Reduzir o consumo de carne força os tecidos a produzir sulfeto de hidrogénio, um gás que promove a saúde do nosso corpo e nos permite viver uma vida mais longa.
As dietas ricas em proteínas estão em alta. No entanto, há evidências de que restringir as proteínas que ingerimos – particularmente cortar na carne – pode ser importante para um envelhecimento saudável.
O motivo é surpreendente: força os tecidos a produzirem sulfeto de hidrogénio (H2S), um gás que é venenoso se inalado e tem um cheiro fedorento, mas que promove a saúde do nosso corpo.
Este é um gás que ninguém quer. Além de cheirar mal, é um componente da flatulência e a sua toxicidade foi associada a pelo menos uma extinção em massa.
Ainda assim, o corpo produz naturalmente pequenas quantidades como uma molécula de sinalização para agir como um mensageiro químico. Agora, cientistas começam a entender a associação entre dieta e produção de H2S.
Menos pode ser mais quando se trata de comida. Quando os cientistas colocam os organismos em dietas cuidadosamente equilibradas, mas restritas, esses organismos aumentam substancialmente o tempo de vida saudável.
Isto verifica-se em leveduras, moscas da fruta, vermes e macacos. Em ratos, essas dietas reduzem o risco de cancro, fortalecem o sistema imunitário e melhoram a função cognitiva.
Mas como o envelhecimento e a longevidade são processos complexos, é difícil para os investigadores identificar os mecanismos em funcionamento. Estudos recentes sugerem que é evidente que o H2S desempenha um papel crucial.
Estudos realizados desde a década de 1990 mostraram que a redução da ingestão de certos aminoácidos contendo enxofre, os blocos de construção das proteínas, pode aumentar a longevidade de ratos em cerca de 30%.
Mais recentemente, uma equipa de investigadores liderada por cientistas de Harvard realizou uma série de estudos em animais, nos quais restringiram a ingestão de dois aminoácidos sulfurados – cisteína e metionina – para estudar quais os efeitos.
Isto fez com que os animais aumentassem a produção de H2S nos seus tecidos, o que desencadeou uma cascata de efeitos benéficos, como o aumento da geração de novos vasos sanguíneos, que promove a saúde cardiovascular, e uma maior resistência ao stress oxidativo no fígado, que está relacionado com a doença hepática.
No entanto, ainda não se sabe se efeitos semelhantes ocorreriam em humanos. No início deste ano, um estudo norte-americano, com dados de 11.576 adultos, apresentou evidências de que sim.
Os cientistas descobriram que a redução da ingestão desses aminoácidos sulfurados está associada a fatores de risco cardiometabólico mais baixos, incluindo níveis mais baixos de colesterol e glicose no sangue. Os fatores de risco cardiometabólico são aqueles ligados a doenças cardíacas, AVC e diabetes.
Comer menos carne = vida mais longa?
O resultado deste estudo é que há boas evidências de que limitar a ingestão de alimentos contendo altos níveis de aminoácidos de enxofre pode reduzir o risco de doenças crónicas, como diabetes e doenças cardíacas, e promover o envelhecimento saudável.
Como estes aminoácidos sulfurados são abundantes em carnes, laticínios e ovos, que ocupam um lugar de destaque nos nossos carrinhos de compras, comemos em média 2,5 vezes mais do que precisamos diariamente.
A carne vermelha é particularmente rica em aminoácidos de enxofre, mas carne branca e peixe também contêm muito. Mudar para proteínas vegetais ajudaria a reduzir esse consumo.
Feijões, lentilhas e leguminosas são boas fontes de proteína, que também são pobres em aminoácidos de enxofre. Mas cuidado: a proteína de soja, que é a base de alimentos como o tofu, é surpreendentemente rica em aminoácidos de enxofre. Enquanto isso, vegetais como os brócolos contêm muito enxofre, mas não na forma de aminoácidos.
Um aviso importante é que os aminoácidos sulfurados desempenham papéis vitais no crescimento, por isso, as crianças não devem adotar dietas com baixo teor de enxofre.
https://zap.aeiou.pt/menos-carne-vida-longa-gas-toxico-374593
Sem comentários:
Enviar um comentário