Através de um novo método, pesquisadores australianos confirmaram que a velocidade de rotação do núcleo da Terra é bastante irregular, com acelerações repentinas registradas em intervalos de tempo pequenos e em dessincronia com as camadas externas.
De acordo com o trabalho publicado, entre os anos de 1970 e 1990 o núcleo girou mais rapidamente até desacelerar na década de 1980.
"Esta é a primeira evidência experimental sobre as diferentes velocidades do núcleo em relação ao manto", disse o autor do estudo Hrvoje Tkalcic, ligado à Universidade Nacional Australiana. Segundo o cientista, a aceleração mais notável provavelmente ocorreu nos últimos anos, mas serão precisas mais observações para confirmar essa hipótese.
Em 1692, o astrônomo Edmund Halley (descobridor do cometa Halley) já havia levantado a possibilidade de que as camadas externas da Terra giravam em velocidades diferentes, mas somente com os avanços da sismologia a partir do início do século 20 é que os primeiros estudos sobre o núcleo do planeta começaram a ser feitos.
Velocidade Inconstante
Em 2011, um trabalho realizado por geofísicos da Universidade de Cambridge e publicado no periódico Nature mostrou que o núcleo da Terra girava mais devagar do que se pensava e que essa variação fazia a posição angular do núcleo atrasar um grau a cada milhão de anos. Com o novo estudo, fica evidente que essa diminuição na rotação verificada pelo grupo de Cambridge não é constante e que a velocidade pode sofrer acelerações.
Para o estudo, os pesquisadores australianos utilizaram um método diferente do trabalho anterior (baseado em ondas sísmicas) e realizaram um levantamento estatístico dos registros de terremotos duplos ocorridos nos últimos 50 anos. Esses tremores, segundo a metodologia empregada são terremotos duplos de magnitude quase idêntica que podem ser registrados em um período que varia entre duas semanas a 40 anos, mas que se diferenciam das réplicas.
Segundo Tkalcic, foi interessante constatar que esses tremores duplos se assemelham com uma diferença de 10, 20 ou 30 anos. Para o pesquisador, cada par de tremores tem uma leve diferença que - segundo ele - está ligada à velocidade de rotação do núcleo. "Foi com base nessa diferença que pudemos reconstruir a história de como o núcleo girou nos últimos 50 anos".
Tkalcic não especula sobre a possibilidade desse novo método poder ajudar na previsão dos terremotos, mas diz acreditar que poderá colaborar no entendimento de como o núcleo gera o complexo campo magnético da Terra.
Fonte: http://www.apolo11.com/cietec.php?posic=dat_20130516-102735.inc
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