A ciência do mundo real tem se debruçado em pesquisas buscando formas
de construir instalações na Lua, mas isso ainda não é possível. No
entanto, o físico Nikolai Zaitsev já apresentou sua ideia: ele aponta o
satélite natural da Terra como o lugar ideal para a construção de uma
instalação para estudar a aceleração de partículas.
O estudo das partículas subatômicas é a chave para a compreensão de
algumas das questões mais importantes da física, pois permite que a
ciência construa um entendimento sobre o que é a matéria e como ela
funciona, abrindo caminho para várias outras questões.
As partículas subatômicas, também conhecidas como partículas
elementares, são as menores unidades de matéria ou energia — ainda
menores que um átomo.
Mas por que construir um acelerador na Lua?
A ideia de um acelerador lunar levantada por Zaitsev em um estudo
publicado no início do ano, tem como base aspectos fundamentais para que
pesquisas com partículas elementares possam ser conduzidas mais
eficientemente. E isso, tem a ver com três fatores fundamentais:
O mundo quântico, habitado pelas partículas subatômicas ainda é um mistério para a ciência
O primeiro é o frio lunar. A temperatura mínima pode chegar a -233°C,
sendo que a média da temperatura na noite é em torno dos -153°C.
Temperaturas extremamente baixas são fundamentais para o estudo de
partículas: quanto mais frio, menor será a chance de os imãs
supercondutores derreterem — eles são responsáveis por impulsionar as
partículas dentro do acelerador.
O segundo ponto que levou o físico a pensar nessa hipótese é a
atmosfera ou melhor, a falta dela. O vácuo lunar é 10 vezes melhor do
que qualquer coisa que os cientistas já tenha conseguido construir para
as pesquisas com partículas. É por isso que o céu lunar é sempre escuro,
ou seja, ao contrário da Terra, não há difração da luz na atmosfera.
O terceiro ponto tem a ver com a face da Lua que é sempre a mesma
voltada para a Terra. Isso permitiria que a distância entre o satélite e
o planeta fosse usada sem que houvessem complicações com o alinhamento,
de forma que seria possível direcionar um feixe de partículas da Lua
direto para um laboratório de detecção por aqui.
Pequenas partículas, grandes máquinas
O estudo de Zaitsev é interessante. Porém, há uma complicação
extrema: mesmo considerando que as partículas que compõe o universo
sejam minúsculas, as máquinas para estudá-las são gigantescas. Um
exemplo é o LHC (Large Hadron Collider),
que conta com 27 quilômetros de diâmetro. Pensar em uma instalação
desse tipo fora da Terra, ainda exige um enorme exercício de
criatividade.
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