À medida que a poeira se espalha pela atmosfera de Marte, empurra o vapor de água para o céu avermelhado. A grandes altitudes, as moléculas de água ficam vulneráveis à radiação ultravioleta, que as divide em elementos ainda mais leves.
As grandes tempestades de poeira podem envolver todo o planeta Marte numa autêntica escuridão e, ainda que os cientistas saibam que as tempestades foram as responsáveis por dissipar a água do Planeta Vermelho, estas não chegam para explicar a magnitude total da perda de água de Marte.
Agora, uma nova investigação garante que as tempestades de poeira locais – e, portanto, mais pequenas – também estão a “secar” o Planeta Vermelho.
De acordo com o Space, estas tempestades “brincam” com o vapor de água na atmosfera, aquecendo-o e retardando a sua transição para água. Além disso, mantêm o vapor a níveis mais altos na atmosfera, onde a radiação ultravioleta pode retirar mais facilmente os átomos de hidrogénio das moléculas de água.
Michael Chaffin, cientista do Laboratório de Física Atmosférica e
Espacial da Universidade de Colorado, nos Estados Unidos, explica que,
uma vez que o hidrogénio escapa para o Espaço, já não há como formar a
água.
Entre janeiro e fevereiro de 2019, três satélites observaram uma mesma tempestade de poeira regional em Marte, permitindo aos cientistas recolher informações sem precedentes.
A sonda Mars Reconnaissance Orbiter, da NASA, mediu a concentração de poeira e gelo da superfície até 100 km acima dela; na mesma faixa de altitude, a Trace Gas Orbiter, da Agência Espacial Europeia (ESA), analisou a quantidade de vapor de água e gelo; enquanto a sonda MAVEN, também da NASA, registou a quantidade de hidrogénio que se teria separado das moléculas de H2O na alta atmosfera, a mais de 1.000 km da superfície.
O artigo científico com as descobertas foi publicado no dia 16 de agosto na Nature Astronomy.
Este ano, dados da sonda europeia Mars Express revelaram que a fuga de água de Marte para o Espaço foi acelerada por tempestades de poeira e pela proximidade do planeta com o Sol, mas sugeriram também que uma parte da água “pode ter recuado para o subsolo”.
https://zap.aeiou.pt/tempestades-de-poeira-marte-426521
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