Uma equipa de investigadores da Universidade de Princeton,
nos Estados Unidos, desenvolveu uma verdadeira “flecha envenenada” capaz
de matar as bactérias resistentes a antibióticos: o composto SCH-79797.
O composto SCH-79797, desenvolvido pela equipa da
Universidade de Princeton, foi apelidado de “flecha envenenada” por
possuir a mesma característica duplamente letal desta arma: é capaz de
atacar os seus adversários tanto por dentro como por fora.
O SCH-79797 consegue perfurar as paredes bacterianas e destruir o folato dentro das células, funcionando contra uma variedade de rivais, desde a E. coli até a Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA).
Uma grande parte das infeções bacterianas possuem “armaduras” que
conseguem barrar a maioria dos antibióticos já existentes. A descoberta
do SCH-79797 é muito importante, uma vez que se trata do primeiro
composto capaz de “alvejar” tanto bactérias gram-positivas, como
gram-negativas.
“O que mais nos empolga é ter descoberto como funciona este
antibiótico: ataca as bactérias através de dois mecanismos diferentes”,
explicou Zemer Gitai, professor de biologia em Princeton e um dos
autores do novo estudo, ao Phys.
Os cientistas consideram que um composto como o SCH-79797 é o “Santo Graal” da pesquisa antibiótica: funciona em qualquer tipo de bactéria, é imune à resistência bacteriana e seguro para seres humanos.
Testar a resistência contra os resistentes
Para desenvolver antibióticos, os cientistas encontram uma molécula
capaz de matar bactérias, utilizam-na em várias gerações de bactérias
até que criem resistência e, depois, analisam o processo exaustivamente.
Com o SCH-79797 foi impossível fazer o mesmo, já que o composto se
mostrou muito resistente. Por fim, os cientistas testaram uma arma à
altura de um inimigo tão imbatível: a Neisseria gonorrhoeae.
Esta bactéria causa gonorreia e tornou-se muito resistente à maioria
dos antibióticos existentes. Em vários testes, os investigadores
concluíram que o composto se mostrou eficaz até com esta bactéria.
No início desta pesquisa, o SCH-79797 mostrou-se inviável, uma vez
que matava tantas células humanas, quanto bacterianas. No entanto, a
equipa conseguiu desenvolver um composto derivado, chamado
“irresistin-16”, que é cerca de mil vezes mais potente contra bactérias
do que células humanas – ou seja, um antibiótico muito promissor. O artigo científico foi recentemente publicado na Cell.
O desenvolvimento deste composto é um grande passo por si só, mas tem
também o potencial de ajudar os cientistas a desenvolver novos
medicamentos.
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