A tempestade de areia marciana de 2018 deu um gás nunca antes visto à atmosfera do planeta. A ExoMars detetou vestígios de cloreto de hidrogénio em Marte.
O cloreto de hidrogénio (HCl), gás composto por um átomo de hidrogénio e um de cloro que, quando dissolvido em água, dá origem ao conhecido ácido clorídrico, acaba de dar aos cientistas um novo mistério para resolver: como é que chegou a Marte?
“Descobrimos cloreto de hidrogénio pela primeira vez em Marte”, disse o físico Kevin Olsen, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, citado pelo Science Alert. “Esta é a primeira deteção de um gás halogeno na atmosfera de Marte e representa um novo ciclo químico a ser entendido.”
Como o gás foi “farejado” pela sonda nos hemisférios norte e sul do Planeta Vermelho durante a tempestade de poeira, longe de outros gases vulcânicos, os cientistas sugerem que o cloreto de hidrogénio estava a ser produzido por outro processo que não a atividade vulcânica.
Para originar cloreto de hidrogénio, é necessária a presença de cloreto de sódio (o sal comum), que sobra dos processos evaporativos. Há muito em Marte, que se acredita ser o remanescente dos antigos lagos salgados. Quando uma tempestade de poeira agita a superfície, o cloreto de sódio é lançado na atmosfera.
Outra hipótese é suportada pelas calotas polares marcianas que, quando aquecidas durante o verão, sublimam. Quando o vapor de água resultante se mistura com o sal, a reação liberta cloro, que reage posteriormente para formar cloreto de hidrogénio.
“É necessário vapor de água para libertar o cloro e subprodutos da água – o hidrogénio – para formar o cloreto de hidrogénio. A água é crítica nesta química”, disse Olsen. “Também observamos uma correlação com a poeira: vemos mais HCl quando a atividade da poeira aumenta, um processo ligado ao aquecimento sazonal do hemisfério sul.”
Este último modelo é apoiado por uma deteção de cloreto de hidrogénio durante a temporada de poeira de 2019, que a equipa ainda está a analisar.
A confirmação ainda está pendente, pelo que observações futuras e contínuas vão ajudar os cientistas a formar uma imagem mais abrangente dos ciclos do processo e a desvendar este mistério. O artigo científico com as descobertas foi publicado no dia 10 de fevereiro na Science Advances.
https://zap.aeiou.pt/detetado-em-marte-gas-nunca-visto-380003
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