quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Os buracos negros não são portais para outros lugares do Universo !


Podem os buracos negros ser túneis para outros locais no espaço-tempo? E conectar diferentes regiões do universo? Um novo estudo responde a estas questões.

Os buracos negros são um conceito bastante complexo. Têm continuamente questionado a física e o seu estudo mostra as limitações do nosso conhecimento.

Segundo a IFL Science, o problema crucial é o Paradoxo da Informação. A matéria não pode escapar aos buracos negros, pelo que a partir do momento em que alguma coisa atinja um buraco negro, a sua informação perde-se para sempre.

Este paradoxo, que impede um estudo mais aprofundado, foi uma das áreas em que Stephen Hawking se concentrou.  

O seu trabalho, bem como o de outros investigadores, permitiu compreender que os buracos negros simplesmente evaporam, mas a informação pode ser, de alguma forma, preservada.

A compreensão desse fenómeno pode dar trazer grandes avanços para a busca da unificação da mecânica quântica, com uma teoria da gravidade.

A Teoria das Cordas tem ajudado os investigadores a compreender melhor o fenómeno. Consiste em um modelo físico matemático, onde os blocos fundamentais são objetos extensos unidimensionais, semelhantes a uma corda, e não pontos sem dimensão, como partículas, que são a base da física tradicional.

Até agora não há provas de que esta seja a teoria correta, mas a sua capacidade de encontrar soluções para as grandes questões em aberto na física tem sido apelativa para muitos cientistas.

Relativamente ao Paradoxo da Informação, existem múltiplas hipóteses sobre como resolver a questão com a teoria das cordas, incluindo a ideia de que os buracos negros são como wormholes, algo muito popular na ficção científica.

Os wormholes são uma ligação a dois pontos diferentes no espaço-tempo, mas não há provas, até hoje, que mostrem a sua existência.

Uma teoria diferente perceciona os buracos negros como “bolas de pelo”, construções complicadas que irradiam energia e, portanto, informação.

Segundo esta teoria, os buracos negros não estão maioritariamente vazios, com toda a sua massa contida no centro. São estruturas de cordas complexas.

“O que descobrimos a partir da Teoria das Cordas é que a massa de um buraco negro não está a ser toda sugada para o centro”, explicou Samir Mathur, professor da Universidade Estatal de Ohio.

“O buraco negro tenta apertar as coisas até um certo ponto, mas depois as partículas são esticadas nestas cordas, e as cordas começam a expandir-se e tornar-se nesta bola de pelo que aumenta para encher o buraco negro na sua totalidade”.

O docente apresentou a ideia dos buracos negros como bolas de pelo há 18 anos, e pôs à prova tanto essa hipótese, como o wormhole.

De acordo com o estudo publicado em novembro por Mathur, em conjunto com outros investigadores, a abordagem do wormhole não funciona.

“Em cada uma das versões que foram propostas para a abordagem do wormhole, descobrimos que a física não era consistente“, afirmou o professor.

“O paradigma do wormhole tenta argumentar que, de alguma forma, ainda se poderia pensar no buraco negro como sendo efetivamente vazio, com toda a massa no centro. E os teoremas que provamos mostram que tal não é uma possibilidade“.

O estudo é certamente intrigante, mas há ainda um enorme debate sobre se a Teoria das Cordas é a melhor forma de explicar a realidade.

Portanto, os buracos negros podem ser ainda mais caricatos do que os wormholes e do que as bolas de pelo. Ou não.

https://zap.aeiou.pt/os-buracos-negros-nao-sao-portais-para-outros-lugares-do-universo-455990


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