Uma rocha sedimentar única rica em carbono, depositada há
dois mil milhões de anos, deu aos cientistas novas pistas sobre as
concentrações de oxigénio na superfície da Terra nessa época.
De acordo com a agência Europa Press,
uma equipa internacional de cientistas encontrou concentrações
surpreendentemente altas de molibdénio, urânio e rénio, assim como
elevadas proporções de isótopos de urânio, em rochas shungita.
Os cientistas descobriram que tais concentrações de vestígios de
metais não têm comparação com a história inicial da Terra, o que desafia
a teoria da escassez de oxigénio na Terra primitiva, há dois mil
milhões de anos.
“O que é intrigante é que os modelos amplamente aceites dos ciclos de carbono e oxigénio da Terra preveem que a shungita deveria ter-se depositado num momento de rápida diminuição dos níveis de oxigénio”, diz Kaarel Mänd, investigador da Universidade de Alberta, no Canadá, e um dos autores do estudo publicado na revista Nature Geoscience.
A maior parte dos cientistas concorda que os níveis de oxigénio
atmosférico aumentaram significativamente há cerca de 2400 milhões de
anos — Grande evento de oxigenação (GOE) — e alcançaram aproximadamente
metade dos níveis modernos há 2100 milhões de anos. O GOE também foi
acompanhado por uma mudança nas relações de isótopos de carbono nas
rochas sedimentares.
Para os cientistas, isto encaixa-se na história: relações anormais de
isótopos de carbono refletem o enterro de grandes quantidades de
plâncton como matéria orgânica em sedimentos oceânicos, o que, por sua
vez, leva à geração de excesso de oxigénio.
Mas a compreensão predominante é que imediatamente depois desse
período de altas concentrações, os níveis de oxigénio caíram novamente e
permaneceram baixos por quase mil milhões de anos durante a chamada
“idade média” da Terra.
“O que descobrimos contradiz a visão predominante: temos
essencialmente evidências claras de que os níveis de oxigénio
atmosférico aumentaram ainda mais depois de ter terminado a anomalia do
isótopo de carbono. Isto obrigará a comunidade científica a repensar o que impulsionou os ciclos de carbono e oxigénio na Terra primitiva”, acrescenta Mänd.
Fonte: https://zap.aeiou.pt/rocha-desafia-teoria-escassez-oxigenio-315724
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