A lacuna temporal nas rochas do Grand Canyon confunde os cientistas há 150 anos. Uma equipa de geólogos aplicou uma nova técnica para tentar resolver o mistério.
Numa viagem recente de 11 dias de jangada no Grand Canyon, nos Estados Unidos, uma equipa de geólogos tentou finalmente descobrir a idade de uma parte do conhecido Parque Nacional.
A Grande Inconformidade geológica do Grand Canyon acontece onde as camadas de rochas sedimentares estão por cima de rochas de base que são até 1.3 mil milhões de anos mais antigas. O que terá acontecido durante este período?
Uma nova investigação publicada no Geology deu algumas pistas sobre o que poderá ter causado este mistério na zona leste do parque.
“Eu tinha consciência de que já se tinham tentado técnicas diferentes para datar a erosão das superfícies do Grand Canyon”, explica Olivia Thurston, investigadora da Universidade do Indiana e líder do estudo, ao Phys.org.
Foi depois da visita do cientista Karl Kalstrom, que já há décadas estuda o Grand Canyon, que Olivia se lembrou de aplicar a técnica zirconita-hélio – que avalia a proporção de hélio para urânio dentro do mineral zirconita para determinar a sua história de arrefecimento.
Segundo Karlstrom, esta técnica apoia a hipótese da jovem (com menos de 6 milhões de anos) escultura de vários estágios no Canyon que já é defendida há uma década.
O processo é complicado, já que o urânio complica os cálculos. O zirconita é usado devido à sua resistência à desagregação física e química, mas a sua estrutura cristalina é afectada pela radiação emitida pelo urânio. Estes danos da radiação afectam como o hélio se move dentro do cristal.
“Se o cristal estiver quente o suficiente, o hélio pode difundir-se activamente para fora do cristal porque não faz mesmo parte da estrutura cristalina. Quando chegamos a temperaturas baixas, à volta de 200ºC, começamos a reter o hélio. É aí que o relógio começa – e podemos usar a proporção entre urânio/hélio (pai/filha) para calcular o tempo no passado quando arrefeceu nesta temperatura”, afirma Thurston.
Quando o zirconita é depositado abaixo da superfície da Terra, onde as temperaturas são mais altas, o hélio é libertado rapidamente. À medida que os minerais começam o processo de exumação, arrefecem e o hélio fica preso.
Ao ver quanto hélio ficou retido dentro da estrutura, a equipa de Thurston pôde determinar quando o processo de arrefecimento começou e quando a rocha chegou à superfície onde ficou até agora.
De acordo com o estudo, a principal exumação e erosão da Grande Inconformidade aconteceu há entre 1.25 e 1.35 mil milhões de anos – um período que precede a separação do supercontinente da Rodinia, que alguns já tinham apontado como a causada da lacuna.
No entanto, as conclusões apontam para que a Grande Inconformidade esteja “amplamente relacionada” com a criação da Rodinia, que aconteceu há entre 900 milhões e 1.3 mil milhões de anos. Mesmo assim, falta fazer análises mais amplas na Laurência para se tirarem conclusões finais.
“Acho que o que é excitante para o público em geral sobre este estudo é pensar em quão insignificantes somos no tempo geológico. As rochas no Grand Canyon existem há 1.8 mil milhões de anos e a Terra em si tem 4.5 mil milhões de anos. Essa é uma perspectiva muito poderosa e que nos torna mais humildes porque temos de pensar sobre a importância e a longevidade dos humanos na Terra”, remata Thruston.
https://zap.aeiou.pt/grande-inconformidade-grand-canyon-448192
Numa viagem recente de 11 dias de jangada no Grand Canyon, nos Estados Unidos, uma equipa de geólogos tentou finalmente descobrir a idade de uma parte do conhecido Parque Nacional.
A Grande Inconformidade geológica do Grand Canyon acontece onde as camadas de rochas sedimentares estão por cima de rochas de base que são até 1.3 mil milhões de anos mais antigas. O que terá acontecido durante este período?
Uma nova investigação publicada no Geology deu algumas pistas sobre o que poderá ter causado este mistério na zona leste do parque.
“Eu tinha consciência de que já se tinham tentado técnicas diferentes para datar a erosão das superfícies do Grand Canyon”, explica Olivia Thurston, investigadora da Universidade do Indiana e líder do estudo, ao Phys.org.
Foi depois da visita do cientista Karl Kalstrom, que já há décadas estuda o Grand Canyon, que Olivia se lembrou de aplicar a técnica zirconita-hélio – que avalia a proporção de hélio para urânio dentro do mineral zirconita para determinar a sua história de arrefecimento.
Segundo Karlstrom, esta técnica apoia a hipótese da jovem (com menos de 6 milhões de anos) escultura de vários estágios no Canyon que já é defendida há uma década.
O processo é complicado, já que o urânio complica os cálculos. O zirconita é usado devido à sua resistência à desagregação física e química, mas a sua estrutura cristalina é afectada pela radiação emitida pelo urânio. Estes danos da radiação afectam como o hélio se move dentro do cristal.
“Se o cristal estiver quente o suficiente, o hélio pode difundir-se activamente para fora do cristal porque não faz mesmo parte da estrutura cristalina. Quando chegamos a temperaturas baixas, à volta de 200ºC, começamos a reter o hélio. É aí que o relógio começa – e podemos usar a proporção entre urânio/hélio (pai/filha) para calcular o tempo no passado quando arrefeceu nesta temperatura”, afirma Thurston.
Quando o zirconita é depositado abaixo da superfície da Terra, onde as temperaturas são mais altas, o hélio é libertado rapidamente. À medida que os minerais começam o processo de exumação, arrefecem e o hélio fica preso.
Ao ver quanto hélio ficou retido dentro da estrutura, a equipa de Thurston pôde determinar quando o processo de arrefecimento começou e quando a rocha chegou à superfície onde ficou até agora.
De acordo com o estudo, a principal exumação e erosão da Grande Inconformidade aconteceu há entre 1.25 e 1.35 mil milhões de anos – um período que precede a separação do supercontinente da Rodinia, que alguns já tinham apontado como a causada da lacuna.
No entanto, as conclusões apontam para que a Grande Inconformidade esteja “amplamente relacionada” com a criação da Rodinia, que aconteceu há entre 900 milhões e 1.3 mil milhões de anos. Mesmo assim, falta fazer análises mais amplas na Laurência para se tirarem conclusões finais.
“Acho que o que é excitante para o público em geral sobre este estudo é pensar em quão insignificantes somos no tempo geológico. As rochas no Grand Canyon existem há 1.8 mil milhões de anos e a Terra em si tem 4.5 mil milhões de anos. Essa é uma perspectiva muito poderosa e que nos torna mais humildes porque temos de pensar sobre a importância e a longevidade dos humanos na Terra”, remata Thruston.
https://zap.aeiou.pt/grande-inconformidade-grand-canyon-448192
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