Um conjunto de forças inexplicáveis que derretem as rochas
sob a crosta terrestre e muito mais profundas do que se acreditava
anteriormente parecem ser responsáveis pelos poderosos terramotos ao
longo de um segmento da falha de San Andreas.
Ao longo da falha de San Andreas, perto da cidade de Parkfield,
Califórnia, um conjunto incrivelmente sensível de instrumentos sísmicos e
GPS deteta algo estranho há vários anos: terramotos profundos que ocorrem bem abaixo de onde ocorre a maior parte do movimento sísmico na Califórnia.
Esses terremotos não são sentidos na superfície, mas são intrigantes
porque este segmento dw San Andreas perto da cidade de Parkfield também
estremece com terramotos de magnitude 6 ou mais a cada 20 ou 40 anos .
Esses tremores profundos podem estar ligados aos tremores da
superfície. Agora, uma nova investigação encontrou a raiz desses
terremotos profundos e silenciosos.
Especialistas da University of Southern California e da China Earthquake Administration descobriram que, ao longo de uma secção particularmente problemática da falha de San Andreas, as excitações subterrâneas
que ocorrem muito mais profundamente do que onde se origina a maioria
dos tremores monitorizados foram a causa de grandes instabilidades
sísmicas.
Segundo os cientistas, a maior parte da atividade sísmica da
Califórnia origina-se nos primeiros 16 quilómetros da crosta, mas alguns
tremores na falha de San Andreas ocorrem muito mais profundamente.
“Porque e como é que isto acontece é em grande parte desconhecido. Mostrámos que uma secção profunda da falha de San Andreas parte com frequência e derrete as rochas hospedeiras, gerando essas ondas sísmicas anómalas”, disse Sylvain Barbot, geofísico na University of Southern California e líder do estudo, em comunicado.
Usando modelos matemáticos e experiências de laboratório, os
cientistas simularam a dinâmica da atividade nas profundezas da Terra
durante 300 anos e observaram que, após um grande terramoto, as placas
tectónicas que colidem ao longo da falha entram num período de relativa calma.
Porém, aos poucos, essa interação começa a gerar calor devido ao
atrito. O atrito faz com que a temperatura suba e os enormes blocos de
rocha se tornem mais fluidos. Ao mesmo tempo, é criado um ciclo vicioso, uma vez que o aumento da fluidez leva a mais deslizamento e mais atrito.
Em pouco tempo, os blocos deslizam rapidamente entre si e é desencadeado um terramoto.
Os cientistas argumentam que esta é uma forma diferente de estudar a
falha de San Andreas. “É difícil fazer previsões, por isso, em vez de
apenas prever, estamos a tentar explicar todos os diferentes tipos de movimento que se vê no solo”, concluiu Barbot.
Este estudo foi publicado este mês na revista científica Science Advances.
https://zap.aeiou.pt/terramotos-invisiveis-falha-san-andreas-345644
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