. Desde a antiguidade que o
ser humano se questiona se está sozinho no Universo e, cada vez mais,
esta é uma pergunta que nos gera curiosidade.
Os registos geológicos mostram que a vida no nosso planeta começou
relativamente rápido, assim que se reuniram condições que a suportassem.
Mas, apesar de saber quando é que a vida apareceu pela primeira vez a
Terra, os cientistas não entendem como é que ela apareceu. Saber
responder a isto permitiria procurar com mais critério nova vida fora do nosso planeta.
Num estudo publicado esta
terça-feira na revista científica Proceeding of the National Academy of
Sciences, o cientista David Kipping mostra como uma técnica estatística
chamada inferência Bayesiana pode revelar como é que a vida extraterrestre complexa pode evoluir noutros planetas.
“O rápido surgimento da vida e a evolução tardia da humanidade, no
contexto da linha do tempo da Evolução, são certamente sugestivos”,
disse Kipping, citado pelo Phys. “Mas neste estudo, é possível quantificar o que os factos nos dizem“.
Kipping usou a cronologia das primeiras evidências de vida e evolução
da humanidade e questionou-se quantas vezes esperaríamos que a vida e
inteligência reemergissem se a história da Terra se repetisse.
Para tal, definiu quatro hipóteses possíveis: a vida
é comum e frequentemente desenvolve inteligência; a vida é rara, mas
frequentemente desenvolve inteligência; a vida é comum e raramente
desenvolve inteligência; e a vida é rara e raramente desenvolve
inteligência. A partir daqui, pôs a inferência Bayesiana em ação.
“A técnica é semelhante às odds de apostas”, disse Kipping. “Ela incentiva o teste repetido de novas evidências contra a sua posição, em essência num ciclo de feedback positivo para refinar as suas estimativas de probabilidade de um evento”.
A análise baseia-se em evidências de que a vida surgiu num espaço de
tempo de 300 milhões de anos após a formação dos oceanos da Terra.
Kipping enfatiza que a probabilidade é pelo menos 10.00 ou superior, dependendo do valor real da frequência com que a inteligência se desenvolve.
A conclusão é que, se planetas com condições e linhas de tempo
evolutivas semelhantes à Terra são comuns, então a vida deve ter uma
probabilidade relativamente alta de surgir espontaneamente noutros
planetas. A resposta final não é concreta, mas Kipping estima que a probabilidade de se haver vida inteligente será de 2.50.
A probabilidade é justificada pela relativamente tardia aparição da
humanidade na janela habitável da Terra, sugerindo que o seu
desenvolvimento não foi um processo fácil nem garantido.
“Se rebobinássemos a história da Terra, o surgimento da inteligência é realmente um tanto improvável”,
disse Kipping. “A análise não pode fornecer certezas ou garantias,
apenas probabilidades estatísticas baseadas no que aconteceu aqui na
Terra”.
“No entanto, de forma encorajadora, o caso de um Universo repleto de
vida aparece como a aposta preferida. A procura por vida inteligente em
mundos além da Terra não deve ser de modo algum desencorajada”, conclui.
https://zap.aeiou.pt/probabilidade-vida-inteligente-planeta-325355
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