A startup americana Perfect Day conseguiu criar uma alternativa molecularmente idêntica ao leite de vaca a partir de fungos e já usa este leite para criar gelados e queijos.
Já todos conhecemos o leite de soja, de amêndoa ou de aveia como alternativas veganas para o leite de vaca, mas uma empresa americana decidiu levar as opções de “leite alternativo” um passo mais à frente e criar leite de vaca… sem vacas?
Tal como já existe carne de vaca feita em laboratório, a Perfect Day, baseada no estado americano da Califórnia, usa fungos para criar uma proteína láctea que é “molecularmente idêntica” ao leite de vaca, segundo avança o co-fundador Ryan Pandya à CNN. Este leite pode também ser usado na produção de queijos, gelados, manteigas e iogurtes.
“Estávamos interessados no que existe no leite que lhe dá a sua versatilidade e nutrição incríveis e que falta nos leites feitos a partir de plantas. Criámos um produto para pessoas que gostam de lacticínios, mas querem sentir-se melhor a nível do impacto no planeta e nos animais”, explica Pandya.
A empresa agregou um gene que codifica a proteína de soro no leite de vaca e introduziu-o num fungo, que cresceu depois em tanques de fermentação. Esta nova proteína de soro é depois filtrada e seca até se tornar um pó que é depois usado nos produtos lacticínios que a Perfect Day também já produz, como queijos e gelados.
No ano passado, a empresa lançou o gelado Brave Robot, que já é vendido em cerca de 5000 lojas nos Estados Unidos e chegou também a Hong Kong. Ao contrário de outros gelados baseados em plantas, o Brave Robot não tem um sabor a coco ou banana e é mais parecido com o gelado “normal”. Este ano deve ainda ser lançado um queijo em creme.
Apesar da proximidade molecular ao leite de vaca, a criação da startup não inclui lactose, hormonas ou colesterol. Mesmo assim, os alérgicos aos lacticínios não devem consumir os produtos da Perfect Day. Já os veganos, segundo Pandya, podem deliciar-se com este leite alternativo, visto que o processo de criação não envolve animais.
Dado o impacto que a produção de bovinos tem, a oferta desta empresa é também mais amiga do ambiente e a sua produção emite até menos 97% gases de estufa do que a criação do leite verdadeiro.
A Perfect Day não é a única empresa a apostar na criação de lacticínios mais sustentáveis. A New Culture, outra startup californiana, está a criar queijos que não usam vacas no processo de fermentação e a TurtleTree Labs está a criar leite – incluindo humano – a partir da cultura de células.
As maiores preocupações com o ambiente e o crescimento em popularidade de dietas veganas tem levado ao aparecimento de cada vez mais inovações tecnológicas na comida.
Segundo a organização sem fins-lucrativos Good Food Institute, que procura incentivar a criação de proteínas alternativas às animais, 590 milhões de dólares foram investidos no ramo das proteínas alternativas fermentadas em 2020 – 300 milhões só na Perfect Day.
Pandya acrescenta que a empresa está a tentar obter licenças no Canadá, Índia e Europa e a procurar mais parceiros na indústria. “Estamos a desenvolver uma forma mais gentil e verde de criar as nossas comidas favoritas, começando pelos lacticínios, e não podemos fazer isso sozinhos”, conclui.
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