quarta-feira, 20 de abril de 2022

“Choque Inverso”: Uma das mais famosas explosões da Via Láctea pode ter colidido com algo !


A Cassiopeia A, localizada a 11 mil anos-luz de distância da Terra, é um dos objetos mais famosos e bem estudados da Via Láctea.

Uma nova análise feita a uma das explosões cósmicas mais famosas revelou uma curiosa assimetria não detetada anteriormente: a parte da nebulosa interior da supernova Cassiopeia A não se está a expandir uniformemente. Na realidade, algo fez com que uma secção da nuvem se movesse, não para fora com o resto do material, mas para dentro, ou seja, novamente para a fonte de explosão. Estamos, por isso, perante um choque inverso.

“O movimento pode significar duas coisas”, especifica Jacco Vink, cientista na Universidade de Amesterdão, na Holanda, citado pelo Science Alert. “Ou há um buraco algures, uma espécie de vácuo, no material da supernova, fazendo com que a concha quente se mova subitamente para dentro localmente. Ou a nebulosa colidiu com algo.”

A Cassiopeia A, localizada a 11 mil anos-luz de distância da Terra, é um dos objetos mais famosos e bem estudados da Via Láctea. Trata-se de um organismo chamado pelos especialistas de remanescente de supernova – a nuvem em expansão da ejeção que sobrou depois de uma enorme estrela se ter tornado kaboom.

Estima-se que a Cassiopeia A foi observada pela primeira vez na década de 1670, com os astrónomos a estudar o remanescente desde então. É também considerada uma excelente amostra para o estudo da evolução das supernovas.
 
A Cassiopeia A emite luz em comprimentos de onda múltiplos e a sua forma consiste numa grande casca esférica, a qual terá sido provavelmente ejetada antes da supernova, à medida que a estrela se tornava cada vez mais instável. O material está a expandir-se a uma velocidade média entre quatro mil a seis mil quilómetros por segundo.

Na sua nova investigação, Vink e os seus colegas analisaram 19 anos de dados de raio X do Observatório de Raios X de Chandra, para perceberem de que forma o remanescente tem vindo a mudar ao longo do tempo. Neste contexto, descobriram que uma secção no lado oeste da região interior da concha está a saltar para o centro, a velocidades de três mil a oito mil quilómetros por segundo.

Verificou-se também que a onda de choque da secção exterior está a acelerar. De acordo com os modelos de computador de uma onde de choque em expansão, uma colisão com algo causará, numa fase inicial, a desaceleração da frente de choque, e depois a aceleração. “Exatamente como medimos”, confirma Vink.

Como tal, a pergunta que se impõe é: com o que poderia ter colidido a onda de choque?

Através dos outros restos de supernovas é possível perceber que o material no espaço à volta da estrela pode criar choques inversos: regiões mais densas de gás e poeria interestrelar, por exemplo, ou mesmo uma concha anterior, em movimento mais lento, de material ejetado pelas estrelas nas suas gargantas moribundas.

No caso de Cassiopeia, uma região densa de material emitido pela estrela poderia ter produzido uma concha parcial para o resto se expandir para o exterior. Este estado poderia também ter sido o resultado de uma breve fase Wolf-Rayet de extrema perda de massa experimentada por estrelas verdadeiramente enormes que criaram uma cavidade no espaço à volta da estrela.

Ainda assim, ressalvam os especialistas, não se sabe muito sobre a estrela progenitora que criou o resquício da Cassiopeia A: o seu tamanho, a sua idade ou qual o seu tipo espectral. É por isso que, no entendimento dos próprios, estes resultados poderiam fornecer algumas pistas.

“As dinâmicas de choque aqui relatadas fornecem pistas importantes sobre a história da perda de massa do progenitor, seja sob a forma de uma concha parcial e assimétrica da perda de passa episódica, uma cavidade asférica criada por um breve vento de fase Wolf-Rayet, ou talvez mesmo uma combinação de ambos”, aponta a dupla no artigo.

https://zap.aeiou.pt/choque-inverso-uma-das-mais-famosas-explosoes-da-via-lactea-pode-ter-colidido-com-algo-470496


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