A OMS sublinhou "desvios enormes" nas seis regiões do mundo.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou este
quarta-feira que o mundo faz pouco para combater o mau uso dos
antibióticos, aumentando a resistência e permitindo que doenças
tratáveis resultem em morte.
No primeiro estudo sobre a resposta dos países ao problema da
resistência antimicrobiana - quando os micróbios se tornam insensíveis
aos medicamentos - a OMS sublinhou "desvios enormes" nas seis regiões do
mundo.
"Trata-se apenas do maior desafio actual em relação às doenças
infecciosas", considerou Keiji Fukuda, director-geral assistente para a
segurança sanitária.
"Todos os tipos de micróbios, incluindo numerosos vírus e parasitas,
se tornam resistentes aos medicamentos", explicou, manifestando uma
especial preocupação relativamente às bactérias cada vez menos tratáveis
com os antibióticos disponíveis.
No ano passado, a OMS emitiu um aviso sobre a questão, considerando
que o mundo se dirigia para uma "época pós-antibióticos", na qual é
possível morrer de infecções ditas banais ou de ferimentos ligeiros.
Desde então, a organização realizou este estudo em 133 países sobre a
resposta à resistência aos medicamentos antimicrobianos para a
pneumonia, tuberculose, malária e VIH (Vírus de Imunodeficiência
Humana).
O relatório apresenta dados regionais e não por país. Apenas 34 dos
133 países têm em vigor uma política para lutar contra a resistência aos
antibióticos. Um dos problemas é a venda livre dos antibióticos sem
receita médica muito praticada em todo o mundo.
A contrafação e a má qualidade são também causas destes problemas, em
particular com medicamentos que não contêm a quantidade suficiente de
ingredientes ativos.
Este é o caso de África "onde se trata de um problema geral",
sublinhou o documento, lamentando que apenas tenham respondido ao
relatório oito países africanos.
Vários países não publicaram protocolos de tratamento, o que leva a
uma utilização excessiva de medicamentos pelos médicos e pelo público.
"O uso exagerado e inapropriado de medicamentos antimicrobianos acelera o
surgimento de micro-organismos resistentes", afirmou o estudo.
"A situação é alarmante", prosseguiu o relatório, notando que o
público, mesmo na Europa, não está consciente do problema e continua a
acreditar que os antibióticos podem ser usados contra infeções virais, o
que não é verdade.
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