Uma comparação de tecidos cerebrais de pessoas que se suicidaram relacionou, pela primeira vez, a depressão crónica com uma queda drástica do número de tipos específicos de células de suporte do tecido nervoso.
De acordo com o site Science Alert, investigadores do Instituto da Universidade de Saúde Mental de Douglas e da Universidade McGill, no Canadá, analisaram o tecido cerebral de dez homens, diagnosticados com depressão, que se suicidaram. Este foi comparado com dez amostras de tecido retiradas de diferentes regiões do cérebro de homens que morreram repentinamente, sem um diagnóstico de saúde mental.
Uma das coisas que chamou a atenção da equipa foi o número de astrócitos, células de suporte do tecido nervoso.
“Analisámos os astrócitos no cérebro através de proteínas específicas encontradas na sua estrutura: a vimentina e a proteína fibrilar ácida da glia (GFAP, na sigla em inglês)”, disse o neurocientista Liam O’Leary, um dos autores do estudo publicado, a 4 de fevereiro, na revista científica Frontiers in Psychiatry.
Tal como as GFAP, os astrócitos que expressavam a vimentina foram significativamente menos entre as amostras de tecido cerebral retiradas de indivíduos com depressão. E as diferenças entre os dois no córtex pré-frontal foram duas vezes maiores para as células de vimentina, implicando um forte papel deste tipo particular de células.
Segundo o mesmo site, estas conclusões são apenas uma pequena peça do puzzle que é a depressão crónica, e estamos ainda muito longe de ter um modelo abrangente que ligue vários tipos de células com declínios de humor e de prazer.
No entanto, é também um sinal de esperança para as pessoas que sofrem com esta doença, não só na expectativa de virem a ter um diagnóstico melhor, como também tratamentos mais eficazes.
“A notícia promissora é que, ao contrário dos neurónios, o cérebro humano adulto produz continuamente muitos novos astrócitos. Encontrar formas de fortalecer essas funções cerebrais naturais pode melhorar os sintomas de pessoas com depressão”, afirmou Naguib Mechawar, psiquiatra da Universidade McGill e autor sénior do estudo.
https://zap.aeiou.pt/diferencas-celulas-cerebrais-depressao-379136
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