Uma pesquisa publicada recentemente pela revista Nature afirma que há novas evidências de que o nosso Sol está experimentando um segundo modo de fusão, explicado pela presença de neutrinos numa faixa de energia difícil de encontrar, o que é um sinal de que a nossa estrela está dobrando sua produção. 

Como acontece com as demais estrelas, o Sol é alimentado pela fusão de hidrogênio em elementos mais pesados. Essa fusão nuclear não apenas faz as estrelas brilharem, mas também constitui uma fonte primária dos elementos químicos que nos rodeiam. Para compreender o funcionamento dessa fusão, temos modelos teóricos de núcleos atômicos, e os neutrinos reais criados no núcleo da nossa estrela.

Fonte: Sarang/Reprodução
Cadeia pp (Fonte: Sarang/Reprodução)

Quando os núcleos atômicos sofrem fusão, eles produzem, além de raios gama de alta energia, os neutrinos. Os primeiros aquecem o interior do Sol durante milhares de anos, mas os neutrinos saem do interior da estrela quase à velocidade da luz, mas sua existência só foi provada recentemente.

Os neutrinos provam que a fusão nuclear ocorre no Sol, mas não especifica o seu tipo. Por ser uma estrela muito pequena, a teoria é de que a forma de fusão dominante no Sol deveria ser a de prótons, que produz o hélio a partir do hidrogênio. Essa reação, conhecida como “cadeia pp”, é a mais fácil para as estrelas criarem.

Fonte: Cwitte/Reprodução
Ciclo CNO (Fonte: Cwitte/Reprodução)

A forma dominante de fusão

No caso das estrelas maiores, com núcleos mais quentes e densos, a fonte dominante de energia é o chamado ciclo CNO, um ciclo de reações com carbono, nitrogênio e oxigênio para produzir hélio. No entanto, a nossa estrela é grande o bastante para produzir o ciclo CNO em um nível mais baixo.

O problema é que os neutrinos CNO são de difícil detecção, e o grande desafio nesse processo é que o seu sinal pode ficar oculto no ruído de neutrinos terrestres como a decomposição radiativa de rochas. 

Na nova pesquisa, os cientistas criaram um processo de análise sofisticado que filtra o sinal do neutrino de falsos positivos. Com essa ferramenta, eles conseguiram obter uma medição que comprova a ocorrência da fusão CNO dentro do Sol nos níveis previstos pela ciência, em conjunto com as reações em cadeia pp.