Há alguns meses, a NASA
apresentou uma nova geração de roupas espaciais, que serão utilizadas
por astronautas durante a missão de retorno à Lua em 2024. Uma vez que
os planos da agência incluem a presença permanente de humanos no
satélite natural da Terra, é preciso que seus trajes contem com a mais
alta tecnologia disponível atualmente. Afinal, passar muito tempo em um
ambiente completamente diferente de nossa superfície exigirá facilidade
nas ações — e a inteligência artificial fará parte desse processo.
Diversos ajustes foram realizados no que foi considerada a maior
atualização em 40 anos. Com a novidade, será possível se movimentar,
trocar componentes e até mesmo vestir e tirar tudo de maneira mais
simples. O tempo para aplicar reparos é outro diferencial, com intervalo
de meses. Entretanto, as maiores implementações aconteceram no sistema
portátil de suporte à vida do xEMU, uma espécie de mochila que
transforma o traje em uma verdadeira espaçonave pessoal desenvolvida com
a ajuda de IA.
xEMU, sistema portátil de suporte à vida, foi desenvolvido com ajuda de inteligência artificial.
O equipamento é responsável pelo gerenciamento de energia,
comunicação, suprimento de oxigênio e regulação da temperatura da roupa.
Com essas funcionalidades, os desbravadores podem se dedicar
tranquilamente a tarefas que envolvam a construção de instalações. Por isso, todo e qualquer detalhe deve ser cuidadosamente avaliado.
Para trazer o xEMU à luz, centenas de engenheiros trabalharam no
desenvolvimento da solução, focados, principalmente, na definição de
prioridades. Era preciso que o sistema fosse seguro, leve e forte o
suficiente para enfrentar as condições do lançamento e, claro, do
espaço. “Trata-se de um desafio realmente grande”, afirmou Jesse Craft,
designer sênior da Jacobs (empresa responsável pela construção do
sistema).
Segurança de astronautas depende diretamente do funcionamento do equipamento.
Corrida contra o tempo
Profissionais que atuam no segmento espacial têm de descobrir a
melhor maneira de colocar mais equipamentos em espaços menores, mas
atingir essa otimização é algo bem complexo. Para complicar a situação, a
NASA, tendo o objetivo de realizar a viagem em tão pouco tempo,
acabou apresentando um período curto para tais discussões. Por isso, a
equipe de Craft optou por utilizar um software de IA nos processos que é
capaz de criar componentes com agilidade.
Jesse Coors-Blankenship, vice-presidente de tecnologia da PTC,
criadora do programa, explicou: “Em nossa concepção, a inteligência
artificial é capaz de fazer as coisas de maneira mais rápida e eficaz do
que um humano treinado. Algumas dessas inovações já fazem parte do
cotidiano de engenheiros, como simulação estrutural e otimização. Com a
IA, podemos fazer mais".
Pouco tempo para desenvolvimento de soluções impulsionou o uso de IA.
Esse tipo de abordagem é conhecido como design generativo.
Basicamente, é preciso alimentar o software com um conjunto de
requisitos — como o tamanho máximo de um componente, o peso que ele deve
suportar e as temperaturas a que será exposto — para permitir aos
algoritmos descobrirem o restante. No caso da PTC, diversas explorações
são realizadas, como a de redes adversárias generativas e a de
algoritmos genéticos.
Enquanto na primeira dois algoritmos de machine learning
competem entre si para ver qual atinge o melhor resultado, a segunda
aplica uma espécie de seleção natural com aprimoramento constante. “O
processo iterativo das máquinas chega a ser de 100 a mil vezes mais
rápido do que o humano, chegando ao resultado ideal a partir dos padrões
definidos”, detalhou Craft.
https://www.megacurioso.com.br/ciencia/115025-ia-ajuda-a-construir-a-nova-geracao-de-roupas-espaciais.htm
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