Quando a sonda espacial Cassini da NASA passou pela segunda maior lua de Saturno antes do fim da sua missão em 2017, avistou um estranho complexo. Agora, uma equipa de cientistas pode ter desvendado o mistério.
Entre 2004 e 2017, a sonda Cassini estudou Saturno e as suas luas, proporcionando descobertas sem precedentes sobre o sistema deste gigante gasoso. Ao sobrevoar a lua Reia para analisar a sua composição, a sonda descobriu uma substância misteriosa na sua superfície.
Enquanto a Cassini passava pelas luas de Saturno, examinou a luz do sol a refletir nas suas superfícies para determinar de que eram feitas. Em Reia, assim como em várias outras luas, algo na superfície absorveu uma parte dessa luz na faixa ultravioleta do espectro.
“Percebemos que havia uma queda no espectro e perguntámo-nos o que era, mas especulamos que poderia ser algum tipo de gelo de água”, disse Amanda Hendrix, do Planetary Science Institute, em declarações ao NewScientist. “Ficámos intrigados com o que era durante muito tempo.”
Agora, a equipa de investigadores que analisou os dados da missão Cassini acredita ter desvendado este mistério da lua Reia. Em laboratório, os cientistas observaram a forma como a luz refletia em vários compostos e descobriram dois que pareciam coincidir com o que a Cassini viu: hidrazina e cloro.
Embora qualquer um deles possa ser compatível com as observações da Cassini, é difícil encontrar uma forma de o cloro ser produzido na superfície de Reia. Assim, a equipa suspeita que a substância seja hidrazina, um composto usado como combustível para foguetes.
A hidrazina pode ser produzida em reações entre produtos químicos que se sabe que existem na lua gelada. Além disso, também pode flutuar da atmosfera da lua vizinha, Titã.
Mesmo que a Cassini usasse hidrazina como combustível, os seus propulsores nunca foram disparados perto de Reia, por isso os investigadores estão confiantes de que não veio da sonda.
“Esta é uma possível explicação para o recurso em Reia, mas ainda temos trabalho a fazer para descobrir por que ocorre em outras luas”, explicou Hendrix. “Esta é uma pista para algum processo que está a acontecer em todo o sistema de Saturno e provavelmente noutros lugares também.”
Lançada em outubro de 1997 pela NASA, a missão Cassini-Hyugens contou com duas sondas para investigar Saturno e as suas luas. Enquanto a sonda Hyugens seguiu viagem para Titã, a Cassini alcançou a órbita de Saturno em 2004, proporcionando informações e imagens do gigante e dos seus anéis.
Apesar de ter duração estimada de quatro anos, a Cassini tinha combustível suficiente para continuar em ação até 2017, quando mergulhou na atmosfera de Saturno e encerrou as suas atividades.
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