Mudança climática está ligada a 18% das tempestades brutais pelo planeta.
Casos aumentam para 40% se termômetros subirem 2ºC até o fim de 2100.
Imagem mostra crianças se banhando com água de vazamento na
favela do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Calor extremo pode
aumentar com elevação dos níveis de gases-estufa (Foto: Leo Correa/AP)
O atual aumento da temperatura global, causado "muito provavelmente"
pela ação humana, é responsável por algumas manifestações de clima
extremo, segundo estudo publicado nesta segunda-feira (27) na revista
britânica "Nature".
A pesquisa, do Instituto de Ciências Atmosféricas e Climáticas da
universidade ETH Zurique, sustenta que 75% das temperaturas extremas
registradas ao redor do planeta são consequências do aquecimento global.
De acordo com a investigação, o fenômeno teria relação com 18% das
tempestades brutais que já atingem as regiões da Terra. O percentual
pode aumentar para 40% caso os termômetros subam 2ºC em relação aos
níveis pré-industriais.
"A mudança climática se refere não só às mudanças no clima médio, mas
também no tempo extremo. O estudo demonstrou que existe contribuição
humana na ocorrência de poucas ondas de calor proeminentes e fortes
precipitações", diz a investigação.
Mundo 'com e sem emissões'
Erich Fischer e Desafio Knutti, responsáveis pela pesquisa, recorreram ao uso de "dois parâmetros métricos" para determinar o grau de incidência humana nas variações de chuvas e temperaturas. A essas equações foram aplicados dados diários de 25 modelos climáticos, que consideraram simulações históricas do período entre 1901-2005 e das projeções para 2006-2100 (cenário de altas emissões).
Eles simularam um mundo sem emissões de gases de efeito estufa e um
planeta com os atuais níveis de gases. No primeiro caso, os dias quentes
aconteciam uma vez a cada três anos. No segundo, essa comparação
aumenta para quatro dias a cada três anos, sendo que três deles têm
relação com a ação humana.
A partir dessas informações, eles calcularam a influência humana no
aumento da temperatura. Na África e na América do Sul, 89% e 88% dos
dias quentes incomuns, respectivamente, são atribuídos aos homens. Na
Europa, o índice cai para 63%. Na América do Norte, o estudo sugere que
67% dos dias quentes têm essa relação.
Ainda segundo o estudo, se as emissões continuarem no ritmo atual, até o
fim do século todos os continentes terão eventos extremos com índice de
“culpa” em 93%.
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