Um mistério cósmico com 900 anos, em torno das origens de uma famosa supernova observada pela primeira vez na China no ano 1181, foi finalmente resolvido.
Uma nova investigação, publicada dia 15 de setembro no The Astrophysical Journal Letters, sustenta que uma nuvem (ou nebulosa) ténue e em rápida expansão, de nome Pa 30, em torno de uma das estrelas mais quentes da Via Láctea, conhecida como Estrela de Parker, encaixa no perfil, localização e idade da supernova histórica.No último milénio (começando no ano 1006), só houve cinco supernovas brilhantes na Via Láctea. Destas, a supernova chinesa, também conhecida como “Estrela Convidada” de 1181, tem permanecido um mistério.
Foi originalmente vista e documentada por astrónomos chineses e japoneses no século XII, que disseram que era tão brilhante quanto Saturno e permaneceu visível durante seis meses. Também registaram uma localização aproximada no céu, mas nenhum vestígio confirmado da explosão tinha sequer sido identificado pelos astrónomos modernos.
As outras quatro supernovas são agora bem conhecidas da ciência moderna e incluem a famosa Nebulosa do Caranguejo.
A origem desta explosão do século XII permaneceu um mistério até à última descoberta feita por uma equipa de astrónomos internacionais de Hong Kong, do Reino Unido, Espanha, Hungria e França, incluindo o professor Albert Zijlstra da Universidade de Manchester.
No novo artigo científico, os astrónomos descobriram que a nebulosa Pa 30 está a expandir-se a uma velocidade extrema de mais de 1100 km/s (a essa velocidade, viajar da Terra à Lua levaria apenas 5 minutos). Eles usaram esta velocidade para derivar uma idade que ronda os 1000 anos, que coincidiria com os eventos do ano 1181.
O professor Zijlstra explica: “Os relatos históricos colocam a Estrela Convidada entre duas constelações chinesas, Chuanshe e Huagai. A Estrela de Parker encaixa bem na posição. Isso significa que tanto a idade quanto a localização correspondem aos eventos de 1181.”
Pa 30 e a Estrela de Parker foram propostos anteriormente como resultado da fusão de duas anãs brancas. Pensa-se que tais eventos levem a um tipo raro e relativamente ténue de supernova, chamada “supernova do Tipo Iax“.
O professor Zijlstra acrescentou: “Apenas mais ou menos 10% das supernovas são deste tipo e não são bem compreendidas. O facto de SN1181 ter sido fraca, mas ter desvanecido muito lentamente, encaixa neste tipo. É o único evento onde podemos estudar a nebulosa remanescente e a estrela resultante da fusão, e também ter uma descrição da própria explosão.”
A fusão de estrelas remanescentes, anãs brancas e estrelas de neutrões, dá origem a reações nucleares extremas e forma elementos pesados e altamente ricos em neutrões, com ouro e platina.
“A combinação de todas estas informações como idade, localização, brilho do evento e duração historicamente registada de 185 dias, indica que a Estrela de Parker e Pa 30 são as contrapartes de SN1181. Esta é a única supernova do Tipo Iax onde estudos detalhados da estrela remanescente e da nebulosa são possíveis. É bom ser capaz de resolver um mistério histórico e astronómico”, rematou Zijlstra.
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