Através de observações realizadas pelo Telescópio Espacial Hubble,
da NASA, e pelo Very Large Telescope, no Chile, cientistas detectaram
uma presença anormal de matéria escura em algumas galáxias, configurando
um excesso de matéria adicional em relação a pesquisas e simulações
realizadas anteriormente. O caso passou a intrigar o grupo de
cientistas, que acredita ter chegado a uma discrepância capaz de mudar
completamente o conhecimento sobre o fenômeno.
Segundo os
especialistas, a detecção de uma quantidade anormal de matéria escura
contrariou os principais modelos teóricos que estavam sendo utilizados
como base e referência para a compreensão do fenômeno.
"Há uma
característica do Universo real que simplesmente não estamos capturando
em nossos modelos teóricos atuais. Isso pode sinalizar uma lacuna em
nossa atual compreensão da natureza da matéria escura e suas
propriedades, visto que esses dados incomuns nos permitiram sondar a
distribuição detalhada da matéria escura em escalas menores", disse Priyamvada Natarajan, da Universidade de Yale, em Connecticut.
(Fonte: Nasa/Reprodução)
O estudo, publicado na Science, foi realizado a partir da observação de 11 aglomerados de galáxias — também conhecidos como clusters — que
configuram como os maiores repositórios de matéria escura do Universo,
distribuídas entre escalas maiores e menores. "Os aglomerados de
galáxias são laboratórios ideais para entender se as simulações de
computador do Universo reproduzem de forma confiável o que podemos
inferir sobre a matéria escura e sua interação com a matéria luminosa",
disse o autor sênior do estudo, Massimo Meneghetti, do Instituto
Nacional de Astrofísica.
Pesquisa através de lentes gravitacionais
Dificilmente
detectada, especialmente por não absorver ou emitir quaisquer tipos de
radiação eletromagnética, a matéria escura foi mapeada através de lentes
gravitacionais, recurso capaz de observar campos gravitacionais e suas
distorções. Atualmente, o conhecimento da matéria escura coloca a
gravidade como principal objeto de interação do fenômeno, curvando o
espaço-tempo nos clusters e podendo ser observado através da curvatura da luz.
As observações espectroscópicas de acompanhamento permitiram, por
meio de cálculos de deslocamento luminoso, a identificação de dezenas de
imagens múltiplas de aglomerados e de fortes distorções gravitacionais,
indicando uma presença maior de matéria escura do que havia sido
apresentado nas simulações anteriores.
A lacuna sobre o mistério do excesso da matéria escura será o ponto de partida para a realização de novos estudos.
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