Uma equipa de cientistas da Escola Superior de Economia, na
Rússia, afirma que tanto o SARS-CoV-2 como outros coronavírus possuem a
capacidade de “atrair” um mecanismo pelo qual as células do hospedeiro
impedem a replicação viral.
As moléculas conhecidas como miARN hsa-miR-21-3p podem ser o calcanhar de Aquiles da covid-19, uma vez que poderiam ser capazes de reprimir a replicação do coronavírus humano, inibindo o crescimento nos primeiros estágios da infecção e atrasando a imunidade ativa.
Ao analisar os sete tipos de coronavírus conhecidos que infetam os
humanos, os autores do estudo comprovaram que seis deles, incluindo o
responsável pela covid-19, mostram locais de união mútuos para miARN
hsa-miR-21-3p e outro miARN chamado hsa-miR-421.
De acordo com o News Medical, quando o vírus entra na célula, começa a interagir ativamente com várias moléculas dentro da célula.
Uma dessas classes de moléculas são os miARN, que são pequenos ARNs
cuja função principal é regular a expressão dos genes. Quando um vírus
entra, os miARNs começam a ligar-se a certas partes do ARN do seu
genoma, o que leva à destruição dos ARNs do vírus.
Esse ataque pode interromper a replicação do vírus completamente.
No entanto, nos casos em que os miARNs não são muito “agressivos”, as
interações não destroem o vírus, mas retardam a sua replicação. Esse
cenário é benéfico para o vírus, pois ajuda a evitar uma resposta
imunológica rápida na célula.
Alguns dos vírus acumulam intencionalmente sítios de ligação de
miARNs do hospedeiro. Isso torna-se a sua vantagem: os vírus com mais
sítios de ligação sobrevivem e reproduzem-se melhor, o que leva à sua
dominação evolutiva.
Para analisar o papel que desempenha após a entrada do coronavírus
nas células humanas, os cientistas decidiram analisar o processo de
infecção nos pulmões de ratos de laboratório, comprovando que, quando
ocorre uma infecção, a produção de miARN aumenta em oito vezes, indicando que o vírus “promove” a união destas moléculas ao seu próprio ARN, afetando a sua multiplicação.
Agora, os cientistas pretendem analisar as possibilidades de um
efeito medicinal sobre o vírus que é atraído aos miARN descobertos e
analisar se a introdução ou eliminação artificial deste mecanismo pode
prevenir a reprodução do vírus.
Este estudo foi publicado esta segunda-feira na revista científica PeerJ.
https://zap.aeiou.pt/descoberto-calcanhar-aquiles-dos-coronavirus-346579
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