O maior mar de Titã, a maior e uma das mais promissoras luas
de Saturno para a procura de vida alienígena, tem pelo menos 300 metros
de profundidade perto do seu centro, segundo estimativas de astrónomos
da Universidade de Cornell.
Em causa está Kraken Mare, que, além das suas generosas dimensões que
o tornam o maior mar deste satélite natural, parece ser também bastante
profundo – o suficiente para um potencial submarino robótico o
conseguir explorar.
Trata-se de um enorme mar de metano líquido,
característica que o torna mais apetecível na procura de vida
extraterrestre, numa “corrida” onde Titã e Encélado, outras das luas de
Saturno, são considerados mundos bastante promissores.
“A profundidade e a composição de cada um dos mares de Titã já foram
medidas, à exceção do maior mar de Titã, Kraken Mare – que não só tem um
ótimo nome, como também contém 80% dos líquidos da superfície da lua”,
disse Valerio Poggiali, co-autor do novo estudo, cujos resultados foram publicados no Journal of Geophysical Research.
Os cientistas estimaram que Kraken Mare tem 300 metros de profundidade, enquanto Moray Sinus, outro dos mares de Titã, tem cerca de 85 metros de profundidade.
Em comunicado,
a equipa precisa que as estimativas têm por base dados recolhidos a 21
de agosto de 2014 pela já “aposentada” sonda Cassini, da agência
espacial norte-americana (NASA), durante o sobrevoo final sobre Titã.
As medições foram levadas a cabo a uma altitude de quase mil
quilómetros acima da superfície de Titã, quando a sonda Cassini orbitava
o satélite natural a 21 mil quilómetros por hora, e basearam-se na
quantidade de energia de radar absorvida durante o retorno do seu sinal
através de um líquido.
Além da profundidade, os cientistas também puderam confirmar que Kraken Mare é realmente imenso: atinge as dimensões dos cinco Great Lakes combinados.
De acordo com Poggiali, Titã, o único satélite com atmosfera densa,
representa um ambiente modelo de uma possível atmosfera da Terra
primitiva.
Neste contexto, sustentou o cientista da Universidade de Cornell,
“entender a profundidade e a composição de Kraken Mare e Moray Sinus é
importante, uma vez que permite uma avaliação mais precisa da hidrologia de metano em Titã“.
“Ainda assim”, continuou, “há ainda muitos mistérios para resolver”,
um dos quais passa por perceber a origem do metano líquido de Kraken
Mare.
Segundo o especialista, num futuro ainda distante, um submarino,
provavelmente sem motor mecânico, navegará por Kraken Mare. “Graças às
nossas medições, os cientistas podem inferir a densidade do líquido com
maior precisão e, consequentemente, calibrar melhor o sonar a bordo do
navio e compreender os fluxos direcionais do mar”.
O Universo pode estar cheio de partículas “espelho” – e essas
partículas indetetáveis podem estar a encolher as estrelas mais densas
do cosmos, transformando-as em buracos negros.
Estes hipotéticos “gémeos maléficos” de partículas comuns
experimentariam uma versão invertida das leis da Física. Um novo estudo
revela que, se estas partículas existirem, podem estar a encolher as
estrelas mais densas do Universo e a transformá-las em buracos negros.
De acordo com o LiveScience, várias simetrias fundamentais na natureza dão origem às leis da Física. Porém, uma delas nem sempre é obedecida
– a simetria do reflexo ocorre quando se vê a imagem no espelho de uma
reação física. Em quase todos os casos, obtém-se exatamente o mesmo
resultado.
No entanto, nem sempre. O violador da simetria de reflexão é a força
nuclear fraca. Sempre que a força fraca está envolvida numa interação de
partículas, a imagem espelhada dessa interação parecerá diferente.
Os físicos não sabem por que razão a simetria do espelho está
estragada no nosso Universo. Alguns propuseram uma explicação radical:
talvez não esteja estragada e estamos, simplesmente, a olhar para o
Universo da forma errada.
A simetria do espelho permite a existência de algumas partículas extra, que seriam uma cópia espelhada de cada partícula. Outros nomes para a matéria do espelho incluem “matéria da sombra” e “matéria de Alice”.
O reflexo é preservado no Universo: a matéria comum realiza
interações com a mão esquerda e a matéria do espelho realiza interações
com a mão direita. Tudo se sincroniza ao nível matemático.
Os neutrões e os seus “gémeos maléficos”
Como a única força que viola a simetria do espelho é a força nuclear fraca,
essa é a única força que pode fornecer um “canal” para que a matéria
regular comunique com as suas contrapartes no espelho. Porém, a força é
muito fraca, por isso, mesmo se o Universo estivesse inundado com
partículas espelhadas, seriam quase impercetíveis.
Muitas experiências concentraram-se em partículas neutras – neutrões.
Os físicos teóricos preveem que um campo gravitacional muito forte pode
aumentar a ligação entre neutrões e neutrões espelho e a natureza já
criou um dispositivo experimental para caçar matéria espelhada – as estrelas de neutrões.
Estas estrelas são os núcleos remanescentes de estrelas gigantes,
extraordinariamente densas e extremamente pequenas. O novo estudo propõe
que, com a abundância de neutrões e o campo gravitacional extremo, os
neutrões podem estar a transformar-se ocasionalmente em neutrões
espelho.
Segundo os cientistas, quando um neutrão se transforma num neutrão
espelho, algumas coisas acontecem. O neutrão espelho ainda está
pendurado dentro da estrela – está gravitacionalmente ligado e,
portanto, não pode ir a lado nenhum. O neutrão espelho tem uma
influência gravitacional própria, por isso a estrela não evapora.
Porém, os neutrões espelho não participam nas interações que os
cientistas detetam nas estrelas de neutrões, por isso, muda a química
interna. Estes neutrões fazem parte de uma vida de “estrela de neutrões
espelho”, com o seu próprio conjunto de interações atómicas, mas essa vida está oculta.
À medida que os neutrões se convertem em neutrões espelho, a estrela encolhe. Numa proporção de 1:1 de neutrões regulares para neutrões espelho, a estrela de neutrões fica cerca de 30% mais pequena.
Estes corpos podem sustentar-se com o peso esmagador da sua própria
gravidade por um processo mecânico quântico chamado pressão de
degeneração. No entanto, essa pressão tem um limite e, com menos
neutrões regulares, esse limite diminui.
Se uma estrela tivesse uma proporção de 1:1 de neutrões comuns para
neutrões espelho, a massa máxima das estrelas de neutrões no Universo
seria cerca de 30% menos massiva do que se esperaria.
Se fosse mais massivo do que isso, as estrelas de neutrões entrariam em colapso e transformar-se-iam em buracos negros.
O caso, porém, não está encerrado: o Universo é antigo e não se sabe
quanto tempo este processo de mudança pode durar. É possível que não
tenha havido tempo suficiente para as estrelas de neutrões fazerem a
troca. Assim, ao encontrar e observar mais estrelas de neutrões, os
cientistas podem encontrar um sinal de um espelho oculto do Universo.
Este estudo, que ainda não foi revisto por pares, está disponível desde dezembro na plataforma de pré-publicação arXiv.
Investigadores portugueses participam numa norma
internacional que aconselha a toma de uma medicação antes da vacina
contra a covid-19 por parte de alguns doentes com reações alérgicas
graves a agentes externos.
Tiago Rama, médico imunoalergologista, explicou ao Expresso
que doentes com doenças mastocitárias, que incluem as mastocitoses e as
síndromes de ativação mastocitária, “têm uma maior reatividade a
agentes externos, como vacinas, nos mastócitos, as células [do sistema
imunitário] que são as principais responsáveis pelos sintomas de
alergia”.
O médico realçou que, nestes casos, os pacientes nem sempre
apresentam sintomas de reações alérgicas mais comuns, mas avançam logo
para uma reação anafilática grave, “habitualmente com perda de consciência”.
Frequentemente, têm de tomar uma pré-medicação específica
sempre que fazem procedimentos médicos que incluem receber medicação,
anestesias e vacinas. Para que não deixassem de ser vacinados, será
preciso arranjar uma alternativa, alertou Tiago Rama.
Em conjunto com o clínico, professor e investigador André Moreira e a
investigadora sénior da Universidade de Harvard, Mariana Castells,
Tiago Rama, investigador do Centro Hospitalar de São João e da
Universidade do Porto, criou um protocolo de medicação a ser administrada a estes doentes antes da vacinação contra a covid-19.
De acordo com o artigo científico, publicado recentemente no Journal of Allergy and Clinical Immunology, a combinação de três medicamentos possibilita a vacinação sem quaisquer reações.
Os especialistas testaram a fórmula em duas profissionais de saúde da
linha da frente, no Hospital de São João, no Porto, que sofrem desta
condição. Ambas já tomaram as duas doses da vacina da Pfizer “sem
qualquer reação”.
Um novo estudo mostra que o nosso corpo produz cerca de 330 mil milhões de células por dia. Este ritmo significaque mais de 3,8 milhões de novas células são produzidas a cada segundo.
Numa escala celular, o corpo humano está em constante estado de
atividade para nos manter vivos. Entre esses processos está a renovação
de células, no qual as células mortas são substituídas por novas. Agora,
um novo cálculo revela o quão intenso é este processo.
Segundo o site Science Alert, os biólogos Ron Sender e Ron Milo,
do Instituto Weizmann de Ciência, em Israel, basearam os seus cálculos
numa pessoa de referência padrão: um homem saudável, com uma idade entre
os 20 e os 30 anos, que pesa 70 quilos e mede 1,70 metros.
De seguida, para a sua estimativa das taxas de renovação celular, os
cientistas incluíram todos os tipos de células que constituem mais de
0,1% da população total de células.
A expectativa de vida das células foi recolhida a partir de uma
pesquisa bibliográfica, usando apenas os trabalhos que fizeram medições
diretas da expectativa de vida de células humanas. Depois, os
investigadores derivaram a massa celular total para cada tipo, com base
na massa celular média.
Com base nestas informações, Sender e Milo chegaram à conclusão que
este homem padrão teria uma taxa de renovação celular de cerca de 80
gramas por dia, ou seja, 330 mil milhões de células.
Deste volume, 86% seriam células sanguíneas, principalmente glóbulos vermelhos
(o tipo de célula mais abundante no corpo humano) e neutrófilos (o tipo
mais abundante de glóbulos brancos). Outros 12% seriam células
epiteliais gastrointestinais, com pequenas quantidades de células
relativas à pele (1,1%), células endoteliais que revestem os vasos
sanguíneos e células pulmonares (0,1% cada).
Embora as células sanguíneas constituam a maior parte da renovação
celular em termos de quantidade de células individuais, relativamente à
massa que representam, a história é outra, revela o mesmo site.
Apenas 48,6% da massa são células sanguíneas, de
todos os tipos. As células gastrointestinais constituem outros 41%. As
células da pele perfazem 4%, enquanto as células adiposas (relativas à
gordura), que mal se registam no número de células, perfazem outros 4%.
É importante destacar que estes números provavelmente variam de
pessoa para pessoa, dependendo de fatores como a idade, a saúde, o
tamanho e o sexo. Porém, esta investigação, cujo estudo foi publicado a 11 de janeiro na revista científica Nature Medicine, fornece uma linha de base a partir da qual é possível entender melhor como funciona a renovação celular.
Uma equipa multidisciplinar de especialistas identificou num
meteorito que caiu no norte da Alemanha em 2019 evidências da primeira
presença de água líquida num objeto planetário do Sistema Solar.
Os especialistas do Instituto de Ciências da Terra referem que foi
através de uma sonda de iões de alta precisão que chegaram à datação do
corpo, escreve a agência Europa Press.
O meteorito, que caiu na Terra em setembro de 2019 e foi batizado de
Flensburg devido ao local em que foi encontrado, é um condrito
carbonáceo, uma forma rara de meteorito.
De acordo com os especialistas, a descoberta é bastante única: “No
início do Sistema Solar, a rocha foi amplamente exposta a um fluído
aquoso e, assim, acabou por formar silicatos e carbonatos com água”,
explicam os cientistas.
Cientistas do Instituto de Planetologia da Universidade de
Heidelberg, que também estiveram envolvidos na investigação, veem o
meteorito como um possível bloco de construção que pode ter fornecido água ao planeta Terra desde o início.
“Estas medições [com a sonda de iões] são extremamente difíceis e
desafiadoras, porque os grãos de carbonato na rocha são extremamente
pequenos. Além disso, as medições isotópicas devem ser muito precisas,
dentro de uma faixa muito estreita de apenas alguns micrómetros de
diâmetro, mais finas do que um cabelo humano”, explicou Thomas Ludwig,
cientista do Instituto de Ciências da Terra.
O método de datação é baseado nas taxas de decaimento de um isótopo natural: a decadência do radionuclídeo 53Mn, que ainda estava ativo no início do Sistema Solar.
“Usando este método, as determinações de idades mais precisas feitas
até agora indicaram que o asteróide e carbonatos do meteorito de
Flensburg se formaram apenas três milhões de anos depois da formação dos
primeiros corpos sólidos no Sistema Solar”, explica, por sua vez, o
professor Mario Trieloff, que liderou a nova investigação.
Estes carbonatos são, portanto, mais de um milhão de anos mais velhos do que outros carbonatos comparáveis noutros tipos de condritos carbonáceos.
A investigação faz parte de um estudo conduzido por um consórcio
coordenado pela Universidade de Münster, na Alemanha, com cientistas da
Europa, Austrália e Estados Unidos. Participaram, no total, 41
cientistas de 21 instituições da Alemanha, França, Suíça, Hungria,
Grã-Bretanha, Estados Unidos e Austrália.
Os resultados da investigação foram publicados na revista científica especializada Geochimica et Cosmochimica Acta.
Já existem buracos negros supermassivos e ultramassivos. Mas,
de acordo com um novo estudo, pode haver até uma nova categoria:
buracos negros estupendamente grandes.
De acordo com o site Science Alert,
estes hipotéticos buracos negros – maiores do que 100 mil milhões de
vezes a massa do Sol – foram explorados num novo estudo científico que
os chama de SLABs, sigla em inglês para “buracos negros estupendamente grandes”.
“Já sabemos que os buracos negros existem numa vasta gama de massas,
com o exemplo de um buraco negro supermassivo de quatro milhões de
massas solares a residir no centro da nossa própria galáxia”, explicou o
astrónomo Bernard Carr, da Queen Mary University London, no Reino
Unido.
“Embora não haja ainda evidências da existência dos
SLABs, é concebível que possam existir e também residir fora das
galáxias no espaço intergaláctico, com consequências observacionais
interessantes”, acrescentou.
“No entanto, surpreendentemente, a ideia dos SLABs tem sido
amplamente negligenciada até agora. Nós propusemos opções para como se
podem formar e esperamos que o nosso trabalho comece a motivar
discussões dentro da comunidade.”
O problema, escreve o mesmo site, é que os cientistas ainda não sabem
muito bem como é que os buracos negros realmente grandes se formam e
crescem. Uma possibilidade é a teoria dos buracos negros primordiais.
Proposta pela primeira vez em 1966, esta teoria defende que a
densidade variável do Universo primitivo poderia ter produzido aberturas
tão densas, que desabaram em buracos negros. Estes não estariam
sujeitos às restrições de tamanho de buracos negros de estrelas
colapsadas e poderiam ser extremamente pequenos ou estupendamente
grandes.
Portanto, com base neste modelo, a equipa calculou exatamente o quão estupendamente grandes estes buracos negros poderiam ser, entre 100 mil milhões e um trilião de massas solares.
O propósito deste estudo, publicado a 24 de novembro na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society,
segundo os cientistas, foi considerar o efeito de tais buracos negros
no espaço à sua volta. Porque embora não sejamos capazes de ver SLABs de
forma direta, os objetos massivos invisíveis ainda podem ser detetados
com base na forma como o espaço ao seu redor se comporta.
A gravidade, por exemplo, curva o espaço-tempo, o que faz com que a
luz que viaja por essas regiões também siga um caminho curvo. Este
efeito, chamado de lente gravitacional, pode ser usado para detetar SLABs no espaço intergaláctico, considera a equipa.
Além disso, estes objetos enormes também teriam implicações para
detetar matéria escura. As partículas massivas de interação fraca
(WIMPs), por exemplo, acumular-se-iam na região à volta de um SLAB
devido à imensa gravidade, em tais concentrações que colidiriam e se
aniquilariam, criando um halo de radiação gama.
E a verdade é que os buracos negros primordiais são, eles próprios,
candidatos à matéria escura. “Os próprios SLABs não poderiam fornecer a
matéria escura. Mas se eles existirem mesmo, isso teria implicações
importantes para o Universo primitivo e tornaria plausível que buracos
negros primordiais mais leves pudessem fazê-lo”, concluiu Carr.
No meio de uma pandemia global que já infetou quase 100
milhões de pessoas, a Ásia deverá estar atenta a outra ameaça de um
vírus com taxa de mortalidade muito maior do que a do SARS-CoV-2.
O vírus Nipah, que tem origem em morcegos e é muito parecido com o
SARS-CoV-2, já causou muitos surtos na Malásia, Singapura, Índia e no
norte da Austrália, ao longo dos últimos 20 anos.
Agora, investigadores estão a alertar para o facto de este vírus ter o potencial de afetar muitas pessoas, se as lições não forem aprendidas com o surto de covid-19.
De acordo com a IFL Science,
o primeiro surto do vírus Nipah aconteceu no ano de 1999, na Malásia,
e, na altura, foram registados 265 casos de encefalite aguda que foram
originalmente atribuídos à encefalite japonesa.
Desde então, pequenos surtos ocorreram quase anualmente entre 2000 e 2020, sempre com uma taxa de mortalidade surpreendente de até 75%.
Normalmente, vírus com uma taxa de mortalidade tão elevada acabam por
matar os seus hospedeiros muito rapidamente e, por isso, acabam por não
ser transmitidos com eficácia suficiente para que se tornem uma ameaça generalizada.
No entanto, o vírus Nipah difere de muitos outros. Embora os sintomas
ocorram, normalmente, entre o 4.º e o 14.º dias após a infeção, o vírus
pode incubar por períodos de tempo muito elevados – até 45 dias, de acordo com a Organização Mundial de Saúde -, o que permite um longo período de transmissão.
Depois do período de incubação, os sintomas aparecem e incluem febre,
dores de cabeça e vómitos, entre outros que são semelhantes à infeção
por influenza, e são seguidos por tonturas, sintomas neurológicos e encefalite aguda.
Embora sejam usados vários medicamentos antivirais como tratamento de
suporte para os pacientes, não existe ainda nenhuma cura ou tratamento
direto para o vírus e os pacientes que sobrevivem ficam, por vezes, com
problemas neurológicos de longo prazo, incluindo alterações de
personalidade e convulsões.
As estirpes atuais do vírus Nipah, apesar de
continuarem a ser uma ameaça, não são transmissíveis por aerossol, nem
são transportadas pelo ar, o que significa que não representam o mesmo
risco de transmissão do SARS-CoV-2, que provoca a covid-19.
O vírus Nipah transmite-se, maioritariamente, através da ingestão de alimentos contaminados que estiveram em contacto com morcegos da fruta infetados.
Além disso, a doença pode ser transmitida por contacto com fezes de
suínos infetadas e também já foi observada a transmissão de pessoa para
pessoa.
O estudo e análise de vírus como o Nipah podem permitir que o mundo se prepare para as ameaças de vírus emergentes.
Com a covid-19 espalhada por todo o planeta, é fundamental compreender quais são as doenças existentes que podem causar uma devastação semelhante – particularmente como é que o mundo se pode proteger de vírus transmitidos por morcegos, sugere a virologista Veasna Duong.
“Sessenta por cento das pessoas que entrevistamos não sabiam que os morcegos transmitem doenças. Ainda há falta conhecimento”, disse Duong em declarações à BBC.
“Observamos [morcegos da fruta] aqui [no Camboja] e na Tailândia.
Existem em mercados, áreas de culto, escolas e locais turísticos como
Angkor Wat [no Camboja] – há um grande poleiro de morcegos lá”, disse.
“Num ano normal, Angkor Wat hospeda 2,6 milhões de visitantes: isso
significa que há 2,6 milhões de oportunidades para o vírus Nipah ser
transmitido de morcegos para humanos, num local apenas”, acrescentou
Duong.
Os 39 locais dos sismômetros. (Universidade de Southampton)
Os oceanos não são tão iguais quanto você imagina. Os cientistas estimam que o Oceano Atlântico está na verdade crescendo vários centímetros a cada ano. Ao mesmo tempo, o Pacífico está encolhendo.
Esse deslocamento glacialmente lento dos oceanos se deve
ao movimento contínuo das placas tectônicas da Terra, à medida que as
placas sob as Américas se separam daquelas sob a Europa e a África.
As profundas forças geofísicas que sustentam esse
fenômeno épico ainda estão longe de ser totalmente compreendidas, mas os
pesquisadores podem ter acabado de identificar um importante
contribuidor para o que está acontecendo.
Em um novo estudo, os cientistas sugerem que as dorsais
meso-oceânicas – formações montanhosas que emergem ao longo do fundo do
mar entre as placas tectônicas – podem estar mais implicadas na
transferência de material entre o manto superior e inferior sob a crosta
terrestre do que percebemos anteriormente.
Uma equipe liderada pelo sismólogo Matthew Agius da Universidade de Southampton, no Reino Unido, explica em um novo artigo:
“Lajes
que afundam e colunas ascendentes são geralmente aceitas como locais de
transferência, enquanto as dorsais meso-oceânicas não costumam ter um
papel. No entanto, as restrições rígidas de medições in situ em cumes
provaram ser um desafio.”
Para preencher as lacunas em nosso conhecimento, os
pesquisadores implantaram um grupo de 39 sismômetros ao longo do fundo
do Atlântico para registrar movimentos sísmicos sob a crista
mesoatlântica – o limite da cordilheira que separa tectonicamente as
Américas da Europa e da África.
As leituras sísmicas registradas no experimento
monitoraram o fluxo de material na zona de transição do manto que fica
entre o manto superior e o manto inferior, permitindo à equipe imagens
de transferência de material em profundidades subterrâneas até 660
quilômetros abaixo da superfície.
Os resultados sugerem que as ressurgências de material
químico não se limitam a profundidades rasas na crista mesoatlântica,
mas podem emergir nas partes mais profundas da zona de transição do
manto, sugerindo material do manto inferior subindo para cima.
Os pesquisadores explicam:
“As
observações implicam transferência de material do manto inferior para o
manto superior – contínua ou pontuada – que está ligada à Dorsal
Mesoatlântica.
Dada a extensão e longevidade do sistema da dorsal
meso-oceânica, isso implica que a convecção do manto inteiro pode ser
mais prevalente do que se pensava.”
Embora já se soubesse que as
dorsais meso-oceânicas contribuíram para o fenômeno da expansão do fundo
do mar, as novas descobertas mostram que os processos gerais envolvidos
se estendem muito mais fundo na Terra do que foi medido anteriormente e
podem ainda ocorrer mesmo em áreas do fundo do mar não marcada por
regiões evidentes de subducção das placas.
O pesquisador sênior e geofísico Mike Kendall, da Universidade de Oxford, diz:
“[O trabalho] refuta suposições de
longa data de que as dorsais meso-oceânicas podem desempenhar um papel
passivo nas placas tectônicas.
Isso sugere que em lugares como o
Meio-Atlântico, as forças no cume desempenham um papel importante na
separação de placas recém-formadas.”
Na semana passada, o vulcão Etna
entrou em um de seus muitos processos de erupção, expelindo não apenas
lava, mas também cinzas quentes, gás e até segmentos de rochas. Ele está
localizado em Sicília, uma grande ilha no Mar Mediterrâneo, que faz
parte da região do extremo sul da Itália, e é apontado como o maior
vulcão da Europa que se encontra em atividade até os dias atuais.
Segundo uma postagem feita no Twitter
pelo vulcanologista do Observatório Etna do Instituto Nacional de
Geofísica e Vulcanologia (INGV), Boris Behncke, a movimentação se
iniciou em uma cratera situada no lado sudeste do vulcão, ainda na noite
de domingo (17), e se estendeu até a madrugada de segunda-feira (18),
momento em que houve a grande explosão de lava.
O site de notícias Express, situado no Reino Unido, publicou
em sua página informações esclarecendo que o fluxo acentuado do magma
escoou para a região leste da cratera e seguiu para o Valle del Bove,
uma área de depressão, desabitada e em formato de ferradura. Além disso,
a lava também percorreu a lateral norte da abertura em que ocorreu a
erupção.
Os riscos de um vulcão em atividade
Devido à recente atividade vulcânica do Monte Etna, como também é
chamado, que acaba gerando uma quantidade significativa de cinzas, as
autoridades italianas emitiram um aviso para que as cidades vizinhas
possam se preparar. Também foram encontrados fragmentos das explosões
por uma distância de até 28,9 quilômetros do vulcão.
O Vulcão Etna é caracterizado por apresentar cinco grandes crateras
em seu topo, com atividade contínua, em um território de 1.190 km², a
aproximadamente 3.323 metros de altura. E apesar de ser assustadora a
ideia de ter um evento frequente de erupções,
os especialistas garantem que o Etna não apresenta riscos aos moradores
de regiões próximas, já que a última vez em que uma catástrofe
relacionada ao vulcão ocorreu há mais de 350 anos.
Com o auxílio de vários telescópios, incluindo o VLT (Very
Large Telescope) do Observatório Europeu do Sul (ESO), os astrónomos
descobriram um sistema com seis exoplanetas, cinco dos quais estão
presos numa dança rítmica rara em torno da sua estrela central. Os
investigadores pensam que o sistema poderá dar-nos pistas importantes
sobre como é que os planetas, incluindo os do Sistema Solar, se formam e
evoluem.
A primeira vez que observou TOI-178, uma estrela a cerca de 200
anos-luz de distância da Terra na direção da constelação do Escultor, a
equipa de investigadores pensou que tinha descoberto dois planetas em
torno desta estrela a percorrer essencialmente a mesma órbita. No
entanto, um olhar mais detalhado revelou algo inteiramente diferente.
“Através de mais observações percebemos que não tínhamos dois planetas em órbita da estrela praticamente à mesma distância dela, mas antes planetas múltiplos
numa configuração muito especial,” explica Adrien Leleu da Universidade
de Genève e da Universidade de Berna, Suíça, que liderou um novo estudo
deste sistema, publicado ontem na revista da especialidade Astronomy
& Astrophysics.
O novo trabalho de investigação revelou que o sistema possui seis
exoplanetas e que todos menos um estão trancados numa dança rítmica
especial à medida que se movem nas suas órbitas. Por outras palavras,
encontram-se em ressonância, o que significa que há padrões que se
repetem à medida que os planetas se deslocam em redor da estrela, com
alguns planetas a alinharem-se entre si ao fim de algumas órbitas.
Observamos uma ressonância semelhante nas órbitas de três das luas de Júpiter:
Io, Europa e Ganimedes. Io, o mais próximo de Júpiter dos três,
completa quatro órbitas completas em torno de Júpiter para uma única
órbita de Ganimedes, o mais afastado, e completa duas órbitas completas
para cada órbita de Europa.
Os cinco exoplanetas mais exteriores do sistema TOI-178 seguem uma
cadeia de ressonância muito mais complexa, uma das mais longas
descobertas até à data num sistema de planetas. Enquanto as três luas de
Júpiter têm uma ressonância 4:2:1, os cinco planetas mais exteriores do
sistema TOI-178 seguem a cadeia 18:9:6:4:3, ou seja, enquanto o segundo
planeta a contar da estrela (o primeiro na cadeia de ressonância)
completa 18 órbitas, o terceiro planeta a contar da estrela (o segundo
da cadeia) completa 9 órbitas e assim por diante.
De facto, inicialmente os cientistas encontraram apenas cinco
planetas no sistema, mas, ao seguirem o ritmo de ressonância, calcularam
onde é que estaria um planeta adicional na sua órbita, na próxima
altura em que os cientistas podiam observar o sistema.
Mais do que uma curiosidade orbital, esta dança de planetas ressonantes dá-nospistassobre o passado do sistema.
“As órbitas neste sistema estão muito bem ordenadas, o que nos diz que o
sistema evoluiu bastante suavemente desde o seu nascimento,” explica
Yann Alibert, da Universidade de Berna, Suíça e um dos coautores deste
trabalho. Se o sistema tivesse sido significativamente perturbado no
início da sua vida como, por exemplo, por um impacto gigante, esta
frágil configuração de órbitas não teria sobrevivido.
Desordem no sistema rítmico
Apesar do arranjo das órbitas ser bem organizado e ordenado, as
densidades dos planetas “são muito mais desordenadas”, diz Nathan Hara
da Universidade de Genève, Suíça, que também esteve envolvido no estudo.
“Parece haver um planeta tão denso como a Terra
mesmo ao lado de um outro planeta muito ‘fofo’, com metade da densidade
de Neptuno, seguido por um planeta com a densidade de Neptuno. Não é o
que estamos habituados a ver.” No nosso Sistema Solar, por exemplo, os
planetas estão arranjados de forma ordenada, com os planetas rochosos,
mais densos, mais próximos da estrela central e os planetas gasosos
‘fofos’, de baixa densidade, mais afastados.
“Este contraste entre a harmonia rítmica dos movimentos orbitais e as
densidades desordenadas desafia claramente a nossa compreensão da
formação e evolução dos sistemas planetários,” diz Leleu.
Combinando técnicas
De modo a investigar a invulgar arquitetura deste sistema, a equipa
usou dados do satélite CHEOPS da ESA, assim como do instrumento ESPRESSO
montado no VLT do ESO e do NGTS e SPECULOOS, ambos situados no
Observatório do Paranal do ESO, no Chile.
Uma vez que os exoplanetas são extremamente difíceis de observar de forma direta através de telescópios, os astrónomos usam outras técnicas para os detetar.
Os principais métodos utilizados são imagens de trânsitos —
observando a luz emitida pela estrela central que diminui de intensidade
quando um planeta passa na sua frente, quando observada a partir da
Terra — e velocidades radiais — observando o espectro de luz da estrela
em busca de pequenos sinais de oscilação que ocorrem quando os
exoplanetas de deslocam nas suas órbitas. A equipa usou ambos os métodos
para observar o sistema: CHEOPS, NGTS e SPECULOOS para trânsitos e
ESPRESSO para velocidades radiais.
Ao combinar as duas técnicas, os astrónomos
conseguiram reunir informação crucial sobre o sistema e os seus
planetas, que orbitam a estrela central muito mais perto e com maior
velocidade do que a Terra orbita o Sol.
O mais rápido (o planeta mais interior) completa uma órbita em apenas
alguns dias, enquanto o mais lento demora cerca de dez vezes mais. Os
seis planetas apresentam tamanhos que vão desde o tamanho da Terra até
cerca de três vezes este valor, enquanto as suas massas estão entre 1,5 e
30 vezes a massa terrestre. Alguns dos planetas são rochosos, mas
maiores que a Terra — os chamados super-Terras. Outros são planetas
gasosos, como os planetas exteriores do nosso Sistema Solar, mas são
muito mais pequenos — os chamados mini-Neptunos.
Apesar de nenhum destes seis exoplanetas se encontrar na zona de
habitabilidade da estrela, os investigadores sugerem que, ao continuar a
seguir a cadeia de ressonância, poderão encontrar planetas adicionais
que poderão existir nesta zona ou muito perto dela. O ELT (Extremely
Large Telescope) do ESO, que deverá começar a operar esta década, será
capaz de observar diretamente exoplanetas rochosos na zona de
habitabilidade da estrela e até caracterizar as suas atmosferas,
dando-nos a oportunidade de conhecer sistemas como o TOI-178 com muito
mais detalhe.
Uma equipa de astrónomos conseguiu detetar o mais distante e
antigo quasar do Universo. Chama-se J0313-1806 e localiza-se a mais de
13 mil milhões de anos-luz da Terra.
Os quasares são objetos energéticos e muito
brilhantes. O fenómeno acontece quando um buraco negro supermassivo
atrai o gás no disco de acreção superaquecido à sua volta, espalhando
energia através do espectro eletromagnético. A quantidade de radiação
eletromagnética emitida por quasares é tão grande que supera a de
galáxias inteiras.
O grupo de investigação, liderado pela Universidade do Arizona, nos
Estados Unidos, encontrou evidências de um vento de quasar quente a
soprar do buraco negro supermassivo no centro de J0313-1806.
“Esta é a primeira evidência de como um buraco negro supermassivo
está a afetar a sua galáxia hospedeira”, disse o astrónomo Feige Wang,
do Observatório Steward da Universidade do Arizona, ao Science Alert. “Sabemos que isso tem de ocorrer, mas nunca vimos este fenómeno acontecer tão cedo no Universo.”
O J0313-1806 é cerca de 10 biliões de vezes mais luminoso do que o
nosso Sol, o que significa que emite mil vezes mais energia do que toda a
Via Láctea. A sua fonte é o buraco negro supermassivo mais antigo já
observado, cuja massa é equivalente a 1,6 mil milhões de vezes a do Sol.
“Os quasares mais distantes são cruciais para
entender como os primeiros buracos negros se formaram e para compreender
a reionização cósmica, que é a última grande fase de transição do nosso
Universo”, acrescentou Xiaohui Fan, coautor do estudo, em comunicado.
De acordo com a equipa, a presença de um buraco negro supermassivo
tão cedo na história do Universo desafia as teorias da formação destes
fenómenos, já que, segundo os especialistas, os buracos negros criados
pelas primeiras estrelas massivas não poderiam ter crescido tanto em apenas algumas centenas de milhões de anos.
A investigação permitiu ainda concluir que o fluxo de matéria emana do quasar na forma de vento a uma velocidade equivalente a 20% da da luz.
Esta energia é tanta que impacta a formação de estrelas em toda a
galáxia hospedeira – e é a primeira vez que os astrónomos observam algo
semelhante.
O portal dá conta de que o sistema que hospeda o J0313-1806 está a
passar por um “surto de formação estelar”, produzindo novos astros 200
vezes mais rápido do que a Via Láctea. “É um grande alvo para investigar
a formação dos primeiros buracos negros supermassivos”, observou Wang.
O estudo foi apresentado no 237.º encontro da American Astronomical Society. O artigo científico, aceite para publicação no The Astrophysical Journal Letters, ainda carece de revisão por pares, mas está disponível no arXiv.
Marte parece ter motivos para sorrir. A “cratera feliz” (Happy Face), perto do pólo sul do Planeta Vermelho, ficou visivelmente maior na última década.
A “cratera feliz” nasceu após um impacto de um
meteorito na superfície do Planeta Vermelho e localiza-se na região do
Polo Sul marciano. Durante a última década, este lugar gelado tem
aumentado de tamanho.
A sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) da NASA, que tem
estado a voar a grande altitude sobre Marte desde 2006, registou, pela
primeira vez, a “cratera feliz” em 2011, graças à sua potente câmara de
alta resolução HiRISE.
Recentemente, uma equipa de cientistas comparou essa imagem com outra
do mesmo lugar, mas tirada no dia 13 de dezembro de 2020. De acordo com
o Daily Mail, a diferença está na quantidade de gelo que cobre o solo da cratera.
“As características manchas na calota polar surgem porque o Sol
sublima o dióxido de carbono nestes padrões redondos. É possível ver
como os nove anos desta erosão térmica tornaram a ‘boca’ do rosto maior“, escreveu, em comunicado, Ross Beyer, membro da equipe do MRO.
O sorriso crescente é causado pela erosão térmica, à
medida que o dióxido de carbono evapora e expõe mais solo. A sublimação
acontece quando um material sólido se transforma em gás, sem passar
pelo estado líquido.
Além do sorriso, o “nariz” também cresceu: de dois pequenos pontos
para uma grande depressão, como se tivesse sido alvo de uma cirurgia
plástica.
No entanto, estudar esta “cratera feliz” é mais do que apenas uma diversão.
Segundo Beyer, medir estas alterações ao longo do ano marciano “ajuda
os cientistas a entender a deposição anual e a remoção da geada polar”.
“Monitorizar estes locais por longos períodos de tempo ajuda-nos a
entender as tendências climáticas de longo prazo no Planeta Vermelho.”
As características faciais que vemos nas figuras representam, na
verdade, diferentes elevações e densidades de gelo na superfície.
Investigadores sugerem, com base numa revisão de 61 estudos,
que uma em cada três pessoas infetadas com o novo coronavírus é
assintomática.
Uma em cada três pessoas infetadas com covid-19 não sabe que tem o novo coronavírus. A conclusão baseia-se em 61 estudos sobre mais de 1,8 milhões de casos em todo o mundo, numa revisão publicada na revista científica Annals of Internal Medicine.
“As estratégias de controlo para a covid-19 devem ser alteradas,
considerando a prevalência e o risco de transmissão de infeções
assintomáticas do vírus SARS-CoV-2”, pedem os investigadores do Centro
de Investigação Scripps, nos Estados Unidos.
“Só sabemos quem é assintomático em retrospetiva. As
infeções sem sintomas, sejam pré-assintomáticas ou assintomáticas, são
importantes porque as pessoas infetadas podem transmitir o vírus mesmo
que não tenham sintomas”, dizem os investigadores.
As estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontavam para uma percentagem entre 6 e 41% de assintomáticos, escreve o jornal Público.
Rastreios em massa feitos em Inglaterra e Espanha mostraram que um
terço dos indivíduos testados tinha anticorpos contra a covid-19 sem
nunca ter apresentado sintomas. Os investigadores acreditam que a
quantidade de pacientes assintomáticos poderá ser ainda maior do que se
pensa.
“No meio de uma pandemia que mudou a vida em todo o mundo, parece
razoável pôr a hipótese que a memória e consciência que as pessoas têm
dos sintomas aumentem [em inquéritos]”, escrevem ainda os autores.
A solução sugerida para controlar a propagação da doença é que se façam testes rápidos em casa e que se expandam os apoios estatais para as pessoas se manterem em isolamento domiciliário.
Um estudo inédito feito com base em imagens de satélites revelou que a
taxa de desaparecimento do gelo em todo o planeta está se acelerando
muito rapidamente e revelou que 28 trilhões de toneladas foram perdidas
entre 1994 e 2017, o equivalente a uma camada de gelo de 100 metros de
espessura cobrindo os estados de São Paulo e Bahia juntos.
Concepção
artística mostra a quantidade de gelo perdido na Terra em pouco mais de
duas décadas. A massa equivale a um cubo de 10x10x10 km, cheio de ágia
congelada, sobre a cidade de Nova York.
O artigo
foi publicado no jornal The Cryosphere e tem como autores uma equipe de
pesquisadores da Universidade de Leeds, no Reino Unido.
Os
pesquisadores utilizaram dados e imagens dos satélites ERS, Envisat e
CryoSat da ESA, além do Copernicus Sentinel -1 e Sentinel-2 e
descobriram que a taxa de perda de gelo da Terra aumentou
significativamente nas últimas três décadas, passando de 0,8 trilhão de
toneladas por ano na década de 1990 para 1,3 trilhão de toneladas ao ano
até 2017.
Para se ter uma ideia do tamanho dessa massa,
um trilhão de toneladas equivale a cubo de gelo medindo 10x10x10 km que
seria mais alto que o Monte Everest.
A pesquisa mostrou que, no
geral, houve um aumento de 65% na taxa de perda de gelo nos últimos 23
anos, causada principalmente por aumentos acentuados nas perdas dos
mantos de gelo polares na Antártica e na Groenlândia. O derretimento
dessas camadas eleva o nível do mar e aumenta o risco de inundações nas
comunidades costeiras, com graves consequências para a sociedade,
economia e meio ambiente.
Segundo Thomas Slater, pesquisador do
Centro de Observação e Modelagem Polar da Universidade de Leeds, embora
todas as regiões estudadas tenham perdido gelo, as perdas dos mantos da
Antártica e Groenlândia foram os que mais se aceleraram e estão agora
seguindo os piores cenários de aquecimento climático previstos pelo
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, IPCC. No entender
de Slater, o aumento do nível do mar nesta escala terá impactos muito
sérios nas comunidades costeiras já neste século.
Mapa revela as localidades que mais perderam gelo entre 1994 e 2017. Os valores circulados estão em trilhões de toneladas (Tt)
Estudo Inédito
O
estudo é o primeiro desse tipo a examinar todo o gelo que está
desaparecendo na Terra usando observações de satélite. A pesquisa cobre
215 mil geleiras de montanhas espalhadas ao redor do planeta, os mantos
de gelo polares na Groenlândia e na Antártica, as plataformas de gelo
flutuante ao redor da Antártica e o gelo do mar que flutua nos oceanos
Ártico e Meridional.
Aquecimento Global
Nas
últimas três décadas, tem havido um grande esforço internacional para
entender o que está acontecendo com os componentes individuais do
sistema de gelo da Terra. Essa compreensão foi melhorada com o tempo,
mas foi através de satélites que a observação sofreu uma forte
revolução, pois permitem monitorar rotineiramente as vastas e inóspitas
regiões onde o gelo pode ser encontrado.
Segundo os pesquisadores,
o aumento na perda de gelo foi desencadeado pelo aquecimento da
atmosfera e dos oceanos, que se aqueceram em 0,26ºC e 0,12ºC por década
desde 1980, respectivamente.
Durante o período da pesquisa, houve
uma perda de 7,6 trilhões de toneladas de gelo marinho do Ártico e uma
perda de 6,5 trilhões de toneladas das plataformas de gelo da Antártica,
ambas as quais flutuam sobre oceanos polares.
Contribuição Climática
Essa
perda de gelo marinho não contribui diretamente para o aumento do nível
do mar, mas tem uma influência indireta, já que uma das principais
funções do gelo marinho do Ártico é refletir a radiação solar de volta
ao espaço, o que ajuda a manter o Ártico frio. À medida que o gelo
marinho encolhe, mais energia solar é absorvida pelos oceanos e pela
atmosfera, o que faz com que o Ártico aqueça mais rápido do que em
qualquer outro lugar do planeta.
Metade de todas as perdas foram
causadas pelo gelo em terra - incluindo 6,1 trilhões de toneladas de
geleiras de montanha, 3,8 trilhões de toneladas da camada de gelo da
Groenlândia e 2,5 trilhões de toneladas da camada de gelo da Antártica.
Essas perdas aumentaram o nível global do mar em 35 milímetros.
Estima-se
que para cada centímetro de elevação do nível do mar, cerca de um
milhão de pessoas em regiões baixas correm o risco de serem deslocadas.
Pode parecer improvável, mas encontrar uma espécie de inseto
preservado com órgãos genitais visíveis é um bom motivo para
comemoração entre os cientistas. Um novo estudo publicado na revista Papers in Palaeontology descreve uma dessas espécies: um inseto assassino de 50 milhões de anos atrás, encontrado em âmbar, uma pedra preciosa feita de resina fossilizada de árvores, foi identificado com suas estruturas ainda intactas.
Academicamente falando, é uma descoberta lucrativa por muitas razões,
mas a preservação única de sua cápsula genital (conhecida pelos
entomologistas como pigóforo) é mais importante. Após a inspeção, os
pesquisadores do novo artigo perceberam que as características internas
da genitália do antigo inseto eram claramente visíveis e bem
preservadas, fornecendo novos insights e conclusões sobre a vida amorosa de antigos insetos. Esses detalhes são muito raros em pesquisas de insetos fossilizados.
(Fonte: Palaeontological Association/Reprodução)
“Uma razão é que as estruturas genitais são compostas por estruturas
membranosas, que não se preservam bem”, escreveu o pesquisador do estudo
Daniel Swanson, estudante de graduação em entomologia na Universidade
de Illinois Urbana-Champaign. “Mesmo em nosso fóssil, a genitália
preservada é amplamente representada pelas partes endurecidas. Outra
característica desse fóssil é que as duas partes vieram de uma divisão, o
que nos permite uma visão interna dessas estruturas. Os fósseis de
compressão geralmente preservam apenas a visão das costas ou da barriga,
casos em que você não pode realmente ver nada da anatomia interna.”
O fóssil e os insetos assassinos
Nomeado de Aphelicophontes danjuddi, o fóssil foi encontrado
na Green River Formation, no Colorado, e representa um novo gênero de
insetos assassinos. Alguns deles ainda existem e vagam pela terra, tendo
como principal característica a “mochila” de formigas mortas nas
costas, utilizado para fornecer camuflagem contra os inimigos e melhorar
seu desempenho de sobrevivência.
Esse fóssil tem uma história interessante, sendo descoberto pela
primeira vez há algum tempo como resultado da rachadura de uma rocha — o
que dividiu o inseto quase perfeitamente ao meio. As duas metades foram
vendidas a dois colecionadores por um negociante de fósseis, o que
significa que os pesquisadores partiram em uma espécie de caça ao tesouro para rastrear as partes e reuni-las para esse estudo.
Com 44 anos de idade, o britânico Niel Kenmuir é uma das poucas
pessoas no mundo a ser diagnosticado com afantasia, uma condição
extremamente rara — que o impossibilita de visualizar coisas dentro de
sua cabeça — que não havia sido explorada pela ciência até o início da
última década.
Segundo Kenmuir, o problema foi descoberto por ele e sua família ainda em sua infância. Em uma noite com problemas para adormecer,
seu pai havia lhe pedido para que fechasse os olhos e contasse ovelhas.
Entretanto, o ainda jovem Niel não conseguia enxergar nada dentro de
sua mente, o que posteriormente seria diagnosticado como afantasia.
A doença da falta de imaginação
(Fonte: Pixabay)
Após ser estudado pela Universidade de Exeter, no Reino Unido, Niel
disse que tinha problemas em compreender o conceito de imagens no
cérebro. “Eu me lembro de não entender o que significava ‘contar ovelhas‘. Para mim, meus pais diziam isso no sentido figurado”, explicou.
Depois de inúmeras tentativas fracassadas de tentar criar alguma
figura em seu cérebro, o britânico se mostrou aliviado por sua condição
estar finalmente sendo pesquisada a fundo após anos tentando encontrar
alguma informação sobre ela na internet.
O conceito de pessoas sem a capacidade de visualizar imagens foi
criado em 1880 pelo cientista Francis Galton. No século XX, um
levantamento chegou a sugerir que essa inabilidade atingia cerca de 2,5%
da população mundial. Porém, a afantasia foi pouco explorada pela
ciência até o início da última década, quando recebeu essa nomenclatura.
Os problemas da afantasia
(Fonte: Pixabay)
A afantasia pode parecer uma condição inofensiva para a maioria das
pessoas, porém pode ser um verdadeiro inconveniente na vida das pessoas
que convivem com a falta de imaginação diariamente.
De acordo com Niel, livros extremamente descritivos de suas
ambientações são um caso perdido mesmo para ele que é amante da leitura.
Porém, a maior dificuldade é quando a afantasia afeta sua vida
pessoal. Para o britânico, até mesmo pensar em uma pessoa querida pode
ser muito frustrante, já que sua cabeça não consegue reproduzir qualquer
imagem de sua noiva, por exemplo, por mais que ele se esforce bastante
para que isso ocorra.
Para explicar tal condição, Kenmuir sempre possui uma bela analogia
engatilhada. “A mente é como um quadro e os neurônios trabalham juntos
para projetar algo nesse objeto. Meus neurônios todos funcionam
perfeitamente, exceto que eu não tenho uma tela para ser pintada”,
descreveu.
Mais de meio milhão de pessoas que vivem em Granada, sul de
Espanha, despertaram hoje inquietas depois do sobressalto causado
durante a noite por três sismos de magnitude superior a quatro graus
seguidos de 30 réplicas menores.
“Vários sismos fizeram tremer Granada de novo esta noite.
Compreendo a preocupação de milhares de pessoas. É tempo de manter a
calma e seguir as indicações dos serviços de emergência”, disse o
primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, na rede social Twitter.
As televisões espanholas mostram imagens publicadas por populares nas
redes sociais em que se veem pessoas com casacos por cima de pijamas
que saíram a meio da noite para rua, apesar do recolher obrigatório na
região por causa da pandemia de covid-19.
Os três tremores de terra quase consecutivos tiveram o seu epicentro na localidade de Santa Fé, a cerca de 10 km de Granada, e magnitude de 4,2 graus (22:36), 4,2 (22:44) e 4,5 (22:54), de acordo com o Instituto Geográfico Nacional espanhol.
No sábado passado, um tremor de terra de 4,4 graus de magnitude já tinha sido sentido nas localidades de Atarfe e de Santa Fé.
Desde o início de dezembro do ano passado, ocorreram cerca de 300
sismos na região, explica o Instituto Geográfico, dos quais cerca de 40
foram sentidos pela população”.
O sismo de sábado apenas causou alguns danos, como pequenas fendas ou
queda de objetos (livros, pratos) no epicentro, segundo a instituição.
O Instituto Geográfico espanhol explica que esta atividade sísmica “é habitual”
nesta região, “especialmente dentro da zona central da Cordilheira
Bética”, um maciço montanhoso no sul de Espanha, que tem a maior
atividade sísmica da Península Ibérica, devido à “convergência entre a
placa africana e a placa euro-asiática”.
Uma equipa internacional de investigadores descobriu um
medicamento antiviral que é “100 vezes mais potente” do que o remdesivir
no tratamento da covid-19. Trata-se de um fármaco usado para tratar um
cancro sanguíneo, que só foi aprovado na Austrália.
O composto químico plitidepsina, fabricado em
Espanha a partir de uma substância produzida por um tipo de moluscos do
mar Mediterrâneo conhecidos como seringas-do-mar, foi testado por uma
equipa de cientistas internacionais como possível tratamento contra a
covid-19.
Os testes em laboratório, liderados pelo virologista Adolfo
García-Sastre, do Hospital Monte Sinai de Nova Iorque, concluíram que o
fármaco é “100 vezes mais potente” do que o Remdesivir, que foi o primeiro antiviral aprovado para tratar a covid-19 e que não é totalmente eficaz.
Estes resultados foram publicados num artigo na revista Science e a investigação contou com a participação de especialistas da Universidade da Califórnia e do Instituto Pasteur, em Paris.
A plitidepsina é usada no medicamento Aplidina, desenvolvido pela empresa espanhola Pharmamar, que trata um cancro sanguíneo conhecido por mieloma múltiplo. Contudo, até agora, o medicamento só foi aprovado na Austrália.
“Mais potente do que o remdesivir”
Ainda não foi encontrado nenhum medicamento que se tenha revelado
plenamente eficaz no tratamento da covid-19. Os médicos têm usado uma
combinação de vários fármacos que podem ajudar a controlar certas
complicações provocadas pela infecção, mas que não tratam efectivamente a
doença.
Contudo, os investigadores acreditam que a plitidepsina pode vir a ser esse tratamento que tanta falta faz.
Este medicamento sintético baseia-se numa substância produzida por uma espécie de ascídias, organismos marinhos conhecidos como seringas-do-mar, e que podem ser encontradas no Mediterrâneo, presas às rochas, a conchas ou ao fundo de navios.
O estudo agora publicado nota que a plitidepsina “possui actividade anti-viral” e que se revela “mais potente do que o remdesivir contra o SARS-CoV-2” em testes in vitro, com “toxicidade limitada nas culturas de células”.
As experiências foram feitas com células humanas em laboratório e também com ratos infectados com covid-19.
Os investigadores notam que as conclusões indicam que é “uma terapêutica promissora”
candidata a tratamento da covid-19, mas que também pode ajudar a criar
outros antivirais genéricos contra muitos outros patógenos.
A investigação passou por analisar 47 substâncias que poderiam
interferir com a forma como as proteínas do coronavírus interagem com as
proteínas humanas.
A plitidepsina foi a que melhores resultados revelou, demonstrando
que “é entre 9 e 85 vezes mais eficaz” do que outros fármacos, “impedindo a multiplicação do vírus”, constatam os autores do estudo.
Os cientistas compararam os efeitos da plitidepsina com os do
remdesivir em ratos infectados com covid-19 e concluíram que a primeira
“reduz a replicação do vírus umas 100 vezes mais” e que ainda “combate a inflamação nas vias respiratórias”.
Não ataca o vírus, mas a proteína humana eEF1A
O medicamento “não ataca directamente o vírus, mas uma proteína humana de que este precisa para sequestrar a maquinaria biológica das células e usá-las para fazer centenas de milhares de cópias de si mesmo”, salientam os investigadores.
Assim, bloqueia a proteína humana conhecida como eEF1A, sem a qual o vírus não consegue replicar-se.
Isto significa que será também eficiente contra as novas variantes do
coronavírus, já que o alvo é uma proteína humana e a genética humana
muda mais devagar do que a genética do vírus.
“A investigação confirma tanto a potente actividade como o alto
índice terapêutico da plitidepsina que, dado o seu mecanismo especial de
acção, inibe o SARS-CoV-2 independentemente de qual seja a sua mutação“,
incluindo nas estirpes britânica, sul-africana e brasileira ou noutras
variantes que possam aparecer, constata o presidente da Pharmamar, José
María Fernández, em declarações ao El País.
Resultados prematuros
Contudo, estamos a falar de resultados preliminares, feitos em
laboratório, em ambientes controlados. São, portanto, necessários
estudos clínicos em ambientes hospitalares com pacientes de covid-19,
para tirar conclusões.
A Pharmamar refere que, no início da pandemia, foram feitos alguns ensaios clínicos e que se confirmou que “o medicamento reduz a carga viral em pacientes hospitalizados“, conforme cita o El País. Mas não existem dados científicos que o comprovem.
A empresa espanhola já anunciou que vai pedir autorização para fazer
um ensaio clínico de fase III – que implicam o envolvimento de um
elevado número de doentes de diferentes hospitais e podem demorar vários
anos a completar – em pacientes hospitalizados com covid-19 em vários
países.
O ministro do Ambiente desafiou esta segunda-feira o
Parlamento Europeu a empenhar-se nas negociações com o Conselho Europeu
para aprovar uma lei climática antes do fim do semestre.
“É inimaginável que a Europa não seja o primeiro continente a comprometer-se com a sua neutralidade carbónica”, declarou João Pedro Matos Fernandes
numa audição virtual com a comissão do Parlamento Europeu para o
Ambiente, assumindo que há divergências sobre como lá chegar mesmo no
seio do Conselho Europeu.
“Pensam mal aqueles que acham que se não conseguirmos, a culpa é do
Conselho. A culpa é de todos nós. Todos temos que fazer um trabalho para
irmos ao encontro do que manifestamente os cidadãos europeus nos
solicitam”, argumentou o ministro português, dirigindo-se aos deputados
europeus que o questionaram sobre como é que a presidência portuguesa da
União Europeia pretende agir.
Matos Fernandes assumiu que, mesmo dentro dos países da União Europeia, “há ainda posições divergentes” sobre temas como o “orçamento carbónico”,
ou seja, o limite de emissões que cada país e a União como um todo tem
para cumprir a meta de neutralidade carbónica, definida pela Comissão
Europeia como 2050, e de limitação do aquecimento global.
“Posso garantir-vos que tudo faremos para que haja lei do clima no
final deste semestre, mas não ponham a questão como se fosse só minha ou
do conselho”, declarou, salientando que uma negociação só corre bem
quando cada uma das partes define bem o que tem para dar, não apenas o
que pretende da outra parte.
O ministro indicou que tem havido reuniões com os deputados europeus e afirmou esperar que o Parlamento “também tenha definido o que tem para dar neste processo”, com vista a aprovar uma lei do clima até ao fim da presidência portuguesa da União.
João Pedro Matos Fernandes salientou que, em relação aos esforços
para atingir a neutralidade carbónica em 2050 e conseguir uma redução de
55% nas emissões até 2030, “é fundamental que se consiga fazer o caminho em conjunto”,
notando que “quem está mais longe é também quem menos fez” na
descarbonização da economia e na procura de uma transição energética
para fontes “limpas”.
“É mesmo bom que cada país, dentro daquilo que pode fazer, tenha um compromisso muito sério para não ficar à espera que o país do lado o compense nas suas emissões”, afirmou.
Ressalvou que “a proposta do Conselho não é de uma obrigatoriedade
para cada país, mas uma obrigatoriedade para o conjunto dos
estados-membros” na redução de emissões.
Questionado sobre a designação de um “embaixador climático” para a
Europa, à semelhança do que aconteceu com o ex-secretário de Estado
norte-americano John Kerry, nomeado pela nova administração do
Presidente Joe Biden, afirmou que a União Europeia “não sente
necessidade” dessa figura porque “não tem que explicar nada ao mundo” em
termos de ambição climática.
O sistema estelar TRAPPIST-1 é o lar do maior lote de
planetas aproximadamente do tamanho da Terra já encontrado fora do nosso
Sistema Solar.
Descobertos
em 2016 a cerca de 40 anos-luz de distância, estes sete irmãos rochosos
oferecem um vislumbre da tremenda variedade de sistemas planetários que
preencherão o Universo.
Um novo estudo revela que estes sete planetas partilham densidades semelhantes.
Isto pode significar que todos contêm aproximadamente a mesma proporção
de materiais considerados comuns aos planetas rochosos, como ferro,
oxigénio, magnésio e silício.
Assim, embora os planetas da TRAPPIST-1 possam ser semelhantes entre si, parecem diferir notavelmente da Terra: são cerca de 8% menos densos do que seriam se tivessem a mesma composição química do nosso planeta.
Estas descobertas fornecem aos astrónomos novos dados que estão a
usar para tentar determinar a composição precisa destes planetas e
compará-los não só à Terra, mas a todos os planetas rochosos no nosso
Sistema Solar, de acordo com Eric Agol, professor de astronomia da Universidade de Washington e autor principal do estudo.
“Esta é uma das caracterizações mais precisas de um conjunto de
exoplanetas rochosos, o que nos deu medidas de alta confiabilidade dos
seus diâmetros, densidades e massas”, disse Agol, em comunicado.
“Esta é a informação de que precisávamos para fazer hipóteses sobre a
sua composição e entender como estes planetas diferem dos planetas
rochosos no nosso Sistema Solar.”
Desde a deteção inicial em 2016 dos mundos da TRAPPIST-1, os
cientistas estudaram esta família planetária com vários telescópios
espaciais e terrestres, incluindo o telescópio espacial Kepler e o
telescópio espacial Spitzer da NASA.
O Spitzer forneceu mais de mil horas de observações direcionadas do
sistema antes de ser desativado em janeiro de 2020. Como são muito
pequenos e fracos para serem vistos diretamente, todos os sete
exoplanetas foram encontrados através método de trânsito: procurando quedas no brilho criado quando os planetas passam à frente dele.
Cálculos anteriores tinham mostrado que os planetas têm aproximadamente o tamanho e a massa da Terra e, portanto, também devem ser rochosos – em oposição a mundos gasosos como Júpiter e Saturno.
O céu noturno está cheio de planetas e só nos últimos 30 anos conseguimos começar a desvendar os seus mistérios”, disse Caroline Dorn,
da Universidade de Zurique. “O sistema TRAPPIST-1 é fascinante porque
em torno dessa estrela podemos aprender sobre a diversidade de planetas
rochosos dentro de um único sistema. E podemos realmente aprender mais
sobre um planeta ao estudar os seus vizinhos também, por isto este
sistema é perfeito para isso”.
A equipa de investigadores dos Estados Unidos, Suíça, França, Reino
Unido e Marrocos usou observações das quedas de luz das estrelas e
medições precisas do tempo das órbitas dos planetas para fazer medições
detalhadas da massa e do diâmetro de cada planeta. Agol, Zachary
Langford e Victoria Meadows realizaram simulações de computador que
restringiram as órbitas dos planetas TRAPPIST-1 e calcularam as suas
densidades.
No nosso Sistema Solar, as densidades dos oito planetas variam amplamente:
os gigantes gasosos – Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno – são maiores,
mas muito menos densos do que os quatro planetas rochosos. Terra, Vénus e
Marte têm densidades semelhantes, mas Mercúrio contém uma porcentagem
muito maior de ferro, por isso, embora seja o mais pequeno planeta em
diâmetro, Mercúrio tem a segunda maior densidade de todos os oito
planetas.
Já os sete planetas TRAPPIST-1 partilham uma densidade semelhante,
o que torna o sistema bastante diferente do nosso. A diferença de
densidade entre os planetas TRAPPIST-1 e a Terra, Vénus e Marte, pode
parecer pequena – cerca de 8% – mas é significativa em escala
planetária.
Uma forma de explicar a densidade mais baixa é que os planetas TRAPPIST-1 têm uma composição semelhante à Terra, mas com uma percentagem menor de ferro – cerca de 21% em comparação com os 32% da Terra.
Alternativamente, o ferro nos planetas TRAPPIST-1 pode ser infundido
com altos níveis de oxigénio, formando óxido de ferro ou ferrugem. O
oxigénio adicional diminuiria as densidades dos planetas.
A superfície de Marte obtém a sua coloração vermelha do óxido de
ferro, mas, como os seus três irmãos terrestres, tem um núcleo composto
de ferro não oxidado. Em contraste, se a densidade mais baixa dos
planetas TRAPPIST-1 fosse causada inteiramente por ferro oxidado, os planetas teriam de estar enferrujados e não poderiam ter núcleos de ferro.
Segundo Agol, a resposta pode ser uma combinação dos dois cenários – menos ferro em geral e algum ferro oxidado.
Em comparação, a água representa menos de 0,1% da massa total da
Terra. Os três planetas da TRAPPIST-1 internos – posicionados demasiado
da sua estrela para que a água permaneça um líquido na maioria das
circunstâncias – exigiriam atmosferas densas e quentes como Vénus, onde a água poderia permanecer ligada ao planeta como vapor.
Porém, esta explicação parece menos provável porque seria uma coincidência todos os sete planetas terem água suficiente presente para ter densidades semelhantes.
“Há muito mais perguntas a serem respondidas sobre a TRAPPIST-1 e os
seus mundos”, disse Agol. “E, de certa forma, respondê-las ajuda-nos a
entender o nosso próprio sistema solar também.”
Foi descoberto o primeiro planeta semelhante a Júpiter sem
nuvens ou neblina, que é também o segundo já identificado de atmosfera
límpida, segundo uma nova investigação levada a cabo por astrónomos do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, nos Estados Unidos.
Batizado de WASP-62b, o gigante gasoso em trânsito foi já descoberto em 2012 através do projeto internacional WASP (Wide Angle Search for Planets), mas a sua atmosfera – que agora se provou ser límpida – nunca tinha sido estudada em detalhe.
Este Júpiter-quente – categoria de mundos gasosos com uma massa semelhante à de Júpiter, mas que orbitam muito próximos das suas estrelas – localiza-se a 575 anos-luz e tem cerca de metade da massa de Júpiter.
Ao contrário de Júpiter, que precisa de quase 12 anos para completar
uma volta ao Sol, o WASP-62b completa uma rotação em torno da sua
estrela em apenas quatro dias e meio.
Períodos orbitais curtos, muitas vezes com uma
duração inferior a um dia terrestre, são também uma característica
típica dos Júpiteres-quentes: a proximidade destes mundos às suas
estrelas faz com que as suas órbitas sejam mais reduzidas e com que as
suas temperaturas atinjam valores incrivelmente altos.
Recorrendo ao telescópio espacial Hubble, o astrónomo Munazza Alam
fez uma série de registos de dados e observações do planeta usando a
espectroscopia, o estudo da radiação eletromagnética, para ajudar a
detetar elementos químicos em WASP-62b.
Alam não encontrou evidências de potássio, mas foi
“surpreendentemente” clara a presença de sódio e das linhas completas de
absorção deste elemento químico: “Esta é uma forte evidência de que estamos a ver uma atmosfera limpa“, disse o especialista do Harvard-Smithsonian Center, explicando que, caso existissem algumas nuvens ou neblina, toda a assinatura de sódio do planeta teria sido obscurecida.
Os mundos livres de nuvens são extremamente raros: os astrónomos
estimam que menos de 5% dos exoplanetas têm atmosferas límpidas. A par
de Júpiter-quente só foi detetado um outro mundo – o primeiro – com uma
atmosfera clara, o WASP-96b, em 2018.
De acordo com os cientistas, que publicaram os resultados da nova investigação na revista científica especializada Astrophysical Journal Letters, estudar estes exoplanetas sem nuvens pode levar a uma melhor compreensão da sua formação.
“A sua raridade sugere que algo mais está a acontecer ou que [estes
planetas] se formaram de uma forma diferente da maioria dos outros
planetas”, explicou Munazza Alam, citado pelo portal de Ciência Sci-news,
acrescentando ainda: “Atmosferas claras também tornam mais fácil o
estudo da composição química dos planetas, o que pode, por sua vez,
ajudar a identificar de que é feito o planeta”.