O visionário Jeff Bezos é o mais recente multimilionário a apostar em combater o aquecimento global “tapando o Sol” depois de, em fevereiro, o fundador da Microsoft, Bill Gates, ter anunciado um projeto para bloquear a luz solar com o mesmo objetivo.
A SilverLining, empresa sem fins lucrativos, também se uniu à investigação da Amazon, e forneceu a tecnologia necessária para criar 30 modelos diferentes, que simulam os possíveis futuros climáticos do planeta.
Os mundos criados pelos investigadores apresentam relatórios com os níveis de dióxido de carbono a aumentar cada vez mais. O registo da série de anos mais quentes registada no final de 2010 seria a realidade até meados do século XXI.
O gelo presente no mar iria atingir níveis mínimos recorde e poderia mesmo desaparecer completamente em alguns verões.
Num dos possíveis cenários, foram injetados aerossóis, artificialmente, de modo a diminuir a luz solar e arrefecer drasticamente a Terra, durante o processo.
A diferença foi notável. O céu limpo, pores-do-sol com cores vivas, temperaturas mais frescas e gelo marinho em abundância.
Este é o mundo onde se escureceu o Sol – apenas um pouco menos de energia a chegar à superfície do planeta – que permitiu uma descida drástica das emissões de carbono.
Segundo o Gizmodo, o projeto, com a ajuda dos materiais da SilverLining, pode também oferecer uma nova forma de criar modelos climáticos.
A realização de cálculos na cloud pode abrir uma porta para tornar os modelos mais acessíveis a cientistas, políticos e cidadãos.
Douglas MacMartin, um especialista em clima da Cornell, que estudou a gestão da radiação solar, chamou à transição de supercomputadores para a cloud um “empreendimento não trivial“.
De acordo com MacMartin, “os modelos climáticos consomem uma quantidade enorme de capacidade de processamento” e, normalmente, “funcionam em milhares de núcleos de computador ao mesmo tempo. Cada um apenas divide a atmosfera em pequenas peças diferentes”.
“Mas o sistema da Amazon, tal como está atualmente instalado, não tem tantos núcleos disponíveis e, por isso, tem sido apenas um pouco mais de esforço. É um software bastante especializado“, explica.
Kelly Wanser, diretora executiva da SilverLining, acredita que, ao trabalhar na nuvem, torna-se possível não só trabalhar com “um número exponencialmente maior de investigadores, quanto mais pessoas que não são investigadores”.
A empresa sem fins lucrativos não pretende apenas verificar quanto gelo vai derreter no Ártico, mas sim gerir a radiação solar e fazer uma “intervenção climática“, como a Academia Nacional de Ciências designa.
O projeto de bloqueio da luz solar pretende colmatar os estragos causados pelos combustíveis fósseis, que causaram as alterações climáticas, em primeiro lugar.
Os líderes mundiais e as grandes empresas não parecem estar a contribuir para preservar o clima, mesmo quando as emissões de gases com efeito de estufa disparam.
Kelly Wanser refere que é difícil resolver a crise climática, sem “trabalhar com as empresas que operam em grande escala no sistema”. A ironia é que “quase todas elas contribuem, neste momento, para o problema“.
Neste momento, o planeta está em risco de aquecer para além dos limiares que os cientistas apelidam de relativamente seguro. A investigação sobre gestão da radiação solar têm vindo a ganhar mais importância ultimamente, dado esse risco.
O estudo de possíveis modelos climáticos pode ajudar os investigadores a compreender que tipo de intervenção no clima é necessária para o proteger.
A investigação sobre a escurecimento do Sol, como uma opção para diminuir o calor, pode ser um instrumento valioso na prevenção de futuras catástrofes, mesmo implicando alguns riscos desconhecidos.
A realidade que se vive atualmente, ao carregar a atmosfera de gases com efeito de estufa, é, por si só, um risco.
https://zap.aeiou.pt/jeff-bezos-vai-ajudar-cientistas-a-escurecer-o-sol-448282
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