Mais de 30 anos depois, os dados da Voyager 2, que sobrevoou o
planeta em 1986, permitiram aos cientistas da NASA desvendar mais um
segredo de Urano.
Em janeiro de 1986, a Voyager 2 sobrevoou Urano.
Agora, mais de 30 anos depois, dados recolhidos por esta nave espacial
permitiram a uma dupla de cientistas da NASA
descobrir que esta passou por um plasmoide, uma bolha magnética gigante
que pode estar a mexer com a atmosfera de Urano no Espaço.
De acordo com a agência espacial norte-americana, é normal que as
atmosferas planetárias de todo o Sistema Solar se escapem para o Espaço.
Os efeitos são pequenos na nossa escala de tempo, mas, a longo prazo,
este fenómeno pode alterar fundamentalmente o destino de um planeta.
O escape atmosférico é impulsionado pelo campo
magnético de um planeta, o que tanto pode ajudar como dificultar o
processo. Os cientistas acreditam que os campos magnéticos podem
proteger um planeta, afastando as explosões atmosféricas do vento solar.
Mas também podem fazer com que a sua atmosfera escape para o Espaço.
E é por isso que, para entender como as atmosferas mudam, os
investigadores dão muita atenção ao magnetismo. A passagem da Voyager 2
por Urano revelou o quão magneticamente estranho este planeta é.
Ao contrário de qualquer outro planeta do Sistema Solar, Urano gira
quase totalmente de lado, completando uma volta em si mesmo a cada 17
horas. O eixo do seu campo magnético está apontado 60 graus para longe
do eixo de rotação, logo, à medida que o planeta gira, a sua
magnetosfera oscila como “uma bola de futebol mal chutada”, diz a NASA. É
algo tão estranho que os cientistas ainda não sabem como modelá-lo.
Ao analisar os dados de 1986, os autores do estudo, publicado na revista científica Geophysical Research Letters, Gina DiBraccio e Daniel Gershman, encontraram, então, mais detalhes do que as investigações anteriores.
Linhas suaves de outras medições deram lugar a picos e quedas
irregulares. Um pequeno zigue-zague deu a dica de que se tratava de um
plasmoide — uma bolha gigante de plasma que, entretanto, foi
identificada como um dos fenómenos que faz planetas perderem massa.
Estas bolhas gigantes de plasma, ou gás eletrificado, desprendem-se
do final da “cauda magnética” de um planeta, ou seja, a parte do campo
magnético expulsa pelo Sol que fica com o formato de uma biruta. Com o
passar do tempo, os plasmoides que escapam podem drenar os iões da
atmosfera de um planeta, alterando fundamentalmente a sua composição.
O plasmoide agora encontrado ocupou apenas 60
segundos do voo de 45 horas da Voyager 2 em torno de Urano. Apareceu
como um rápido movimento para cima e para baixo nos dados do
magnetómetro.
Ao comparar estes resultados com os plasmoides observados em Júpiter, Saturno e Mercúrio, a equipa estimou que esta bolha teria uma forma cilíndrica
de, pelo menos, 204 mil quilómetros de comprimento e até
aproximadamente 400 mil quilómetros de diâmetro. Tal como todos os
plasmoides planetários, os autores creem que estava cheio de partículas
carregadas, principalmente hidrogénio ionizado.
Enquanto alguns plasmoides têm um campo magnético interno retorcido,
os cientistas observaram laços magnéticos suaves e fechados. Tais
plasmoides são tipicamente formados quando um planeta lança pedaços da
sua atmosfera para o Espaço enquanto gira.
De acordo com as estimativas dos cientistas, plasmoides como este
poderiam representar entre 15% e 55% da perda de massa atmosférica de
Urano, uma proporção maior da que ocorre em Júpiter ou Saturno.
Fonte: https://zap.aeiou.pt/dados-voyager-2-segredo-urano-315974
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