sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Pela primeira vez, cientistas encontraram oxigénio “respirável” noutra galáxia !

Descoberto enorme e inesperado conjunto de galáxias que pode mudar a forma como entendemos o Universo
Bernard Miller, Martin Pugh
Foi detetado oxigénio molecular (O2) numa galáxia a mais de 560 milhões de anos-luz em quantidades surpreendentes – 100 vezes superior à nossa galáxia  
Um grupo de astrónomos da Academia Chinesa de Ciências (CSA, na sigla inglesa) anunciou ter encontrado, pela primeira vez, oxigénio molecular fora da Via Láctea, na galáxia “Markarian 231” ou “UGC o8o58” descoberta em 1969 e situada a mais de 560 milhões de anos-luz. Os cientistas acreditam agora que este estudo, publicado no The Astrophysical Journal, pode ajudar a ciência a compreender o papel crucial do oxigénio na história da evolução dos planetas, estrelas, galáxias e da própria vida.
Na verdade, o oxigénio é o terceiro elemento mais abundante no universo, depois do hidrogénio e do hélio, e é uma das moléculas mais importantes para a vida na Terra, presente não apenas no ar, mas também na água. No entanto, nem só de oxigénio é feito a água e o ar que respiramos. Por exemplo, de cada vez que bebemos um copo de água estamos a ingerir hidrogénio (H) que se formou há centenas de milhares de anos depois do Big Bang, para além do oxigénio que completa esta receita (H2O) e cuja origem é mais recente (100 milhões de anos), tendo formado-se a partir de reações de fusão nuclear das estrelas.
Graças a esse incansável trabalho das estrelas, o oxigénio é o terceiro elemento mais abundante no universo e, por isso, há décadas que os cientistas lutam para encontrar este elemento num espeço mais amplo do cosmos. Por isso mesmo, as regiões interestelares, onde se formam as nuvens moleculares, são regiões propícias à concentração de O2.
No entanto, até agora os cientistas só descobriram a presença desta molécula no sistema solar e em dois outros pontos da nossa galáxia, nomeadamente na Nublosa de Orión e de Rho Ophiuchi, que estão respetivamente a 350 e 1.344 anos-luz da Terra.
A equipa liderada por Junzhi Wang, do Observatório Astronómico de Xangai, descobriu pela primeira vez oxigénio molecular numa galáxia fora da Via Láctea, no quasar mais próximo do sistema solar – uma fonte poderosamente energética com um núcleo galáctico ativo – onde os cientistas acreditam que a radiação libertada pelo coração da “Markarian 231” é capaz conter oxigénio.
Estes resultados foram captados pelos telescópios terrestes do observatório de Xangai a partir de comprimentos de onda emitidos pela galáxia. Além disso, os dados registados por este estudo apontam para quantidades enormes deste elemento – cerca de 100 vezes superior ao hidrogénio molecular encontrado nos últimos registos da presença de oxigénio dentro da Via Láctea. E a razão parece simples: a poderosa atividade da galáxia, capaz de produzir vários milhões de estrelas, é responsável por emitir radiação que obriga as nuvens moleculares – do espaço interestelar – a libertarem oxigénio.
A confirmarem-se estas conclusões, o trabalho de investigação da equipa de Junzhi Wang poderá servir de inspiração para futuras investigações sobre o papel do oxigénio molecular nas galáxias e na formação de novas estrela.

Fonte: https://visao.sapo.pt/atualidade/sociedade/2020-02-25-pela-primeira-vez-cientistas-encontraram-oxigenio-respiravel-noutra-galaxia/

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