Já conta com sete milénios de existência, mas a pele continua
a ser um dos materiais naturais mais duráveis e versáteis para
produzir artigos de moda. No entanto, alguns consumidores questionam a
sua utilização devido aos problemas que traz a nível a ambiental e por
ser proveniente de animais. Mas uma solução mais sustentável pode estar a
chegar.
As alternativas à pele verdadeira, proveniente de animais, são
produzidas a partir de polímeros sintéticos e têm um impacto menor em
termos de sustentabilidade ambiental, por isso têm feito bastante
sucesso no mercado – avança o The Conversation.
Contudo, esses materiais também enfrentam alguns problemas que podem
trazer consequências ambientais. Por isso, o mercado de produção de bens
de moda começou a procurar outras soluções. Pode parecer estranho mas
umas das ideias é utilizar fungos para substituir a pele.
Uma pesquisa feita por uma equipa de investigadores – publicada na segunda feira – na Nature Sustainability,
investigou esta ideia, tendo em conta os processos de fabricação, os
custos associados, a sustentabilidade, e as propriedades dos materiais
substitutos da pele.
E se a solução passar por um cogumelo?
Os produtos de pele derivados de fungos foram patenteados pela
primeira vez, pelas empresas americanas MycoWorks e Ecovative Design, há
cerca de cinco anos. Esses produtos aproveitam a estrutura semelhante a uma raiz de cogumelo, chamada micélio, que contém o mesmo polímero encontrado nas cascas de caranguejos.
Quando as raízes dos cogumelos são cultivadas podem formar um tapete espesso que pode ser tratado e ficar muito parecido com a pele animal. Como são as raízes, e não os cogumelos que são usados, este processo biológico pode ser realizado em qualquer lugar. Não
requer luz, converte os resíduos em materiais úteis e armazena carbono
ao acumulá-lo no fungo em crescimento – explicam os investigadores.
Passar de uma raiz de cogumelo para um produto transformado em “pele de fungo” pode demorar algumas semanas, mas ainda assim é muito menos tempo do que os anos que são necessários para criar uma vaca. Ácidos
leves, álcool, e corantes são normalmente usados para modificar o
material fúngico, que é então comprimido, seco e gofrado.
O estudo explica que o processo é simples e pode ser feito por artesãos. Também pode ser desenvolvido industrialmente para uma produção em massa. O produto final é idêntico à pele animal e tem uma durabilidade semelhante.
Apesar desta tecnologia já estar a ser desenvolvida há alguns de
anos, ainda há pouca informação sobre como tudo funciona. Mesmo sendo um
material biodegradável e de fabricação de baixo consumo de energia, de acordo com os cientistas, este produto não será suficiente para resolver a crise de sustentabilidade que a Terra enfrenta.
Espera-se que produtos comerciais feitos em pele derivada de fungos estejam à venda em breve. O ano passado nos EUA, já foram lançados protótipos de produtos como relógios, malas e sapatos.
Embora esses produtos fossem um pouco caros – uma mala de marca estava a ser avaliada em 500 dólares
(cerca de 422 euros) – as estimativas de custos de fabricação indicam
que o material poderia tornar-se economicamente competitivo com a pele
tradicional, caso fosse produzido em grande escala.
Portanto, da próxima vez que passar pelos cogumelos no supermercado,
lembre-se que em breve pode passar a vê-los no seu guarda-roupa.
https://zap.aeiou.pt/pele-derivada-cogumelos-pode-solucao-sustentavel-industria-da-moda-procura-345637
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