Um novo estudo aponta possíveis efeitos da evolução da tecnologia e concluiu que ver rostos humanos duplicados tende a causar desconforto nas pessoas.
Uma nova investigação publicada na PLOS One concluiu que os rostos humanos duplicados tendem a causar emoções negativas nos espectadores. As conclusões servem como aviso de que tecnologias futuras de robôs ou de clonagem poderão ter efeitos psicológicos negativos, escreve a PsyPost.
“O desenvolvimento rápido de tecnologia humanoide é muito entusiasmante para as pessoas. Mas quando imagino a produção massiva de androides no futuro, achei que íamos estar rodeados de entidades parecidas com humanos com o mesmo rosto (como o Agent Smith no The Matrix)”, afirmou Fumiya Yonemitsu, um dos autores do estudo da Universidade de Kyushu.
O cientista ficou apavorado com esse futuro hipotético e o que sentiu motivou o estudo. “Adoro histórias de ficção científica que frequentemente incluem essas situações, mas estava horrorizado ao pensar que seria assim um futuro mundo. Também fiquei curioso de esta era uma resposta emocional que os humanos têm em geral”, explica.
Foram feitas seis experiências a 2135 japoneses adultos e os investigadores encontraram provas consistentes de que os rostos humanos clonados criam uma sensação de apreensão e improbabilidade. “A maior descoberta é que temos uma impressão estranha de pessoas com caras com exactamente a mesma aparência, o efeito de desvalorização do clone”, diz Yonemitsu.
“Isto sugere um futuro irónico. Mesmo que a tecnologia seja avançada o suficiente para ultrapassar o efeito do vale misterioso, se implementarmos um número grande de robots humanoides produzidos de forma massificada, tal como fazemos com os electrónicos hoje em dia, vai haver um fenómeno estranho”, acrescenta.
O estudo concluiu também que quanto mais aumentava o número de rostos clonados, mas aumentava a sensação de estranheza – ver quatro clones era mais esquisito do que ver dois. Mas parece que essa sensação se limita a caras humanoides, já que os focinhos de cães clonados e as cópias de rostos humanos desenhados não causaram o mesmo efeito.
Também foram analisadas as caras de gémeos famosos, mas a sensação já era menor, o que sugere que mais do que duplicação da cara, é a duplicação da identidade que motiva a estranheza.
Mas esta pesquisa tem as suas limitações. “As caras clonadas apresentadas no estudo foram apenas imagens. Sabemos que há algumas preocupação em termos da validade e da práctica. A medida ideal seria criar realmente um número de humanos clonados ou androides com a mesma cara e perguntar as impressões às pessoas”, explica Yonemitsu.
Os investigadores deixam um alerta para o futuro e apelam a que sejam feitas mais análises. “Os estudos futuros têm de considerar as suas limitações e ir além destas. Por exemplo, vai ser necessário ter os participantes a olhar para as caras dos clones num ambiente mais realista, usando realidade virtual ou usando seres humanos verdadeiros com maquilhagem especial que os faça parecer iguais”, remata Yonemitsu ao PsyPost.
https://zap.aeiou.pt/os-psicologos-descobriram-um-novo-misterioso-fenomeno-o-efeito-de-desvalorizacao-do-clone-431279
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