Investigadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados
Unidos, descobriram que não há apenas um tipo de esquizofrenia, mas sim
dois. A descoberta traz mais possibilidade de tratamento personalizado.
Com dados de mais de 300 exames cerebrais de pacientes,
investigadores da Universidade da Pensilvânia conseguiram identificar
dois tipos de esquizofrenia com diferentes peculiaridades. O primeiro
tipo apresentava volumes mais baixos de massa cinzenta, enquanto o
segundo tipo tinha volumes semelhantes aos cérebros normais.
“Numerosos estudos indicaram que pessoas com esquizofrenia tinham
volumes significativamente menores de tecido cerebral do que cérebros
saudáveis. No entanto, em pelo menos um terço dos pacientes que
examinamos, não era assim: os seus cérebros eram quase completamente normais“, disse Christos Davatzikos, professor de Radiologia da Universidade da Pensilvânia, em declarações ao Neuroscience News.
A esquizofrenia é um distúrbio mental incompreendido que
geralmente apresenta alucinações, delírios e outros problemas
cognitivos, embora os sintomas e as respostas ao tratamento variem
amplamente de um paciente para outro.
Até agora, as tentativas de estudar a doença, comparando cérebros saudáveis com cérebros doentes, deixaram de explicar essa heterogeneidade, que Davatzikos diz que obscureceu os resultados da investigação e prejudicou os cuidados clínicos.
Davatzikos e os seus colegas analisaram as tomografias cerebrais de
671 pessoas (306 com esquizofrenia e 364 saudáveis) dos Estados Unidos,
China e Alemanha, usando um método de aprendizagem de máquina chamado
HYDRA (Heterogeneity Through Discriminative Analysis). A
abordagem ajuda a identificar “subtipos de doenças verdadeiras”,
limitando a influência de variáveis como idade, sexo, protocolos de
diagnóstico por imagem e outros fatores.
Depois de aplicar esse método à imagem cerebral, os cientistas descobriram que 115 pacientes com esquizofrenia – quase 40% – não tinham o padrão típico de volume reduzido de massa cinzenta que tem sido historicamente relacionado com o distúrbio.
De facto, de acordo com o estudo publicado em fevereiro na revista científica Brain, os seus cérebros mostraram aumentos no volume cerebral no centro do cérebro, numa área chamada estriado,
que desempenha um papel no movimento voluntário. Ao controlar as
diferenças de medicação, idade e outros dados demográficos, os
investigadores não conseguiram encontrar uma explicação clara para a
variação.
“Os pacientes do subtipo 2 são muito interessantes, porque têm
medidas demográficas e clínicas semelhantes ao do subtipo 1, e as únicas
diferenças eram as estruturas cerebrais”, disse Ganesh Chand, da Universidade da Pensilvânia.
Quanto ao motivo pelo qual certos pacientes com esquizofrenia têm
cérebros que se assemelham aos de pessoas saudáveis, Davatzikos não está
disposto a especular. “É aqui que estamos perplexos neste momento”,
disse. “Nós não sabemos. O que sabemos é que estudos
que estão a colocar todos os pacientes com esquizofrenia num grupo,
quando procuram associações com resposta ao tratamento ou a medidas
clínicas, podem não estar usando a melhor abordagem”.
Esta descoberta abre uma nova forma de estudo para fornecer aos
pacientes com esquizofrenia novas técnicas de cura e não colocar todos
os pacientes “no mesmo saco”.
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