Por vezes, na ciência, quando os investigadores se propõe a encontrar algo que previram, acabam por encontrar uma coisa complemente diferente.
Foi o caso dos astrónomos da agência espacial norte-americana (NASA) e da agência espacial europeia (ESA) que, com recurso ao Huble Space Telescope, examinaram o núcleo de um aglomerado globular – uma “bola” de estrelas velhas densamente compactadas – chamada NGC 6397. O objetivo dos cientistas era encontrar um buraco negro central de massa intermédia, mas acabaram por descobrir um enxame de pequenos buracos negros, revelaram as agências espaciais NASA e ESA, no dia 11 de fevereiro.
De acordo com o Earth Sky, existem dois tipos de buracos negros: o buraco negro de massa estelar, que se forma quando uma grande estrela fica sem combustível e entra em colapso, e que pesa apenas algumas vezes a massa do nosso Sol; e o buraco negro supermassivo que se acredita existir no centro de cada grande galáxia e conter a massa de muitos milhões de estrelas.
Além desses dois tipos, os cientistas acreditam que também existe um tipo de buraco negro intermédio – com uma massa intermédia de 100 a 100 mil vezes a massa do nosso Sol. Mas, apesar de existirem vários candidatos a buraco negro intermediário, só existem alguns confirmados.
Os astrónomos escolheram analisar o aglomerado globular NGC 6397 porque, além de ser um dos mais próximos da Terra – a 7.800 anos-luz de distância -, seria o lugar ideal para encontrar buracos negros de tamanho médio por causa da coleção densa de estrelas no seu núcleo.
A análise dos dados do Huble Space Telescope e do Gaia Space Observatory não forneceu, no entanto, evidência de um buraco negro de tamanho médio. Em vez disso, foi detetada a primeira coleção de buracos negros no centro de um aglomerado globular.
Os aglomerados globulares são grandes coleções esféricas de estrelas que orbitam na periferia das galáxias. Além disso, são, por vezes, tão antigos quanto o próprio universo.
Um aglomerado globular com núcleo colapsado, como NGC 6397, é velho o suficiente para que as estrelas mais massivas gravitem em direção ao centro do aglomerado e que as estrelas mais jovens tenham viajado em direção à periferia – o que faz com que o seu núcleo seja muito denso.
Como não é possível observar diretamente estes buracos negros intermédios, os astrónomos analisaram o movimento e velocidade das estrelas do aglomerado para perceberem a distribuição da sua massa – os locais onde as estrelas se movem mais rápido correspondem a áreas onde existe mais massa concentrada.
No entanto, descobriram que a distribuição das estrelas em NGC 6397 não estava confinada a uma localização central, semelhante a um ponto no núcleo, como seria de esperar na presença de um buraco negro de tamanho intermediário.
Em vez disso, a massa parecia espalhar-se mais aleatoriamente, estendendo-se a uma pequena percentagem do tamanho do aglomerado.
Assim, com base na evolução estelar, a equipa de cientistas concluiu que os restos de estrelas na forma de buracos negros de massa estelar estão a povoar as regiões internas do aglomerado globular – que é capaz de hospedar mais de 20 buracos negros do tipo “mais leve” que existe.
https://zap.aeiou.pt/enxame-pequenos-buracos-negros-382834
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