Esta foi a primeira vez que um coração artificial foi transplantado com sucesso nos Estados Unidos. A cirurgia permitiu que o doente consiga estar estável enquanto aguarda um transplante completo.
No início deste ano, a UE aprovou a venda do primeiro coração artificial total (TAH, sigla em inglês) para pacientes que precisam de um coração enquanto aguardam por um doador.
Agora, uma equipa da Duke University realizou o primeiro transplante desse coração artificial nos Estados Unidos.
A utilização do TAH salvou a vida de Matthew Moore, um homem de 39 anos que sofre de insuficiência cardíaca súbita. O coração artificial permite que o doente se encontre estável enquanto aguarda um transplante completo.
“Estamos animados porque o nosso paciente está a reagir muito bem após a cirurgia”, referiu Carmelo Milano, cirurgião e principal investigador do coração artificial na Duke University, em comunicado.
Milano realça que a equipa ainda está a analisar o potencial do dispositivo, mas revela que todos os elementos acreditam que de outra forma os pacientes com este problema cardíaco poderiam não sobreviver.
O TAH é desenvolvido pela CARMAT, uma empresa francesa que tem como objetivo ajudar a tratar a insuficiência cardíaca.
Produzido com tecido vivo derivado de células bovinas, o coração artificial envolve o uso de quatro válvulas biológicas que imitam um coração humano.
O utilizador deve carregar uma fonte de energia externa que forneça ao coração até quatro horas de energia, durante as quais pode ter muito mais independência do que teria com qualquer outra opção anterior ao transplante.
O TAH está à venda na UE, mas o progresso tem sido mais lento nos EUA. Após a aprovação do FDA no ano passado, o CARMAT iniciou um estudo para selecionar 10 pacientes elegíveis para transplantes para receber o coração artificial, no entanto, escreve o IFL Science, não está claro se o estudo está em andamento.
Um diagnóstico sério
Matthew Moore, que foi vítima de um diagnóstico inesperado de insuficiência cardíaca súbita, procurou a equipa da Duke University para o ajudar.
Ao analisar o caso, os especialistas acreditaram que a situação poderia ser resolvida de uma forma mais simples e tradicional, mas rapidamente a situação de Moore começou a piorar e a equipa teve de tomar uma decisão de imediato.
Devido ao declínio da sua condição, Moore já não estava apto para um transplante de coração – que traz um risco significativo e requer um paciente mais estável.
A única opção passava então por um dispositivo artificial para manter o fluxo sanguíneo ao redor do corpo, tornando esta a oportunidade perfeita para utilizar o novo coração artificial.
O procedimento foi realizado na segunda-feira e Moore encontra-se estável e a recuperar. A sua esposa, que é enfermeira, agradece todo o esforço feito pela equipa médica e realça que esta experiência pode ser o princípio de uma grande descoberta que pode salvar muitas vidas no futuro.
“Tanto o Matthew como eu somos muito gratos por termos tido a oportunidade de participar em algo que tem o potencial de causar impacto em tantas vidas. Esperamos que tudo continue a correr bem”, destacou Rachel Moore em comunicado.
A insuficiência cardíaca ocorre quando o coração não está a bombear sangue suficiente para atender às necessidades do corpo. Como resultado, o fluido sanguíneo pode acumular-se nas pernas, pulmões e noutros tecidos do corpo.
De acordo com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia, cerca de 26 milhões de indivíduos em todo o mundo vivem atualmente com IC.
Em Portugal, a prevalência estimada da doença é de 5,2%, correspondendo a cerca de 400.000 indivíduos adultos a sofrer da síndrome.
A sua incidência aumenta abruptamente com a idade a partir da sétima década de vida e é a primeira causa de hospitalização após os 65 anos, nos países industrializados. Contudo, é de frisar que também atinge população mais jovem como é o caso de Matthew Moore.
https://zap.aeiou.pt/coracao-artificial-sucesso-doente-418791
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