quinta-feira, 28 de abril de 2022

Partículas de plástico encontradas pela primeira vez em pulmões de humanos vivos !

Um novo estudo revelou, pela primeira vez, microplásticos em tecido pulmonar vivo. Os cientistas revelam que estas partículas podem ter efeitos tóxicos sobre as células pulmonares humanas.

Nos últimos dez anos, vários estudos encontraram poluição plástica em alguns lugares inesperados, do Ártico até à Antártida, com a montanha mais alta do mundo pelo meio.

De acordo com o New Atlas, recentemente alguns cientistas focaram-se na pesquisa de poluição plástica no corpo humano — que também continua a surpreender e a alarmar com o omnipresença de partículas de plástico.

Um novo estudo, publicado este mês na Science of the Total Environment, revelou pela primeira vez microplásticos em tecido pulmonar vivo, e os cientistas procuram agora explorar exatamente o que isso significa para a saúde respiratória.


A poluição com sacos e garrafas de plástico é um problema ambiental, mas parte da preocupação em torno dos perigos dos plásticos para a saúde humana está ligada à sua tendência para se decomporem em pequenos fragmentos.

Estes micro e nanoplásticos, que podem medir tão pouco como 0,0001mm no caso destes últimos, são muito difíceis de identificar. E os novos estudos começaram a mostrar que estão claramente a entrar no corpo humano.

Um estudo de 2020, que examinou os tecidos dos pulmões, fígado, baço e rins, encontrou plásticos em todas as amostras estudadas.

Outro estudo, publicado em 2018, encontrou microplásticos em amostras de fezes humanas recolhidas de todo o mundo. Mas este novo estudo detetou partículas de plástico na corrente sanguínea pela primeira vez.

Os cientistas da Universidade de Hull, que lideraram o estudo, procuraram basear-se em trabalhos anteriores que identificaram microplásticos em tecido pulmonar, através da recolha de tecido durante procedimentos cirúrgicos em pacientes vivos.

A análise revelou plásticos em 11 das 13 amostras estudadas, e detetou 12 tipos diferentes, incluindo os tipicamente utilizados em embalagens, garrafas e vestuário. As amostras masculinas apresentavam níveis significativamente mais elevados de microplásticos do que as amostras femininas.

Mas o que realmente surpreendeu os cientistas foi o local onde estes plásticos estavam a aparecer, com mais de metade encontrada na parte inferior do pulmão.

“Não esperávamos encontrar o maior número de partículas nas regiões mais baixas dos pulmões, ou partículas dos tamanhos que encontrámos”, diz Laura Sadofsky, autora principal .

“Os microplásticos foram antes encontrados em amostras de cadáveres humanos para autópsia. Este é o primeiro estudo sólido a mostrar microplásticos em pulmões de pessoas vivas“, acrescenta a investigadora. “As vias respiratórias são muito estreitas, ninguém pensou que pudessem lá chegar, mas é evidente que sim.

“Isto é surpreendente, uma vez que as vias respiratórias são mais pequenas nas partes mais baixas dos pulmões e teríamos esperado que partículas destes tamanhos fossem filtradas ou aprisionadas antes de chegarmos às profundezas dos pulmões”, explica Sadofsky.

Os cientistas consideram que partículas de plástico transportadas pelo ar entre 1 nanómetro e 20 micrómetros são respiráveis, e este estudo fornece ainda mais provas de que a inalação lhes oferece uma via direta para o corpo humano.

Experiências de laboratório demonstraram que os microplásticos podem alterar a forma das células pulmonares humanas, e ter efeitos tóxicos sobre as células de forma geral.

A caracterização dos tipos e níveis de microplásticos encontrados pode agora criar condições para a realização de novos estudos em laboratório com o objetivo de determinar o impacto na saúde da presença de microplásticos no corpo humano.

https://zap.aeiou.pt/particulas-de-plastico-encontradas-nos-pulmoes-de-humanos-vivos-472300


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