Números recorde registaram-se num ano em que a espécie foi obrigada a migrar para águas mais quentes após dias de inverno rigorosos que inviabilizavam a sua sobrevivência. A ausência de ervas marinhas na nova localização (um estuário) fez com que muitos manatins, principalmente os mais novos, morressem por escassez de alimentos.
Nos primeiros seis meses de 2021 morreram 841 manatins nas águas da Florida, quase três vezes mais do que no período homólogo do ano anterior. O anúncio foi feito pela Comissão de Conservação de Peixes e Vida Selvagem do estado, que classificou o número como um “recorde histórico”, já que suplanta os 830 exemplares mortos em 2013 como consequência de uma maré vermelha tóxica que ocorreu naquele ano.
De acordo com as informações reveladas pelas autoridades, mais de metade das mortes ocorreu na Lagoa Indian River e nas áreas circundantes — para onde os manatins migraram devido às temperaturas extremamente baixas registadas na costa da Florida em janeiro e fevereiro, apesar de serem áreas com menor profundidade.
Enquanto veterinária da Comissão de Conservação de Peixe e Vida Selvagem da Florida, Martine de Wit considerava a morte de alguns manatins normal — é comum estes mamíferos adoecerem com a pressão extrema exercida sobre os seus corpos sensíveis quando a temperatura desce dos 20 graus centígrados, escreve a National Geographic. No entanto, à medida que o ano avançava, algo lhe pareceu “errado”.
Segundo alguns biólogos citados pelo The Guardian, a poluição poderá ser o motivo para o número histórico de mortes, devido ao seu impacto nos leitos de ervas marinhas na área — principal alimento dos manatins.
“A mortalidade sem precedentes dos manatins causada pela fome foi documentada este inverno e primavera. A grande maioria das mortes aconteceu durante os meses frios, quando os indivíduos migraram para e pela Ladgoa Indian River, onde a maioria das ervas marinhas morreu.”
Mike Walsh, diretor do departamento de saúde de animais aquáticos da Universidade da Florida, revelou que, para se manterem saudáveis, os manatins precisam de consumir diariamente até 10% do seu peso corporal em ervas marítimas ou outras plantas aquáticas.
Para os cientistas, esta diminuição de alimento é provocado, acima de tudo, pela poluição da água. De acordo com a National Geographic, todos os anos são escoados para as lagoas quase 115 milhões de quilos de nitrogénio e fósfero de produtos químicos agrícolas, fertilizantes e fossas sépticas.
Para além da diminuição das ervas marinhas disponíveis, os ataques de barcos são também uma das principais causas de morte dos manatins, estando na origem de 63 só este ano.
Atualmente, os ambientalistas alertam para a necessidade de se classificar os manatins como espécie em perigo de extinção — aumentando, assim, as medidas para os proteger.
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