Os cogumelos são criaturas solitárias que não se mexem nem se aproveitam dos outros. Mas é possível que falem entre eles.
Num novo estudo, publicado a 6 de abril na Royal Society Open Science, um investigador britânico colocou elétrodos em quatro tipos diferentes de fungos e descobriu que eles parecem comunicar internamente, através de impulsos elétricos.
Uma análise matemática dos sinais elétricos que os fungos enviam uns aos outros revelou que os padrões nestas “mensagens” são surpreendentemente semelhantes ao discurso humano, segundo a Interesting Engineering.
De facto, o investigador descobriu que os conjuntos de sinais são tão sofisticados que se assemelham realmente a palavras — tendo sido possível distinguir um vocabulário com cerca de 50 palavras.
Os fungos comunicam uns com os outros através de hifas, que são uma espécie de tendões longos e ramificados que os organismos utilizam para se expandirem e explorarem os seus arredores.
Estudos anteriores mostraram que quando os cogumelos encontram novas fontes de alimentos, a quantidade de impulsos elétricos que passam por hifas aumenta, sugerindo que os fungos podem utilizar esta “linguagem” para se notificarem mutuamente sobre o novo alimento, de acordo com The Guardian.
No novo estudo, Adam Adamatzky, cientista informático do Laboratório de Computação Não Convencional da Universidade do Oeste de Inglaterra, decidiu investigar se estes sinais são análogos à linguagem humana, concentrando-se em quatro tipos de cogumelos.
Para descobrir, inseriu elétrodos em substratos colonizados pelas hifas do cogumelo e mediu a sua atividade elétrica.
“Não sabemos se existe uma relação direta entre os padrões de pico em fungos e a fala humana. Possivelmente não”, explicou Adamatzky.
“Por outro lado, existem muitas semelhanças no processamento de informação em substratos vivos de diferentes classes, famílias e espécies. Estava apenas curioso para comparar”, admite o especialista.
O estudo descobriu que o vocabulário dos cogumelos tinha até 50 palavras, embora nenhum deles utilizasse mais de 15 a 20 frequentemente.
A distribuição destas “palavras fúngicas” é semelhante à da língua humana, com a espécie Schizophyllum commune a criar as “frases” mais complicadas de todas.
“Há também outra opção — eles não dizem nada“, realçou Adamatzky. “As pontas de micélio propagadoras são carregadas eletricamente e, portanto, quando as pontas carregadas passam num par de elétrodos diferentes, é registado um pico”.
Embora as conclusões sejam intrigantes, é melhor permanecer cético antes de considerar se devemos ter dicionários dedicados à língua “Fungus”.
Afinal de contas, tal como uma viagem de cogumelos mágicos, é possível que tudo esteja na nossa imaginação…
Alguns especialistas não estão convencidos de que os picos gravados representem um tipo de comunicação fúngica, uma vez que o comportamento pulsante foi anteriormente registado durante a movimentação de nutrientes por fungos. Isto poderia explicar os picos observados no último estudo.
“Embora interessante, a interpretação como linguagem parece um pouco exagerada, e exigiria muito mais investigação e testes de hipóteses críticas antes de vermos ‘Fungos’ no Google Tradutor“, conclui Dan Bebber, professor de Ecologia no Departamento de Biociências da Universidade de Exeter.
https://zap.aeiou.pt/cogumelos-podem-falar-entre-si-e-usar-mais-de-50-palavras-472761
Num novo estudo, publicado a 6 de abril na Royal Society Open Science, um investigador britânico colocou elétrodos em quatro tipos diferentes de fungos e descobriu que eles parecem comunicar internamente, através de impulsos elétricos.
Uma análise matemática dos sinais elétricos que os fungos enviam uns aos outros revelou que os padrões nestas “mensagens” são surpreendentemente semelhantes ao discurso humano, segundo a Interesting Engineering.
De facto, o investigador descobriu que os conjuntos de sinais são tão sofisticados que se assemelham realmente a palavras — tendo sido possível distinguir um vocabulário com cerca de 50 palavras.
Os fungos comunicam uns com os outros através de hifas, que são uma espécie de tendões longos e ramificados que os organismos utilizam para se expandirem e explorarem os seus arredores.
Estudos anteriores mostraram que quando os cogumelos encontram novas fontes de alimentos, a quantidade de impulsos elétricos que passam por hifas aumenta, sugerindo que os fungos podem utilizar esta “linguagem” para se notificarem mutuamente sobre o novo alimento, de acordo com The Guardian.
No novo estudo, Adam Adamatzky, cientista informático do Laboratório de Computação Não Convencional da Universidade do Oeste de Inglaterra, decidiu investigar se estes sinais são análogos à linguagem humana, concentrando-se em quatro tipos de cogumelos.
Para descobrir, inseriu elétrodos em substratos colonizados pelas hifas do cogumelo e mediu a sua atividade elétrica.
“Não sabemos se existe uma relação direta entre os padrões de pico em fungos e a fala humana. Possivelmente não”, explicou Adamatzky.
“Por outro lado, existem muitas semelhanças no processamento de informação em substratos vivos de diferentes classes, famílias e espécies. Estava apenas curioso para comparar”, admite o especialista.
O estudo descobriu que o vocabulário dos cogumelos tinha até 50 palavras, embora nenhum deles utilizasse mais de 15 a 20 frequentemente.
A distribuição destas “palavras fúngicas” é semelhante à da língua humana, com a espécie Schizophyllum commune a criar as “frases” mais complicadas de todas.
“Há também outra opção — eles não dizem nada“, realçou Adamatzky. “As pontas de micélio propagadoras são carregadas eletricamente e, portanto, quando as pontas carregadas passam num par de elétrodos diferentes, é registado um pico”.
Embora as conclusões sejam intrigantes, é melhor permanecer cético antes de considerar se devemos ter dicionários dedicados à língua “Fungus”.
Afinal de contas, tal como uma viagem de cogumelos mágicos, é possível que tudo esteja na nossa imaginação…
Alguns especialistas não estão convencidos de que os picos gravados representem um tipo de comunicação fúngica, uma vez que o comportamento pulsante foi anteriormente registado durante a movimentação de nutrientes por fungos. Isto poderia explicar os picos observados no último estudo.
“Embora interessante, a interpretação como linguagem parece um pouco exagerada, e exigiria muito mais investigação e testes de hipóteses críticas antes de vermos ‘Fungos’ no Google Tradutor“, conclui Dan Bebber, professor de Ecologia no Departamento de Biociências da Universidade de Exeter.
https://zap.aeiou.pt/cogumelos-podem-falar-entre-si-e-usar-mais-de-50-palavras-472761
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