Investigadores mostraram através de um experimento que é
possível induzir uma experiência psicadélica com nada mais do que o
poder da sugestão e um placebo.
Investigadores da Universidade McGill, no Canadá, recrutaram 33 estudantes
para participar num estudo (supostamente) projetado para examinar os
efeitos do medicamento psicadélico iprocin na criatividade das pessoas,
escreve o site Science Alert.
Os participantes foram colocados num laboratório parecido com o
cenário de uma festa dos anos 60, com quadros psicadélicos nas paredes,
luzes coloridas, filmes projetados numa tela e um DJ a tocar música
ambiente, entre outros.
No meio deste cenário, vários participantes começaram a ficar
visivelmente afetados pela droga que estava a ser distribuída. Mas a
verdade é que nada disto era real porque todos os participantes tomaram placebos. Essas pessoas eram apenas atores pagos para fingir esse comportamento.
Tudo foi criado de forma a perceber se é possível induzir uma experiência psicadélica com nada mais do que o poder da sugestão e um placebo. Os resultados do estudo, publicado, em março, na revista científica Psychopharmacology, mostraram que sim.
Nos questionários conduzidos durante o experimento, 61% dos participantes relatou ter sentido algum efeito da ‘droga’,
incluindo tonturas, ter visto as cores das pinturas mudarem,
sentimentos de relaxamento, sentidos elevados, vontade de rir e até
náusea. Por outro lado, quase 40% do grupo indicou não ter sentido nada
fora do comum.
“Para nosso conhecimento, estas são as alterações mais fortes na
consciência relatadas na literatura após um placebo psicadélico
inativo”, explicam os autores no seu estudo.
Além disso, os cientistas queriam explorar o fenómeno pouco estudado do “contact high“, que ocorre em pessoas que estão em contacto com alguém que está sob a influência de drogas.
“Tal como os efeitos do placebo, este fenómeno pode resultar do
condicionamento clássico, bem como do ambiente físico e social”, conclui
ainda a equipa da universidade canadiana.
Dado o renascimento atual do interesse em medicamentos psicadélicos
para fins terapêuticos, os investigadores consideram que se deveria
explorar este aparente efeito placebo de forma a beneficiar os
pacientes.
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