Um estudo divulgado esta quarta-feira revelou a primeira
observação direta da luz por detrás de um buraco negro, através da
deteção de pequenos sinais luminosos de raios-X, confirmando a Teoria da
Relatividade Geral, de Einstein.
Segundo o estudo, publicado na revista científica Nature, a deteção da luz foi possível porque o buraco negro deforma o espaço, dobrando a luz e torcendo os campos magnéticos em seu redor.
Um buraco negro é um corpo do Universo tão denso que a luz que nele entra não pode sair.
Durante a observação de raios-X lançados para o Universo por um
buraco negro supermassivo situado no centro de uma galáxia a 800 milhões
de anos-luz da Terra, o astrofísico Dan Wilkins, da Universidade de
Standford, nos Estados Unidos, identificou um padrão intrigante: sinais luminosos de raios-X que eram mais pequenos e tardios.
De acordo com a teoria, estes ecos luminosos eram consistentes com os
raios-X refletidos atrás do buraco negro, apesar de a localização ser
estranha para a luz surgir.
“Toda a luz que entra neste buraco negro não sai, pelo que não
deveríamos conseguir ver nada do que está por detrás do buraco negro”,
afirmou Wilkins, citado pelo site EurekAlert!.
Contudo, a luz surge por detrás do buraco negro porque este está a deformar o espaço, dobrando a luz e torcendo os campos magnéticos à sua volta, explicou o coordenador do estudo.
O buraco negro em causa tem 10 milhões de vezes a massa do Sol e está no centro de uma galáxia espiral chamada I Zwicky 1.
A observação direta da luz por detrás de um buraco negro corresponde às previsões feitas na Teoria da Relatividade Geral,
publicada pelo físico Albert Einstein em 1915, de como a gravidade
dobra a luz em torno dos buracos negros, refere, em comunicado, a
Agência Espacial Europeia (ESA), da qual foi usado o telescópio XMM
Newton para o estudo.
“Há 50 anos, quando os astrofísicos começaram a especular sobre como o
campo magnético poderia comportar-se perto de um buraco negro, nem
faziam ideia de que, um dia, iríamos ter as técnicas necessárias para
observar isso diretamente e ver a Teoria da Relatividade Geral de
Einstein em ação”, disse ainda Roger Blandford, co-autor do estudo
científico, que também é professor de Física em Stanford.
O ponto de partida do trabalho da equipa foi querer saber mais sobre uma misteriosa característica de certos buracos negros, que se chama coroa.
O material que cai num buraco negro supermassivo alimenta as fontes
de luz contínuas mais brilhantes do Universo e, ao fazê-lo, forma uma
coroa, que começa com o gás que desliza para o buraco negro, onde é
sobreaquecido até que os eletrões se separam dos átomos, criando um
plasma magnetizado.
Segundo o mesmo site, a missão de caracterizar e compreender as
coroas continua e vai exigir mais observações, sendo que parte desse
futuro será o observatório de raios-X da ESA, chamado Athena (Advanced Telescope for High-ENergy Astrophysics). Wilkins está a ajudar a desenvolver parte do detetor “Wide Field Imager” do projeto.
“Tem um espelho muito maior do que jamais tivemos num telescópio de
raios-X e irá permitir obter imagens de maior resolução em tempos de
observação muito mais curtos. A imagem que estamos a começar a obter a
partir dos dados neste momento ficará muito mais clara com estes novos
observatórios”, disse.
O asteróide que extinguiu os dinossauros provavelmente veio
da metade externa do cinturão de asteróides principal, uma região que se
pensava produzir poucos asteróides.
Investigadores do Southwest Research Institute, no Texas, Estados
Unidos, mostraram que os processos que enviam grandes asteróides desta
região para a Terra ocorrem, pelo menos, dez vezes mais do que se pensava anteriormente.
Além disso, os cientistas explicam que a composição desses corpos corresponde ao que sabemos sobre o asteróide que dizimou os dinossauros.
A equipa de investigadores combinou modelos de computador da evolução
de asteróides com observações de asteróides conhecidos para investigar a
frequência dos chamados eventos de Chicxulub.
A cratera Chicxulub é uma antiga cratera de impacto situada na Península do Iucatã, no México. A cratera tem mais de 180 quilómetros de diâmetro,
tornando-a uma das maiores estruturas de impacto conhecidas no mundo. O
meteoro que formou a cratera tinha pelo menos 10 quilómetros de
diâmetro.
“Duas questões críticas ainda sem resposta são: ‘Qual foi a fonte do
asteróide?’ e ‘Com que frequência esses eventos de impacto ocorreram na
Terra no passado?'”, explica o coautor William Bottke em comunicado.
Para sondar o impacto de Chicxulub, os geólogos examinaram
previamente amostras de rochas de 66 milhões de anos. Os resultados
indicam que o asteróide era semelhante à classe de meteoritos condritos carbonáceos, alguns dos materiais mais primitivos do Sistema Solar.
“Decidimos procurar onde é que os irmãos do asteróide Chicxulub podem
estar escondidos”, disse David Nesvorný, autor principal do artigo
científico publicado recentemente na revista Icarus.
“Para explicar a sua ausência, vários grupos anteriores simularam
grandes ruturas de asteróides e cometas no Sistema Solar interno,
observando surtos de impactos na Terra, com o maior deles a produzir a
cratera Chicxulub”, disse William Bottke, um dos coautores do artigo,
citado pela Europa Press.
“Embora muitos desses modelos tenham propriedades interessantes, nenhum forneceu uma correspondência satisfatória com o que sabemos sobre asteróides e cometas. Parecia que ainda estava a faltar algo importante”.
Para surpresa da equipa de investigadores, descobriram que asteroides
de dez quilómetros de largura, localizados na metade externa do
cinturão de asteróides, atingem a Terra, pelo menos, dez vezes mais do que o calculado anteriormente.
Assim, asteróides como o que dizimou os dinossauros atingem a Terra, em média, uma vez a cada 250 milhões de anos.
“Este resultado é intrigante não apenas porque a metade externa do
cinturão de asteróides abriga um grande número de asteróides de
condritos carbonosos, mas também porque as simulações da equipa podem,
pela primeira vez, reproduzir as órbitas de grandes asteróides prestes a
aproximar-se da Terra”, disse a coautora Simone Marchi.
Em 2018, Marte foi palco de uma fortíssima tempestade de
areia que destruiu um vórtice de ar frio em torno do polo sul do
planeta, desencadeando uma primavera precoce. Já no hemisfério norte, a
tempestade só causou pequenas distorções no vórtice polar e não houve
qualquer registo de mudança sazonal.
Durante duas semanas, no início do mês de junho de 2018, poderosas
tempestades de poeira formaram uma espécie de manta que cobriu toda a
superfície do Planeta Vermelho. A tempestade, que coincidiu com o
equinócio de Marte e durou até meados de setembro, acabou por ser fatal para a sonda Opportunity da NASA, movida a energia solar.
Recentemente, uma equipa de cientistas da The Open University, da NASA e da Russian Academy of Sciences analisou os efeitos do evento na atmosfera marciana.
“Foi a oportunidade perfeita para investigar como é que as
tempestades de poeira globais impactam a atmosfera nos polos marcianos,
rodeados por poderosos jatos de vento no inverno”, explicou Paul
Streeter, citado pelo EurekAlert.
A equipa constatou que a tempestade de 2018 teve efeitos muito distintos em cada hemisfério.
No polo sul, onde o vórtice foi quase destruído, as temperaturas
aumentaram e a velocidade do vento diminuiu drasticamente. Embora o
vórtice possa já ter começado a decair devido ao início da primavera, a
tempestade de poeira parece ter tido um efeito decisivo em terminar o inverno mais cedo.
Já o vórtice polar do norte permaneceu estável e o
início do outono seguiu o seu padrão habitual. Ainda assim, o vórtice,
normalmente elíptico, tornou-se mais simétrico com a tempestade.
As tempestades globais de poeira no equinócio – quando os dois
hemisférios recebem a “mesma” quantidade de luz solar – podem migrar com
mais facilidade para o sul, devido à redução do vórtice, enquanto os
ventos do polo norte se mantêm firmes, como uma barreira.
A equipa apresentou as suas descobertas no dia 23 de julho na National Astronomy Conference (NAM 2021), que decorreu em formato online.
Um projeto inovador demonstrou como os revestimentos de
superfície eletricamente carregados podem eliminar a bioincrustação
marinha ou o crescimento de organismos marinhos, melhorando a operação e
manutenção de embarcações navais.
A bioincrustação marinha é um fenómeno que causa graves problemas e
enormes prejuízos às indústrias do setor marítimo em todo o mundo pelo
que, desde tempos ancestrais, têm sido utilizadas tintas
anti-incrustantes para combater este processo.
No entanto, estas apresentam uma elevada toxicidade para o ambiente
marinho pelo que o seu uso, na maioria dos casos, foi expressamente
proibido.
Agora, uma pesquisa tem como objetivo desenvolver aplicações práticas
que possam acabar com o flagelo da bioincrustação marinha de uma forma
mais ecológica.
Mats Andersson, professor do Flinders Institute for Nanoscale Science & Technology, referiu que as últimas inspeções das amostras mostraram que a pesquisa estava a ter um desempenho excecionalmente bom.
De acordo com o investigador, os testes mostram que “a incrustação
pode ser reduzida significativamente e, em alguns casos, completamente
eliminada nas superfícies que são revestidas com uma tinta condutora e
sujeitas a stresse eletroquímico”.
“Estamos surpreendidos por funcionar tão bem. Pelo que sabemos, não
há muita pesquisa a ser feita e embora a nossa experiência seja
específica para o Rio do Porto, em Adelaide, pode ser aplicada a
qualquer superfície que esteja submersa no oceano”, realça.
As mais recentes experiências anti-incrustantes testaram uma
variedade de materiais, revestimentos e ciclos elétricos, comparando-os
com amostras sem tensão elétrica.
A ASC, que mantém e atualiza a frota de submarinos da Classe Collins
da Austrália, está a apoiar a pesquisa inovadora ao fornecer
consultoria, laboratório e instalações para submergir as amostras.
O principal engenheiro de desenvolvimento de materiais da ASC, Mikael Johansson,
disse que a bioincrustação marinha tem causado obstruções em
áreas-chave do casco dos navios que eram demoradas e caras para limpar.
Isto porque os “navios de guerra e os submarinos usam água do mar nos
sistemas de resfriamento de propulsão e sistemas de armas – até mesmo
no ar-condicionado. Garantir que as válvulas de entrada, que permitem a
entrada da água, não fiquem obstruídas com vida marinha, é uma
prioridade”, referiu Johansson .
“Esta pesquisa pode levar à proteção de várias partes dos cascos de submarinos da Classe Collins, levando a menos interrupções nas operações navais e menos manutenção”, acrescentou ainda.
Segundo o Phys,
estima-se que a eliminação da bioincrustação marinha custe milhões para
as companhias de navegação e marinhas em todo o mundo a cada ano.
De acordo com um estudo recente, o treino de força pode ajudar o reduzir os níveis de ansiedade subclínica.
A investigação sobre ansiedade e depressão tende a centrar-se em
indivíduos com sintomas de nível clínico — o que faz sentido, uma vez
que existe indiscutivelmente uma maior urgência em encontrar soluções
viáveis para estas populações.
No entanto, indivíduos mentalmente saudáveis também sentem ansiedade de vez em quando ou podem debater-se com níveis persistentes de ansiedade subclínica e leve.
Esses níveis subclínicos, por definição, precedem sempre os níveis
clínicos, por isso, mantê-los baixos na população em geral é outra forma
de garantir que os indivíduos se mantêm saudáveis, escreve o PsyPost.
Tendo em conta este raciocínio, uma equipa de cientistas decidiu investigar a relação entre o treino de força e os sintomas de ansiedade subclínica entre os jovens adultos. O estudo foi publicado na Scientific Reports.
Embora a musculação tenha demonstrado melhorar os sintomas de
ansiedade em indivíduos com um distúrbio de ansiedade diagnosticado, o
mesmo ainda não foi amplamente estudado em populações saudáveis.
Além disso, a maioria das investigações emprega metodologias que
limitam a sua transferibilidade para estudos não laboratoriais. Os
autores escolheram assim um programa de treino de força “ecologicamente
válido”, que poderia ser realizado tão bem em casa, num ginásio ou num
laboratório.
Cada um dos participantes completou um conjunto de questionários
online, incluindo o Questionário de Diagnóstico Psiquiátrico de
Rastreio-GAD (perturbação geral de ansiedade) e o Questionário de
Preocupação Penn State de 16 perguntas.
Os resultados da prática de exercício mostraram que os sintomas de
ansiedade — medidos antes da intervenção, na primeira semana, na quarta
semana e após a intervenção — foram significativamente reduzidos.
Comparativamente com o grupo de controlo, no qual houve pouca alteração dos sintomas, as maiores diferenças ocorreram entre a linha de base e a primeira semana e entre a quarta semana e a pós-intervenção, com poucas alterações entre a primeira e a quarta semana.
Será necessária investigação adicional para compreender exatamente
porquê e como é que o treino de força melhora os sintomas de ansiedade
em populações saudáveis. mas os autores citam os aspetos sociais da
prática de exercício, a expectativa de melhoria da saúde mental e os
sentimentos de domínio (como a realização de objetivos).
As conclusões são particularmente importantes para o grupo etário
alvo de 18 a 40 anos, que os autores selecionaram com base na idade
média de início dos sintomas de ansiedade clínica — cerca de 30 anos. A
redução dos níveis de ansiedade pré-clínica pode, de facto, impedir a
sua evolução para uma desordem clínica, embora seja necessária mais
investigação para confirmar esta hipótese.
Um novo estudo planeia desvendar os mistérios da origem da
fotossíntese. Embora seja um processo pré-histórico, ainda pouco se sabe
sobre as suas origens.
Fotossíntese é um processo pelo qual ocorre a
conversão da energia solar em energia química para realização da síntese
de compostos orgânicos, como plantas ou algas.
Há dois tipos de fotossíntese: oxigénica e anoxigénica, ou produtora e
não produtora de oxigénio. Para entender a origem da fotossíntese, os
cientistas devem primeiro fazer a distinção entre esses dois tipos. Ambos os processos são antigos, tendo talvez até dois mil milhões de anos.
Um novo estudo do Imperial College London visa desvendar os mistérios que cercam as origens da fotossíntese.
Segundo o Tech Explorist,
os cientistas estão a tentar usar culturas de cianobactérias
multigeracionais de longa data para revelar a origem da fotossíntese. Os
autores vão cultivar as suas próprias cianobactérias para determinar a velocidade da sua evolução.
“É assim que ganhamos uma compreensão mais conclusiva das origens da
fotossíntese, usando dados validados experimentalmente”, sublinhou Tanai
Cardona, líder do Laboratório de Evolução Molecular do Imperial College
London, em comunicado.
Os cientistas vão deixar as cianobactérias crescer e evoluir ao longo
do tempo, usando depois técnicas de sequenciamento de genoma para rastrear as mudanças no genoma em intervalos regulares. Isto vai ajudar a determinar quão rápido os diferentes tipos de cianobactérias evoluem.
Além disso, os cientistas vão medir a taxa de mudança do genoma. Isto permite que eles determinem as diferenças na mudança evolutiva em diferentes estirpes ou espécies de cianobactérias.
“Diferentes grupos de cianobactérias surgiram em diferentes pontos no
tempo ao longo de mil milhões de anos, e alguns podem ter mais
semelhanças com os seus ancestrais primordiais. Nunca é correto
considerar qualquer espécie existente como mais “primitiva” do que
outra, já que todas as espécies surgiram do mesmo ancestral”, começou
por dizer Cardona.
“No entanto, algumas dessas espécies de cianobactérias retêm
características que são consideradas bastante antigas e que podem
elucidar sobre como é que essas espécies evoluíram em primeiro lugar”,
acrescentou.
Uma equipa de arqueólogos mexicanos anunciou que iria
reconstruir um monumento arqueológico incomum encontrado nos arredores
da Cidade do México. Porém, este processo terá de ser adiado.
Trata-se de um túnel construído há vários séculos como parte do Albarradón de Ecatepec:
um sistema de controlo de cheias e vias navegáveis construído para
proteger a cidade histórica de Tenochtitlan da subida das águas.
Tenochtitlan, conhecida como a capital do Império Asteca, apresentava vários sistemas para evitar inundações por chuvas torrenciais, diz o Science Alert.
O pequeno túnel-portão descoberto mede apenas 8,4 metros de
comprimento, representando apenas uma pequena parte do colossal
monumento Albarradón de Ecatepec, que no total se estendia por 4
quilómetros, e que foi construído por milhares de trabalhadores
indígenas.
Embora pequeno, este túnel é uma descoberta importante
– e incomum -, já que os arqueólogos encontraram ainda vários glifos
pré-hispânicos desenhados na estrutura. No total, 11 símbolos foram
descobertos – incluindo representações de um escudo de guerra, a cabeça
de uma ave de rapina, gotas de chuva, entre outros.
No início, o objetivo seria expor a descoberta ao público, para que as pessoas pudessem visitar esta fusão centenária e incomum de elementos culturais astecas e espanhóis. No entanto, os planos acabaram por ser alterados.
O Instituto Nacional de Antropologia e História informou, refere a Associated Press, que os arqueólogos vão voltar a cobrir as descobertas com terra, na esperança de que num futuro próximo haja dinheiro suficiente para desenvolver um projeto que possa proteger o túnel histórico.
Devido à falta de fundos para reconstruir adequadamente a exposição e
proteger a notável estrutura, a secção do túnel recém-descoberta terá
agora que ser coberta, com o túnel a ser enterrado novamente para não ser danificado ou vandalizado.
De acordo com o instituto, a decisão deve-se, em grande parte, aos
contínuos impactos económicos da pandemia de covid-19 no México.
Farmacêutica norte-americana pretende submeter um novo pedido
de autorização de emergência para a administração da terceira dose ao
regulador, depois de já ter visto um pedido anterior ser recusado por
falta de evidências científicas.
Depois de ter requerido ao regulador norte-americano autorização
especial para a administração de uma terceira dose da sua vacina contra a
Covid-19 — pedido que foi recusado —, a Pfizer voltou a
sublinhar a importância que este reforço pode ter na criação de
imunidade contra o novo coronavírus e, sobretudo, contra a variante
Delta, defendendo que esta aumenta “fortemente” os níveis de proteção.
De acordo com a CNN,
que cita um relatório da farmacêutica norte-americana, os cientistas da
Pfizer entendem que os níveis de anticorpos contra a variante Delta em
pessoas entre os 18 e os 55 anos que recebem uma terceira dose da vacina são cinco vezes superiores aos apresentados após a toma de duas doses. No que respeita aos cidadãos com idades compreendidas entre os 65 e os 85 anos, os níveis de anticorpos podem aumentar até, pelo menos, 11 vezes.
Os investigadores consideram que há potencial para um aumento de proteção contra a variante Delta equivalente a 100 vezes após a terceira dose em comparação com a segunda dose. Os números divulgados indicam também um aumento da proteção contra a variante original e Beta
(com origem na África do Sul) — apesar de ainda não terem sido revistos
pelos pares e a farmacêutica prometer para breve informações mais “definitivas“.
Em cima da mesa está um novo pedido de autorização de emergência para
a terceira dose, que pode acontecer já no início de agosto — o pedido
anterior havia sido recusado pelos especialistas que entenderam não existirem evidências científicas suficientes
que comprovassem benefícios inerentes à toma de uma terceira da vacina
da Pfizer. Agora, com os novos dados, a farmacêutica espera um desfecho
diferente.
Em Portugal, o Infarmed também descarta para já a possibilidade de a vacina da Pfizer ser reforçada com uma terceira dose, apesar de assumir que está a acompanhar “os dados técnico-científicos à medida que estes se encontram disponíveis.
Tal como relembra o Observador,
o regulador português defende que, para “acautelar uma possível
terceira dose”, assim como “o desenvolvimento de vacinas adaptadas a
novas variantes”, Portugal tem “dois contratos estipulados, cujo volume de vacinas ultrapassa os 14 milhões, com os laboratórios BioNTech/Pfizer e Moderna”.
Atualmente, a Pfizer está também a desenvolver uma vacina especificamente contra a a variante Delta, com os estudos clínicos a poderem iniciar-se já em agosto, mediante autorização do regulador.
Cientistas descobriram que os intestinos de tubarões
funcionam de forma semelhante à famosa válvula unidirecional de Nikola
Tesla, criada há mais de 100 anos.
Pela primeira vez, cientistas fizeram exames 3D de intestinos de tubarão para aprender como é que eles digerem o que comem.
Embora anteriormente os cientistas tenham feito esboços 2D dos sistemas
digestivos de tubarões, há um limite para o que pode ser aprendido
desta forma.
“Os intestinos são tão complexos, com tantas camadas sobrepostas, que
a dissecação destrói o contexto e a conectividade do tecido”, explica o
coautor do estudo Adam Summers, num comunicado divulgado pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
Summers e a sua equipa descobriram que os intestinos dos tubarões têm uma estranha estrutura em saca-rolhas. Ela chega mesmo a assemelhar-se à famosa válvula de água inventada por Nikola Tesla há mais de 100 anos.
A válvula de Tesla, patenteada em 1920, é essencialmente um tubo com um design
interno intrincado que força o movimento do fluido numa direção para
voltar a si mesmo em vários pontos ao longo do seu comprimento.
Recentemente, uma equipa de investigadores descobriu
um potencial novo uso para esta válvula. Pode ser adaptada para bombear
fluidos ao redor de motores usando energia que, de outra forma, seria
desperdiçada.
Neste novo estudo, publicado recentemente na revista Proceedings of the Royal Society B, os cientistas desenvolveram um novo método para analisar digitalmente os tecidos dos intestinos.
Agora, é possível olhar para os tecidos moles com tanto detalhe sem
ter que cortá-los, diz a autora principal, Samantha Leigh, citada pelo Big Think.
Para uma melhor compreensão do órgão, os investigadores analisaram os
intestinos de quase três dúzias de espécies diferentes de tubarões. “O
TAC é uma das únicas maneiras de entender a forma do intestino do
tubarão em três dimensões”, sublinha Summers.
Acredita-se que os tubarões estejam dias — ou até semanas — sem comer. As análises revelam que os alimentos passam lentamente pelo intestino, permitindo ao sistema digestivo extrair totalmente o seu valor nutritivo.
Pode ser que essa digestão lenta seja mais suscetível ao refluxo,
visto que o impulso do alimento digerido deve ser mínimo. Talvez seja
por isso, acreditam os investigadores, que os tubarões desenvolveram algo tão semelhante a uma válvula de Tesla.
Agora, os investigadores planeiam usar a impressão 3D para produzir
modelos através dos quais possam observar o comportamento de diferentes
substâncias que passam pelo estômago dos tubarões.
O diagnóstico de um cancro é sempre complicado, mas há partes
do corpo onde a presença da doença pode ser mais ameaçadora. É o caso
do glioblastoma, um tipo de cancro cerebral, que se não for devidamente
tratado pode ser fatal. Agora, um novo método pode ser crucial neste
processo.
Normalmente, este tipo de cancro requer tratamentos de radioterapia e
quimioterapia bastante agressivos, sendo que muitas das vezes o doente
acaba por não resistir.
No entanto, agora, uma equipa cientistas descobriu um novo método menos invasivo e eficaz. Trata-se de um capacete que usa um campo magnético oscilante que “encolhe” o tumor cerebral, escreve o Science Alert.
O dispositivo foi recentemente testado num paciente de 53 anos, cujo tumor mostrou uma notável redução de tamanho de 31% num curto período de tempo, antes de o paciente falecer devido a um traumatismo cranioencefálico não relacionado.
“Graças à coragem deste paciente, pudemos testar e verificar a
eficácia potencial da primeira terapia não invasiva para glioblastoma no
mundo”, referiu o neurocirurgião David S. Baskin, do Houston Methodist
Hospital.
“Um acordo com a família permitiu uma autópsia após a morte prematura
do homem, o que foi uma contribuição inestimável para o estudo
posterior e desenvolvimento desta terapia potencialmente poderosa”,
acrescenta o especialista.
O capacete é montado com três hímens permanentes rotativos que geram um campo magnético oscilante.
Através do uso desta tecnologia, os investigadores foram capazes de
reduzir o volume e a massa do glioblastoma em culturas de células e
células de glioblastoma humano enxertadas em ratos num ambiente de
laboratório.
A equipa percebeu que o campo magnético interrompe o transporte de eletrões na série de reações que as mitocôndrias usam para produzir a energia química que alimenta as nossas células.
Contudo, essa interrupção ocorre apenas na presença de certos
compostos que aumentam o metabolismo produzido por células tumorais, o
que significa que as células de glioblastoma interrompidas morrem
enquanto as células saudáveis permanecem intactas.
“Terapia não invasiva”
Depois de descobrir o glioblastoma, o paciente realizou o tratamento
numa clínica, enquanto a sua esposa foi ensinada sobre os cuidados a ter
no uso do capacete.
Após a formação, o doente começou a fazer o tratamento em casa, começando com sessões de duas horas por dia, e aumentando para seis horas.
No total, o tratamento prolongou-se ao longo de 36 dias.
Nesse período, o glioblastoma encolheu 31%, referem os especialistas.
Já, os cuidadores do paciente relataram uma melhora na fala e na função
cognitiva.
Contudo, ao fim de 36 dias, o tratamento foi interrompido, pois o
paciente acabou por falecer devido a um problema não relacionado com o
tumor.
Embora a história tenha um final trágico, e este estudo de caso diga respeito a apenas um único paciente, os resultados preliminares são encorajadores.
A redução do tumor é consistente com observações anteriores em
culturas de células e ratos, e mostrou uma rápida redução em zonas onde
os tradicionais tratamentos de cancro não conseguiram interromper o
crescimento do tumor.
Se a eficácia do capacete for entretanto demonstrada em mais humanos,
este pode oferecer uma opção de tratamento muito mais suave eficaz
nestes casos de cancro.
“Os nossos resultados abrem um novo mundo de terapia não invasiva e não tóxica para o cancro do cérebro, com muitas possibilidades empolgantes para o futuro”, frisa Baskin.
Engenheiros japoneses descobriram uma forma de fazer pequenos
objectos levitar usando apenas ondas sonoras, o que pode ser um passo
importante para a tecnologia.
A engenharia biomédica, o desenvolvimento de farmacêuticos e a
nanotecnologia podem vir a beneficiar com esta nova descoberta. Já era
possível fazer objectos levitar com as pinças ópticas, que usam lasers para gerar radiação suficiente para mover e levantar partículas extremamente pequenas.
Mas as pinças acústicas, que foram descobertas nos anos 80, têm
potencial para manipular muitos mais materiais e de tamanhos maiores que
cheguem até à escala dos milímetros. Com as pinças acústicas, o movimento das partículas é feito usando a pressão gerada com ondas sonoras.
No entanto, as pinças acústicas têm muitas limitações, como a
necessidade de se ter uma “armadilha” confiável feita de ondas sonoras.
Tem também de se evitar a proximidade de superfícies que reflectem o
som, já que isso complica o campo sonoro.
A armadilha sonora pode ser criada com matrizes hemisféricas de transdutores acústicos,
mas controlá-las é difícil, visto ser necessário criar o campo sonoro
perfeito para levantar um objecto e afastá-lo dos transdutores.
Mas os engenheiros Shota Kondo e Kan Okubo,
da Universidade Metropolitana do Japão, conseguiram construir uma
matriz hemisférica acústica que consegue levantar uma bola de esferovite
de três milímetros de uma superfície reflectora. O estudo foi publicado no Japanese Journal of Applied Physics em Junho.
Shota Kondo, Kan Okubo et al
Os engenheiros dividiram o a matriz do transdutor em blocos, que são
assim mais fáceis de gerir do que tentar controlar os transdutores
individualmente. Depois, usaram um filtro inverso para reproduzir os
sons baseados na forma de onda acústica, o que ajuda a optimizar a fase a amplitude de cada canal transdutor.
“A fase e a amplitude de cada canal são optimizadas usando o método
de reprodução de som. Isto cria uma armadilha acústica apenas na posição
desejada, e o levantamento pode assim ser realizado no estado rígido.
Daquilo que conhecemos, este é o primeiro estudo a demonstrar levantamento sem contacto usando esta abordagem“, lê-se no estudo.
Simulações 3D mostraram como e onde o campo estava a ser gerado. O
campo pode ser movido, o que consequentemente leva a que a partícula lá
presa também se mexa. Os investigadores conseguiram assim levantar um
bola de esferovite a partir de uma superfície espelhada de forma instável, pois a bola dispersava-se da pressão acústica em vez de ficar presa.
Apesar desta instabilidade, o trabalho é um passo em frente nesta
área, visto que é a primeira vez que se consegue fazer o levantamento de
uma superfície reflectora. Os engenheiros acreditam que em “estudos
futuros” a “robustez do método proposto vai ser melhorada para o uso práctico do levantamento sem contacto“.
A NASA divulgou, recentemente, um vídeo da sonda Juno a
passar por Júpiter e Ganimedes, uma das suas luas. As imagens são de
cortar a respiração.
Juno visitou Ganimedes em junho. As imagens foram captadas no dia 7, numa aproximação que a sonda fez à lua coberta de gelo.
Segundo a agência espacial norte-americana, trata-se da maior aproximação
a esta lua nas últimas duas décadas. As imagens captadas pela JunoCam
foram projetadas numa esfera digital e usadas para criar a animação flyby, partilhada posteriormente pela NASA.
“A animação mostra o quão bonita pode ser a exploração do Espaço profundo”, disse Scott Bolton, investigador do Southwest Research Institute, em San Antonio, Estados Unidos.
“A animação é uma forma de as pessoas imaginarem explorar o nosso
Sistema Solar em primeira mão, vendo como seria estar em órbita de
Júpiter e voando para além de uma das suas luas geladas”, acrescentou.
Os 3.30 minutos de animação começam com a sonda a aproximar-se de Ganimedes, passando a 1.038 quilómetros da superfície a uma velocidade relativa de, aproximadamente, 67.000 km/h.
As imagens mostram várias regiões escuras e claras da lua
(acredita-se que as regiões mais escuras resultam da sublimação do gelo
no vácuo circundante, deixando para trás resíduos escurecidos), assim
como a cratera Tros, que se encontra entre as maiores e mais brilhantes
cicatrizes de cratera em Ganimedes.
A missão segue depois para Júpiter, na 34.ª aproximação ao planeta
desde que chegou à sua órbita, em 2016. A sonda percorre o planeta de
polo a polo em menos de três horas.
Juno demora apenas 14 horas e 50 minutos a percorrer os cerca de 1,18 milhões de quilómetros que separam a lua do planeta.
A sonda chegou ao sistema de Júpiter em 2016 e passou os últimos
cinco anos a balançar o seu conjunto de instrumentos científicos pelo
sistema, escreve o Phys.
A missão foi alargada até setembro de 2025, o que vai permitir explorar
o espaço próximo do planeta a uma distância de cerca de 630 milhões de
quilómetros da Terra.
No cronograma da missão, está prevista uma nova exploração da lua Europa, outra das luas de Júpiter, em 2022.
O vídeo foi gravado por um grupo de conservação ambiental
depois de uma onda de calor no Noroeste Pacífico que fez as temperaturas
da água atingirem os 21 graus Celsius.
De acordo com o jornal The Guardian, os salmões do rio Columbia,
na América do Norte, foram recentemente expostos a temperaturas
insuportáveis, o que lhes provocou feridas e infeções fúngicas.
No vídeo, divulgado esta terça-feira pela organização sem fins
lucrativos Columbia Riverkeeper, pode ver-se um grupo de salmões
vermelhos a nadar com ferimentos no corpo, que a associação diz serem
resultado do stress e do sobreaquecimento.
Os salmões estavam a nadar rio acima, vindos do oceano, para
regressar às suas áreas de desova, quando inesperadamente mudaram a sua
rota, explicou Brett VandenHeuvel, diretor executivo da Columbia
Riverkeeper. Segundo este responsável, foi a forma encontrada para “escapar de um prédio em chamas”.
A organização gravou o vídeo depois de uma onda de calor no Noroeste
Pacífico, num dia em que as temperaturas da água atingiram os 21 graus
Celsius, uma temperatura que pode ser letal para estes peixes se forem
expostos a ela durante longos períodos.
VandenHeuvel comparou a situação a alguém a tentar correr uma
maratona com temperaturas acima dos 38 graus. “A diferença é que isto
não é um passatempo para os salmões. Eles não têm escolha. Ou conseguem
sobreviver ou morrem”, declarou.
Segundo o jornal britânico, os salmões que aparecem no vídeo não
serão capazes de se reproduzir no afluente e morrerão, provavelmente, de
doença e stress provocados pelo calor.
“É desolador ver animais a morrer de forma tão pouco natural. E pior, pensar na causa dessa morte. Este é um problema causado pelo ser humano e faz-me realmente pensar no futuro”, lamentou VandenHeuvel.
“Vejo isto como uma visão profundamente triste do nosso futuro. Mas
também o vejo como um apelo para agir. Há medidas que podemos tomar para
salvar o salmão, para arrefecer os nossos rios. Se este vídeo não
inspira uma reflexão séria, não sei o que o fará.”
Este é mais um exemplo da tragédia causada pela recente onda de calor
na América do Norte, que matou centenas de pessoas nos Estados Unidos e
no Canadá e terá causado também a morte de mais de mil milhões de animais marinhos.
A recente onda de calor na América do Norte é mais um exemplo
de que apesar de ser um problema global, as alterações climáticas não
vão afectar todos igualmente e podem exacerbar injustiças sociais e
económicas já existentes.
As alterações climáticas já estão a fazer estragos um pouco por todo o
mundo, entre as recentes cheias no norte da Europa e na China ou a onda
de calor e os incêndios na América do Norte. Já dizia George Orwell que
se todos os animais são iguais, há alguns mais iguais que outros, e
esse parece ser o caso quando o assunto é quem vai sofrer mais com as
alterações climáticas.
No mundo inteiro, mais de 166 mil pessoas morreram
em ondas de calor entre 1998 e 2017, de acordo com a Organização Mundial
da Saúde. Isto torna o calor uma das maiores causas de morte dentro dos
desastres relacionados com o tempo. No entanto, o seu impacto continua a
ser muitas vezes subestimado, já que as certidões de óbito geralmente
registam a causa de morte sem referir a associação ao calor extremo.
As ondas de calor mais fatais costumam ocorrer em cidades com um
clima temperado que são inesperadamente expostas a temperaturas
extremas, como aconteceu em Paris em 2003, quando morreram 14 mil
pessoas. A recente onda de calor na costa oeste dos EUA casou também 116 mortes só no estado do Oregon.
Para ajudar a reduzir o risco de insolação, os planeadores urbanos,
climatólogos e meteorologistas estão a trabalhar para identificar as
zonas mais vulneráveis. As pesquisas mostram que as minorias étnicas e comunidades pobres vão ser desproporcionalmente afectadas por ondas de calor, especialmente nos Estados Unidos.
Esta diferença explica-se pelo redlining,
uma práctica histórica nos EUA e no Canadá que barrava a compra a negros
em comunidades mais desenvolvidas e que segregou as minorias a zonas
urbanas mais pobres. O termo foi criado pelo sociólogo John McKnight
nos anos 60 visto que o governo desenhava uma linha vermelha no mapa à
volta dos bairros onde não iam investir devido aos dados demográficos.
Mas o legado do redlining vai para além da discriminação no
acesso à habitação. Os efeitos desta política no crime já eram
conhecidos, devido à concentração de comunidades negras em zonas mais
pobres e também com a maior probabilidade de envenenamento por chumbo,
que está associado a atrasos cognitivos e delinquência.
O jovem Freddie Gray, cuja morte às mãos da polícia em 2015 motivou
protestos e motins em Baltimore, é um exemplo mediático de intoxicação
por chumbo associada ao redlining. Os efeitos destas políticas racistas ainda se sentem hoje em dia, visto que muitas das grandes cidades norte-americanas continuam extremamente segregadas, e notam-se correlações entre as comunidades mais pobres e com menores esperanças de vida e as zonas onde vivem mais negros.
Apesar das ondas de calor também afectarem as zonas rurais, as
cidades geralmente sofrem mais. Isto acontece por causa do efeito de ilha de calor urbano,
visto que os materiais de que são feitas as ruas e os edifícios causam
um aumento de temperatura maior do que áreas mais frondosas.
Muitas das comunidades onde vivem minorias aquecem mais por estarem
em zonas com muito asfalto, enquanto a população branca geralmente
beneficia da proximidade de zonas verdes e parques. “É muito chocante.
Temos de nos perguntar porque é que estes padrões são tão consistentes e universais“, revela a cientista Angel Hsu, da Universidade da Carolina do Norte, à Nature.
A cientista do clima gere um grupo que analisa dados para soluções
climáticas e o racismo que determina quem sofre mais com o calor ficou
claro. Num dos maiores estudos
até agora que avaliou as diferenças na exposição ao calor nos EUA, a
equipa de Angel Hsu combinou as medidas de satélites sobre as
temperaturas urbanas com os dados demográficos dos Censos em 175 cidades
americanas.
Já se esperavam grandes diferenças, mas Hsu ficou chocada. Em 97% das cidades, as minorias foram expostas a temperaturas um grau mais altas,
em média, do que as comunidades brancas. “Temos provas sistémicas e
difundidas do racismo ambiental relativo à exposição ao calor urbano.
Não achava que fosse basicamente universal”, afirma.
Um outro estudo
de 2018 mostrou que as temperaturas nas áreas separadas nos mapas do
redlining são em média 2.6 graus mais altas em 108 áreas urbanas nos
Estados Unidos, como resultado de decisões como construir auto-estradas e
zonas industriais nas comunidades de minorias étnicas.
As comunidades hispânicas nos EUA estão também expostas a mais poluição aérea
do que aquela que produzem, ao contrário da população branca, que
respira ar de melhor qualidade apesar de ser mais poluidora, de acordo
com um estudo de 2019.
Uma investigação
de 2017 concluiu também que as comunidades negras que vivem nas zonas
na costa do sul dos EUA estão sob um risco desproporcional de sofrer com
o aumento do nível das águas do mar.
As desigualdades raciais também se traduzem em menos recursos para
lidar com as alterações climáticas. Mais de 30% dos negros de Nova
Orleães não tinha carro para poder evacuar quando o Furacão Katrina
atingiu a cidade em 2005, de acordo com um estudo
de 2008. A população negra da cidade caiu depois do Katrina, pois
muitos residentes não tinham condições económicas para regressar à
cidade.
De acordo com a socióloga ambiental Dorceta Taylor, o mundo do activismo climático tem sido dominado historicamente por homens brancos, citada pelo Washington Post. Um estudo
de 2014 da Iniciativa pela Diversidade Verde mostrou que só 12% dos
membros das fundações e organizações não-governamentais ambientais
pertenciam a minorias.
Um problema global
Mas dada a escala planetária das alterações climáticas, este não é só
um problema nos Estados Unidos. No Qatar, muitos imigrantes que
trabalham na indústria da construção morreram por falhas cardiovasculares causadas por golpes de calor. Cerca de 6500 imigrantes que trabalham na preparação do Mundial de 2022 no país já morreram.
Já em Banguecoque, capital da Tailândia, um inquérito
a 505 residentes realizado durante a estação quente em 2016 concluiu
que as pessoas com rendimentos mais baixos tinham uma maior
probabilidade de sofrer stress térmico do que quem vive com rendimentos mais altos.
Em Madagáscar, mais de um milhão de pessoas estão a sofrer com aquela
que está a ser considerada a primeira escassez de alimentos na história
moderna causada pelas alterações climáticas. Em resposta à fome, um executivo das Nações Unidas afirmou que uma “área do mundo que em nada contribuiu para as alterações climáticas” está agora a “pagar um preço alto”.
Muitos países em desenvolvimento estão a sofrer bastante com as
consequências das mudanças no clima, apesar de não serem os principais
poluidores. Uma estudo
deste ano concluiu que os dez países que mais devem sofrer os impactos
são: Singapura, Ruanda, China, Índia, Ilhas Salomão, Butão, Bostwana,
Geórgia, Coreia do Sul e Tailândia.
A crise climática também está a exacerbar a desigualdade entre homens e mulheres. De acordo com dados das Nações Unidas citados pela BBC, 80% das pessoas que tiveram de se deslocar devido ao clima eram mulheres.
Há já algumas estratégias de combate às desigualdades sociais que a
crise climática está a expor. Muitas cidades nos EUA estão agora a ter
em conta a igualdade térmica no planeamento urbano ao
pintar os telhados de branco ou plantar mais árvores em zonas que tinham
sido historicamente discriminadas. Há também metrópoles a dar apoios
financeiros a residentes para ajudar a pagar as contas energéticas no
Verão.
Uma abordagem é manter parques abertos mais horas durante ondas de
calor, para que as pessoas que vivem em casas mais quentes possam ir a
um lugar mais fresco. Na Índia, em Ahmedabad, começaram a enviar alertas públicos quando as previsões da temperatura ultrapassassem os 41 graus depois de uma onda de calor em 2010. Um estudo concluiu que a estratégia salvou em média 1190 vidas por ano.
Já em Paris, há um programa para tornar os recreios das escolas
públicas em lugares de refresco, em especial nos subúrbios, onde vivem
mais minorias raciais.
Os recentes fenómenos extremos, como as cheias na China e no Norte da
Europa e os incêndios em Itália ou nos Estados Unidos, têm posto a nu as desigualdades
sociais e económicas das vítimas das alterações climáticas a uma escala
global. Resta saber se os líderes mundiais vão conseguir unir-se para
reverter esta tendência.
O estilo de vida de três norte-americanos leva a uma emissão
de carbono suficiente para matar uma pessoa, revelou um novo artigo,
concluindo ainda que as emissões de uma única usina a carvão podem
causar mais de 900 mortes.
A análise, publicada na Nature Communications e citada esta quinta-feira pelo Guardian, baseou-se no “custo social do carbono”,
um valor monetário atribuído aos danos causados por cada tonelada de
dióxido de carbono, estabelecendo um número estimado de mortes derivadas
dessas emissões.
O relatório inclui dados de vários estudos de saúde pública,
constatando que, para cada 4.434 toneladas métricas de CO2 projetadas
para a atmosfera para além da taxa de emissões de 2020, uma pessoa no
mundo morrerá prematuramente devido ao aumento da temperatura. Este CO2
adicional é equivalente às emissões de 3,5 norte-americanos.
A adição de mais 4 milhões de toneladas métricas acima do nível de
2020, produzida em média pelas usinas a carvão média dos Estados Unidos
(EUA), custará 904 vidas até o final do século. Numa maior escala, a
eliminação das emissões – que causam o aquecimento do planeta – até 2050
salvaria cerca de 74 milhões de vidas em todo o mundo neste século.
O número estimado de mortes devido às emissões não são definitivos,
visto que representa apenas mortalidade associada ao calor, deixando de
fora as cheias, os ciclones e outros impactos da crise climática, referiu Daniel Bressler, do Instituto da Terra da Universidade de Columbia, nos EUA, autor do artigo.
Esta pesquisa ilustra as disparidades nas emissões geradas pelo
consumo em diferentes países. Embora sejam necessários 3,5
norte-americanos para criar emissões suficientes para matar uma pessoa,
seriam necessários 25 brasileiros ou 146 nigerianos para fazer o mesmo,
concluiu o estudo.
Gernot Wagner, economista do clima da Universidade de Nova Iorque,
não envolvido na pesquisa, disse que o custo social do carbono é uma
“ferramenta política crucial”, mas é também “muito abstrato”.
Para Bressler, embora o seu artigo analise as emissões causadas por
atividades individuais, o foco deveriam ser as políticas que impactam as
empresas e os governos, que influenciam a poluição de carbono numa
escala social.
“Na minha opinião as pessoas não deveriam levar as suas emissões por
pessoa para o lado pessoal. As nossas emissões [derivam] em grande parte
da tecnologia e da cultura dos locais onde vivemos”, acrescentou.
Um novo estudo sobre os sinais vitais do planeta revelou que
muitos dos principais indicadores da crise climática estão a piorar e a
aproximar-se ou ultrapassar os pontos de inflexão, à medida que as
temperaturas aumentam.
No geral, o estudo descobriu que 16 dos 31 sinais vitais planetários
estudados, incluindo concentrações de gases de efeito estufa, quantidade
de calor do oceano e massa de gelo, atingiram novos recordes preocupantes, noticiou esta quarta-feira o Guardian.
“Há evidências crescentes de que nos estamos a aproximar ou já
ultrapassamos os pontos de inflexão associados a partes importantes do
sistema terrestre”, disse em comunicado William Ripple, ecologista da
Universidade Estadual de Oregon, nos Estados Unidos (EUA), coautor da
nova pesquisa.
De acordo com Ripple, “uma grande lição da covid-19 é que mesmo uma
redução colossal nos transporte e no consumo não é suficiente e que, em
vez disso, são necessárias mudanças no sistema”.
Embora a pandemia tenha paralisado as economias, o uso de combustível
fóssil diminuiu apenas ligeiramente em 2020. Contudo, a emissão de
dióxido de carbono, metano e óxido nitroso estabeleceu novos recordes,
tanto nesse ano como em 2021, segundo um relatório publicado na BioScience.
Este novo estudo constatou que os animais ruminantes,
uma fonte significativa de gases que aquecem o planeta, são agora mais
de 4 mil milhões, sendo a sua massa total maior do que a de todos os
humanos e animais selvagens juntos. A taxa de perda da Amazónia aumentou
em 2019 e 2020, atingindo 1,11 milhões de hectares desmatados em 2020.
A acidificação dos oceanos, combinada com as temperaturas mais altas,
ameaça os recifes de coral dos quais mais de milhões de pessoas
dependem.
Para mudar o curso da emergência climática, os autores indicaram que
são precisas mudanças profundas, sendo necessário estabelecer um preço
global para o carbono, que esteja vinculado a um fundo que financie
políticas de mitigação e de adaptação ao clima.
Os autores destacaram ainda necessidade de eliminar os combustíveis
fósseis e desenvolver de reservas globais para proteger e restaurar
sumidouros naturais de carbono e a biodiversidade. A educação climática também deve fazer parte dos currículos escolares em todo o mundo, frisaram.
A Comissão Europeia anunciou, esta quarta-feira, um contrato
de aquisição conjunta com a farmacêutica GlaxoSmithKline (GSK) para a
compra do sotrovimab, um medicamento destinado ao tratamento precoce da
covid-19, cuja utilização está a ser analisada pelo regulador europeu.
“A Comissão assinou um contrato-quadro de aquisição conjunta com a empresa farmacêutica GSK para o fornecimento de sotrovimab,
uma terapia de anticorpos monoclonais de investigação, desenvolvida em
colaboração com a biotecnologia VIR”, indica o Executivo comunitário, em
comunicado.
Notando que este medicamento faz parte da “carteira de cinco
terapêuticas promissoras” da Comissão Europeia, a instituição assinala
que a sua utilização está a ser analisada pela Agência Europeia do
Medicamento (EMA).
“Dezasseis Estados-membros da UE estão a participar na aquisição de até 220 mil tratamentos”, realça Bruxelas.
No que toca ao sotrovimab, a explicação dada pela instituição à
imprensa refere que o medicamento “pode ser utilizado para o tratamento
de doentes coronavírus com sintomas ligeiros que não necessitam de
oxigénio suplementar, mas que estão em alto risco de covid-19 grave”.
“Estudos em curso sugerem que o tratamento precoce pode reduzir o
número de pacientes que progridem para formas mais graves e requerem
hospitalização ou admissão nas unidades de cuidados intensivos”,
assinala ainda a Comissão Europeia.
Citada pela nota, a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, realça que este é o “segundo contrato quadro
que traz tratamentos com anticorpos monoclonais aos doentes”, fazendo
parte da ambição europeia de ter menos três novas terapêuticas
autorizadas até outubro.
“A par das vacinas, medicamentos seguros e eficazes desempenharão um
papel fundamental no regresso da Europa a um novo normal”, adiantou
Kyriakides.
Os anticorpos monoclonais são proteínas concebidas em laboratório que
imitam a capacidade do sistema imunitário de combater o SARS-CoV-2,
bloqueando assim a fixação do vírus.
A Comissão Europeia celebrou quase 200 contratos para diferentes respostas médicas no valor de mais de 12 mil milhões de euros.
Com o contrato agora assinado com a GSK, os países da UE podem
comprar o sotrovimab se e quando necessário, desde que aprovado ou pelo
Estado-membro em questão ou pela EMA.
Este medicamento teve aval de emergência do regulador norte-americano em maio passado.
Entre as estrelas da Via Láctea, grandes quantidades de
pequenos grãos de poeira flutuam sem rumo. Apesar de formarem os blocos
de construção de novas estrelas e planetas, ainda não se sabe quais os
elementos que estão disponíveis para formar planetas como a Terra.
Uma equipa de investigação do SRON (Netherlands Institute for Space Research), liderada por Elisa Costantini, combinou agora observações de telescópios de raios-X com dados de sincotrão para criar um mapa de grãos interestelares na Via Láctea.
Se a nossa Galáxia encolhesse a ponto de as estrelas terem o tamanho
de berlindes, ainda haveria cerca de mil quilómetros a separá-las.
Portanto, é seguro dizer que as galáxias consistem principalmente de
espaço vazio.
Ainda assim, este espaço não está tão vazio quanto podemos imaginar. Está preenchido pelo chamado meio interestelar.
Na maior parte, este é composto por gás ténue, mas cerca de 1% está
na forma de pequenos grãos de poeira com cerca de 0,1 micrómetros, um
milésimo da largura de um cabelo humano.
Estes grãos são formados durante o ciclo de vida das estrelas. Uma
estrela, e os planetas em seu redor, são formados por uma nuvem de gás e
poeira. Uma estrela evoluída, no final da sua vida, expele uma boa
fração da sua massa para o meio circundante, criando novo material para a
formação de poeira.
Se a estrela terminar a sua vida com uma explosão de supernova,
enriquecerá ainda mais o ambiente com mais gás e poeira. Isto, por sua
vez, acabará por constituir novos blocos de construção para estrelas e
planetas.
Como Carl Sagan disse, “nós somos feitos de poeira estelar”. Mas
ainda não sabemos exatamente quais os elementos que estão disponíveis,
no meio interestelar, para formar planetas como a Terra.
O grupo de investigação de poeira interestelar do SRON, liderado por
Elisa Costantini, estudou agora os grãos interestelares na nossa Via
Láctea usando raios-X. Os cientistas conseguiram, pela primeira vez,
explorar as propriedades da poeira nas regiões centrais da Via Láctea e
descobriram que esses grãos são feitos consistentemente de um silicato
vítreo: olivina, que é composto por magnésio, ferro, silício e oxigénio.
A interação com a radiação estelar e com os raios cósmicos derreteu
estes grãos para formar esferas irregulares vítreas. Ao examinar regiões
mais difusas longe do Centro Galáctico, a equipa encontrou pistas para a
presença de uma variedade maior na composição da poeira. Isto pode dar
origem a sistemas planetários diversificados e pode até ser que o nosso
sistema planetário seja a exceção, não a norma.
“O nosso Sistema Solar foi formado nas regiões externas da Galáxia e é
o resultado de uma sequência complexa de eventos, incluindo explosões
de supernova próximas. Ainda é uma questão em aberto
qual o ambiente certo para formar sistemas planetários e quais destes
eventos são vitais para formar um planeta onde a vida possa florescer”,
disse Costantini.
Para chegar aos seus resultados, Costantini e o seu grupo combinaram
observações de telescópios de raios-X e instalações de sincotrão. Usaram
estes últimos para caracterizar análogos da poeira interestelar como
silicatos, óxidos e sulfatos em raios-X.
De seguida, compararam estes dados com os dados astronómicos para
encontrar as melhores correspondências. A observação de várias linhas de
visão permitiu-lhes explorar diferentes ambientes da Via Láctea.