O Protocolo de Montreal – que proibiu o uso dos químicos que estavam a destruir a camada de ozono – teve um impacto importante na redução dos efeitos das alterações climáticas e nos níveis de carbono na atmosfera.
As alterações climáticas já se estão a fazer sentir, mas uma decisão nos anos 80 pode ter impedido que os seus efeitos sejam ainda mais catastróficos – a proibição do uso dos clorofluorocarbonetos, também conhecidos como CFCs, que estavam aos poucos destruir a camada do ozono, escreve a Interesting Engineering.
Um estudo publicado na Nature concluiu que o impacto das alterações climáticas seria bastante pior do que o que está previsto actualmente e que os níveis de CO2 no século XXI seriam até 50% mais altos. Para nossa sorte, a proibição, que ficou conhecida como o Protocolo de Montreal, avançou.
A investigação usou modelos para prever como estaria o nosso planeta caso os CFCs, que eram muito usados em aerossóis e para refrigeração, continuassem a ser permitidos. Neste cenário distópico, a camada de ozono que protege a Terra entraria em colapso global já na década de 2040 e o planeta estaria exposto a mais radiação ultravioleta.
Mais de metade – 60% – da protecção da camada de ozono nos trópicos teria desaparecido até 2100, o que criaria um buraco ainda maior do que aquele que se viu na Antártida nos anos 80. Este nível de exposição à radiação causaria danos nas plantas, que deixariam de conseguir fazer a fotossíntese e não cresceriam em certas zonas do mundo.
O colapso da camada também levaria a que solos, florestas e vegetação não conseguissem absorver 580 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono, o que causaria um aumento dos níveis de CO2 atmosférico entre 40% e 50%. As temperaturas até ao final do século subiriam mais 0.8ºC do que apontam as previsões actuais.
“Estimamos que poderia haver menos 325-690 mil milhões de toneladas de carbono absorvidas pelas plantas e pelos solos até ao fim deste século (2080-2099) sem o Protocolo de Montreal (em comparação com as projecções climáticas com o controlo das substâncias que destroem o ozono)”, afirmam os investigadores.
Vários grupos e organizações de activistas estão a trabalhar para pressionar os governos a cortar na produção de combustíveis fósseis para que se possa evitar uma subida de 2ºC nas temperaturas. Se já é difícil imaginar este cenário, pelo menos agora sabemos que poderia ser bem pior sem o Protocolo de Montreal – que salvou o planeta de uma subida de temperaturas de 2.5ºC.
Paul Young, um dos autores do estudo, refere num comunicado que “o aumento da radiação UV teria atrofiado massivamente a capacidade das plantas de absorver o carbono da atmosfera”. “Um mundo onde estes químicos continuassem a destruir a camada do ozono protectora seria catastrófico para a saúde humana e para a vegetação”, afirma.
Apesar de estarmos a conseguir reduzir o buraco na camada de ozono, é importante lembrar que os cortes nas emissões dos combustíveis fósseis continuam longe do suficiente para conseguirmos travar os efeitos das alterações climáticas e que o progresso conseguido até agora pode ser revertido caso a vigilância não mantenha.
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