Um novo estudo mostra que a urbanização está a fazer com que muitas espécies de mamíferos fiquem maiores, possivelmente por causa da disponibilidade de alimentos em locais com muita gente.
Em comunicado, o Museu de História Natural da Florida explica que esta descoberta vai contra a teoria de muitos cientistas, que defendem que as cidades iriam provocar a diminuição de tamanho dos mamíferos ao longo do tempo.
Isto porque os edifícios e as estradas prendem e reemitem um maior grau de calor, fazendo com que as metrópoles tenham temperaturas mais altas do que os seus arredores (um fenómeno conhecido como “ilha de calor”). Além disso, segundo a regra de Bergmann, animais em climas mais quentes tendem a ser mais pequenos do que os da mesma espécie que vivem em ambientes mais frios.
Mas uma equipa de cientistas deste museu descobriu um padrão inesperado ao analisar cerca de 140.500 medidas do comprimento e da massa corporal de mais de uma centena de espécies de mamíferos da América do Norte recolhidas ao longo de 80 anos: os mamíferos que vivem na cidade são mais longos e robustos do que os que vivem no meio rural.
“Em teoria, os animais das cidades deveriam estar a ficar mais pequenos por causa dos efeitos da ilha de calor, mas não encontrámos evidências de que isso esteja a acontecer em mamíferos”, disse Maggie Hantak, investigadora do museu e autora principal do estudo publicado, a 16 de agosto, na revista científica Communications Biology.
“Este estudo é um bom argumento para explicar porque é que não podemos assumir que a Regra de Bergmann ou o clima, por si só, são importantes para determinar o tamanho dos animais”, acrescentou.
A equipa criou um modelo que examinou como o clima e a densidade populacional de uma determinada área influenciam o tamanho dos mamíferos. À medida que as temperaturas baixavam, tanto o comprimento como a massa aumentavam na maioria das espécies de mamíferos estudadas – dando razão à Regra de Bergmann –, mas a tendência foi mais acentuada em zonas com mais pessoas.
Os mamíferos das cidades geralmente cresceram independentemente da temperatura, sugerindo que a urbanização rivaliza ou excede o fator clima quando estamos a falar do tamanho dos mamíferos, disse Robert Guralnick, curador de informática para a biodiversidade do museu e outro dos autores do estudo.
“Não era isso que esperávamos encontrar. Mas a urbanização representa esta nova perturbação na paisagem natural que não existia há milhares de anos. É importante reconhecer que está a ter um grande impacto“, afirmou.
Os investigadores esperam que estas novas conclusões levem mais cientistas a considerar a urbanização nas suas análises sobre as mudanças de tamanho dos animais.
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