As vespas-das-galhas não saem muito. Durante a maior parte do seu ano de vida, estes pequenos insetos encontram-se em criptas semelhantes a casulos nas folhas, flores, e caules de carvalhos.
Quando chega a primavera, não há tempo a perder, nem sequer para comida. As vespas têm apenas dias para acasalar e pôr ovos antes de morrerem.
Segundo o Science Alert, durante a maior parte do ano, os investigadores que estudam estes insetos aguardam pacientemente, até poderem observar as vespas.
Até agora, existem mais de 1.000 espécies de vespas-das-galhas identificadas no mundo. Devido à curta duração de vida dos insetos, ainda estamos a encontrar cada vez mais, incluindo a mais recente descoberta.
Também não foi uma jornada fácil identificar e compreender esta nova espécie. Os investigadores da Rice University demoraram quatro anos a estudar a vespa, apesar de o inseto ter sido encontrado no seu quintal.
A vespa milimétrica, chamada Neuroterus valhalla, foi descoberta pela primeira vez por Pedro Brandão-Dias, em 2018, no carvalho fora do bar da universidade, conhecido como Valhalla.
Brandão-Dias, o autor principal do estudo sobre a N. valhalla, publicado na Wiley Online Library em janeiro, estava à procura de outra espécie de vespa-das-galhas, conhecida por viver nessa mesma árvore.
Mas um olhar mais atento sugeriu que algumas das pernas da vespa eram de uma cor ligeiramente diferente da que deveriam ser.
Havia duas explicações possíveis. Ou a vespa era uma espécie nova, ou era uma geração diferente de uma já conhecida.
Por mais estranho que possa parecer, cada geração de vespa-das-galhas alterna entre a reprodução sexual e a reprodução assexuada.
Quando uma vespa fêmea assexuada põe os seus ovos, cria descendência sexual masculina e feminina. Contudo, quando esses descendentes se reproduzem, só põem ovos de fêmeas assexuadas. Este ciclo reprodutivo torna as vespas difíceis de seguir ao longo de várias gerações.
Para determinar se as vespas com patas de cor mais clara eram uma nova espécie ou uma geração diferente de uma espécie conhecida, os investigadores precisaram de encontrar ambas as gerações.
A primeira geração de N. valhalla foi encontrada na flor de um carvalho. A árvore desenvolve estas flores quando os insetos são apenas crias, para saciar a fome.
No entanto, quando as vespas adultas emergem em março, deixa de haver flores para elas porem os seus ovos. Os insetos adultos precisam de “aconchegar” a próxima geração a alguma outra estrutura na árvore.
Em 2019, investigadores à procura de vespa-das-galhas na Florida e encontraram duas espécies diferentes dentro de criptas perto dos caules do carvalho. A análise de ADN confirmou que uma destas espécies era a geração desaparecida de N. valhalla.
Os investigadores da Rice recolheram flores dos carvalhos e colocaram-nas em tecidos diferentes da árvore numa placa de petri.
Após duas ou três semanas, as vespas finalmente emergiram das suas criptas e começaram a pôr os seus ovos em caules próximos. Essa segunda geração levou então 11 meses a aparecer e voltou a pôr ovos.
Os investigadores confirmaram o ciclo de vida no laboratório, examinando carvalhos vivos em Austin, no Texas, onde já tinham reparado anteriormente em N. valhalla, embora não fosse possível encontrar machos.
Ambas as gerações de N. valhalla têm apenas dois dias para explorar o mundo exterior, e o Texas tem tido temperaturas muito mais frias do que o habitual na primavera, o que levou os investigadores acreditarem que existe a hipótese destes animais lutarem para sobreviver numa crise climática.
“Apesar da pequena dimensão das suas fêmeas, N.valhalla parece ser uma em dezenas de milhões todos os anos, quando emerge das fêmeas como adulto, tornando-a um exemplo da diversidade biológica negligenciada e não descrita, encontrada num centro urbano conhecido”, escrevem os autores.
Parasitas como a vespa-das-galhas formam complexas teias alimentares interligadas nos nossos ecossistemas, com impacto não só no carvalho em que vivem mas também em outros parasitas que as comem. Se desaparecerem, podem desencadear um efeito dominó.
Um único carvalho, como o que se encontra na Rice University, por exemplo, consegue acolher por si só mais de 100 espécies. No entanto, muitas vespa-das-galhas tiveram apenas uma geração identificada.
https://zap.aeiou.pt/ja-foi-identificada-a-especie-de-vespa-que-apenas-sai-de-casa-2-dias-na-sua-vida-460240
Quando chega a primavera, não há tempo a perder, nem sequer para comida. As vespas têm apenas dias para acasalar e pôr ovos antes de morrerem.
Segundo o Science Alert, durante a maior parte do ano, os investigadores que estudam estes insetos aguardam pacientemente, até poderem observar as vespas.
Até agora, existem mais de 1.000 espécies de vespas-das-galhas identificadas no mundo. Devido à curta duração de vida dos insetos, ainda estamos a encontrar cada vez mais, incluindo a mais recente descoberta.
Também não foi uma jornada fácil identificar e compreender esta nova espécie. Os investigadores da Rice University demoraram quatro anos a estudar a vespa, apesar de o inseto ter sido encontrado no seu quintal.
A vespa milimétrica, chamada Neuroterus valhalla, foi descoberta pela primeira vez por Pedro Brandão-Dias, em 2018, no carvalho fora do bar da universidade, conhecido como Valhalla.
Brandão-Dias, o autor principal do estudo sobre a N. valhalla, publicado na Wiley Online Library em janeiro, estava à procura de outra espécie de vespa-das-galhas, conhecida por viver nessa mesma árvore.
Mas um olhar mais atento sugeriu que algumas das pernas da vespa eram de uma cor ligeiramente diferente da que deveriam ser.
Havia duas explicações possíveis. Ou a vespa era uma espécie nova, ou era uma geração diferente de uma já conhecida.
Por mais estranho que possa parecer, cada geração de vespa-das-galhas alterna entre a reprodução sexual e a reprodução assexuada.
Quando uma vespa fêmea assexuada põe os seus ovos, cria descendência sexual masculina e feminina. Contudo, quando esses descendentes se reproduzem, só põem ovos de fêmeas assexuadas. Este ciclo reprodutivo torna as vespas difíceis de seguir ao longo de várias gerações.
Para determinar se as vespas com patas de cor mais clara eram uma nova espécie ou uma geração diferente de uma espécie conhecida, os investigadores precisaram de encontrar ambas as gerações.
A primeira geração de N. valhalla foi encontrada na flor de um carvalho. A árvore desenvolve estas flores quando os insetos são apenas crias, para saciar a fome.
No entanto, quando as vespas adultas emergem em março, deixa de haver flores para elas porem os seus ovos. Os insetos adultos precisam de “aconchegar” a próxima geração a alguma outra estrutura na árvore.
Em 2019, investigadores à procura de vespa-das-galhas na Florida e encontraram duas espécies diferentes dentro de criptas perto dos caules do carvalho. A análise de ADN confirmou que uma destas espécies era a geração desaparecida de N. valhalla.
Os investigadores da Rice recolheram flores dos carvalhos e colocaram-nas em tecidos diferentes da árvore numa placa de petri.
Após duas ou três semanas, as vespas finalmente emergiram das suas criptas e começaram a pôr os seus ovos em caules próximos. Essa segunda geração levou então 11 meses a aparecer e voltou a pôr ovos.
Os investigadores confirmaram o ciclo de vida no laboratório, examinando carvalhos vivos em Austin, no Texas, onde já tinham reparado anteriormente em N. valhalla, embora não fosse possível encontrar machos.
Ambas as gerações de N. valhalla têm apenas dois dias para explorar o mundo exterior, e o Texas tem tido temperaturas muito mais frias do que o habitual na primavera, o que levou os investigadores acreditarem que existe a hipótese destes animais lutarem para sobreviver numa crise climática.
“Apesar da pequena dimensão das suas fêmeas, N.valhalla parece ser uma em dezenas de milhões todos os anos, quando emerge das fêmeas como adulto, tornando-a um exemplo da diversidade biológica negligenciada e não descrita, encontrada num centro urbano conhecido”, escrevem os autores.
Parasitas como a vespa-das-galhas formam complexas teias alimentares interligadas nos nossos ecossistemas, com impacto não só no carvalho em que vivem mas também em outros parasitas que as comem. Se desaparecerem, podem desencadear um efeito dominó.
Um único carvalho, como o que se encontra na Rice University, por exemplo, consegue acolher por si só mais de 100 espécies. No entanto, muitas vespa-das-galhas tiveram apenas uma geração identificada.
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