No final de setembro e início de outubro de 2017, a radiação
na Europa atingiu níveis muito altos. Suspeitava-se que essa nuvem
radioativa se tinha originado na Rússia. Agora, apesar de o país ter
sido confirmado, concluiu-se que a nuvem originou-se num reator nuclear
civil.
De acordo com a IFLScience, os cientistas estavam bastante certos da fonte geográfica geral desta nuvem de partículas de ruténio-106 desde o início. Além da trajetória geral da nuvem, o fraco registo nuclear da região levantou algumas preocupações.
Enquanto
os picos de radiação na Alemanha, Itália, Áustria, Suíça e França não
eram suficientemente altos para representar uma ameaça à vida humana,
ninguém sabe quão más estavam as coisas na fonte. A busca para descobrir o que desencadeou a libertação do ruténio-106 em primeiro lugar levou os especialistas ao sul dos montes Urais.
De acordo com o EurekAlert, Thorsten Kleine,
da Universidade de Münster, disse que as agências europeias de proteção
contra radiação ainda estão preocupadas com o incidente. Afinal, as
concentrações de ruténio-106 na Europa atingiram até 100 vezes o nível
de radiação libertada após o desastre nuclear de Fukushima em 2011.
Além disso, as autoridades russas recusaram-se a cooperar na troca de
informações úteis nem reconheceram nenhuma responsabilidade. Com o
sigilo a ocultar as consequências, os investigadores começaram a
considerar a possibilidade de que a nuvem radioativa pudesse vir de uma instalação militar russa.
Por outro lado, Kleine acredita que as suas origens sejam civis. A existência de isótopos de ruténio não radioativos, além dos radioativos, chamou a sua atenção.
De acordo com um estudo publicado
este mês na revista cientifica Nature Communications, o especialista
explicou que medir os isótopos de ruténio ajuda os investigadores a
estudar a história da formação da Terra. Essa habilidade foi inestimável
no estudo das amostras russas que continham minúsculas concentrações de
ruténio.
As descobertas de Kleine foram baseadas nas descobertas das estações
de medição de radiação da Áustria, que capturaram sete isótopos de
ruténio, dos quais apenas dois eram radioativos – Ruténio-106 e Ruténio-103, com meias-vidas de 372 e 39 dias, respetivamente.
As proporções dos isótopos estáveis de ruténio correlacionavam-se com um ciclo de combustível consistente com um alto teor de plutónio.
Como os locais militares usam urânio-235 para criar fissão nuclear em
vez de plutónio, ficou claro que a nuvem veio de um local civil.
Além disso, as proporções dos isótopos estáveis de ruténio são
consistentes com o que se espera no reprocessamento de combustível de um
reator VVER. A central Mayak usa esses reatores e
local já foi palco de um desastre nuclear. Em 1957, um tanque de
armazenamento explodiu e libertou até 100 toneladas de resíduos
altamente radioativos.
Enquanto isso, a Academia Russa de Ciências rejeita veementemente
esta teoria. A instituição afirma que monitorizaria concentrações
centenas de milhares de vezes os níveis normais se a teoria de Kleine
estivesse correta.
https://zap.aeiou.pt/afinal-nuvem-radioativa-europa-2017-330537
Sem comentários:
Enviar um comentário