quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

A habitabilidade da Terra é fruto do mero acaso

A Terra permaneceu continuamente habitável durante mais de três mil milhões de anos graças, pelo menos em parte, ao mero acaso, concluiu uma nova investigação da Universidade de Southampton, no Reino Unido.

“Agora podemos entender que a Terra permaneceu com condições adequadas para a vida durante tanto tempo devido, pelo menos em parte, à sorte. Por exemplo, se um asteróide ligeiramente tivesse atingido a Terra, ou se o fizesse num momento diferente, a Terra poderia ter perdido a sua habitabilidade por completo”, disse Toby Tyrrell, especialista em Ciências do Sistema Terrestre da Universidade de Southampton, citado em comunicado.

Intrigado pelas diferenças climáticas entre a Terra e os seus vizinhos Vénus ou Marte, que acabam por ditar a sua habitabilidade, Tyrrell e a sua equipa levaram a cabo uma simulação sobre a evolução do clima em milhares de planetas.

Recorrendo ao super-computador Iridis da Universidade de Southampton, os especialistas executaram milhares de simulações, observando como é que 100.000 planetas diferentes respondiam aleatoriamente a eventos de alterações climáticas ao longo de três mil milhões de anos até chegarem a um ponto onde perdiam a sua habitabilidade.

Cada planeta foi simulado 100 vezes e o grande objetivo do procedimento visava responder à pergunta: o que fez com que a Terra sustentasse vida durante tanto tempo?

Ao que parece, a habitabilidade de um planeta é também fruto da sorte.

De acordo com os cientistas, os dados das simulações foram muito claros: a maioria dos planetas que continuaram a sustentar vida durante os 3 mil milhões de anos analisados tinha apenas uma probabilidade – e não uma certeza – de permanecer habitável.

Muitos dos planetas analisados falharam as simulações, permanecendo apenas com condições favoráveis à vida ocasionalmente.

De uma população de 100.000 planetas, 9% (8.700) teve sucesso pelo menos uma vez. Destes 8.700 mundos, quase todos (8.000) foram bem sucedidos em metade das simulações (50 em 100) e a maioria (4.500) teve sucesso menos de dez vezes em 100.

“Noutras palavras, se um observador inteligente estivesse presente na Terra primitiva quando a vida 

evoluiu pela primeira vez e fosse capaz de probabilidade as hipóteses de o planeta permanecer habitável nos próximos milhões de anos, o cálculo poderia ter revelado probabilidades muito pobres“, explicou ainda Tyrrell, que é também co-autor do novo estudo, cujos resultados foram publicados recentemente na revista científica Nature Communications Earth and Environment.

Na mesma nota, a equipa explica que a grande diferença desta simulações para as realizadas em estudos anteriores reside no facto de os cientistas se debruçarem no estudo computorizado de milhares de planetas e não apenas de um, a Terra.

O estudo teoriza que noutras partes do Universo podem ter existido planetas parecidos com a Terra com perspetivas iniciais de habitabilidade também semelhantes, mas que, devido a eventos casuais, acabaram por se tornar muito quentes ou frios, pondo assim fim às suas hipóteses de abrigar vida.

Os cientistas acreditam ainda que à medida que as técnicas de descoberta de novos exoplanetas melhoram e que mais “Terras-gémeas” são encontradas e analisadas, mais provável é que a maioria seja considerável inabitável.

https://zap.aeiou.pt/habitabilidade-da-terra-fruto-do-mero-acaso-365871

Sem comentários:

Enviar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...