Uma equipa de investigadores do Canadá sugeriu que Júpiter
pode ter cerca de 600 luas com pelo menos 800 metros de diâmetro. A
maioria delas têm órbitas largas, irregulares e retrógadas.
Nos últimos 20 anos, os astrónomos encontraram dezenas de pequenas
luas de Júpiter graças ao avanço de grandes câmaras digitais. Em 2003,
Scott Sheppard, do Instituto Carnegie, já estimava que o número de luas
irregulares maiores do que um quilómetro seria em torno de 100.
Agora, Edward Ashton, Matthew Beaudoin e Brett Gladman,
da Universidade da Colúmbia Britânica, detetaram cerca de quatro dúzias
de potenciais novas luas jovianas que são ainda mais pequenas.
Extrapolando da área do céu que analisaram – cerca de um grau quadrado -, os investigadores concluem que pode haver cerca de 600 desses minúsculos objetos a orbitar o planeta gigante.
A equipa estudou 60 exposições arquivísticas de 140 segundos de um
campo próximo a Júpiter, todas tiradas num período de 3 horas em 8 de
setembro de 2010, com a câmara MegaPrime de 340 megapixels no Canadá-França-Hawai’i Telescope em Mauna Kea.
Os astrónomos combinaram digitalmente as imagens de 126 forma
diferentes, uma para cada combinação possível de velocidade e direção na
qual uma potencial lua joviana poderia mover-se no céu.
Este método revelou 52 objetos de magnitude 25,7, correspondendo a diâmetros de cerca de 800 metros. Sete das descobertas mais brilhantes revelaram ser satélites irregulares de Júpiter. As outras são quase certamente luas jovianas retrógradas, que orbitam o planeta na direção oposta à sua rotação.
Se esta investigação já produz 45 luas anteriormente desconhecidas,
os investigadores estimam que o número total de satélites dentro desta
faixa de tamanho deve ser em torno de 600. O número oficial atual de luas jovianas é 79.
A equipe canadiana ainda não pode reivindicar novas descobertas
para as suas 45 novas luas, muito menos para as 600 extrapoladas. “É
preciso muito tempo de um telescópio grande para obter órbitas
confiáveis para estas luas muito pequenas e numerosas”, explicou
Sheppard, citado pelo Sky and Telescope. “É preciso decidir se isto é cientificamente valioso”.
Atualmente, não há planos para observações de acompanhamento das
novas luas. “Seria bom confirmá-las, mas não há como rastreá-los sem
começar do zero”, disse Ashton. No entanto, as pequenas luas certamente
serão encontradas novamente por instrumentos futuros como o Observatório
Vera C. Rubin.
As novas deteções levantam a questão de quão pequeno um objeto pode ser
e ainda ser chamado de lua. Para Sheppard, a União Astronómica
Internacional não nomeará luas planetárias com menos de um quilómetro.
Este estudo foi aceite para publicação na revista científica The Planetary Science Journal e está disponível na plataforma de pré-publicação ArXiv. A investigação será apresentada a 25 de setembro no evento virtual Europlanet Science Congress 2020.
https://zap.aeiou.pt/jupiter-600-luas-345612
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